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Justiça solta acusada de envolvimento na morte de amiga empresária em SP

Thais Rocha Secundino, empresária morta em São Paulo - Divulgação/Polícia Civil
Thais Rocha Secundino, empresária morta em São Paulo Imagem: Divulgação/Polícia Civil

A Justiça de São Paulo mandou soltar nesta semana a mulher acusada de envolvimento no assassinato da própria amiga. A vítima era empresária e foi encontrada morta a facadas dentro de seu veículo, um Jeep Renegade, em São Paulo, em fevereiro de 2023. A acusada nega envolvimento com o crime.

O que aconteceu

Decisão para a soltura de Cintia Maria Feliciano Peixe foi proferida na terça-feira (30). Em decisão obtida pelo UOL, o juiz Roberto Zanichelli apontou que os requisitos para a prisão preventiva não mais persistiam e, por isso, decidiu que ela pode aguardar ao julgamento do caso em liberdade. Ela foi solta na quarta-feira (31). Cintia era amiga da vítima, a empresária e agiota Thais Rocha Secundino, de 28 anos, e recebia comissão para fazer a cobrança de valores emprestados.

Dupla foi denunciada pelo crime em abril de 2023. Cintia e o motorista dela, Leandro Aparecido dos Santos, foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (mediante pagamento ou promessa de recompensa e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima).

A polícia apontou que a amiga de Thais teria planejado o crime. Segundo a investigação, Cintia convidou Leandro para orientar que a vítima fosse até o local onde o corpo dela foi achado, em Sapopemba, na zona leste de São Paulo. Um inquérito — sob segredo de Justiça — está em andamento na polícia para apurar o envolvimento de uma terceira pessoa no caso, que teria sido quem matou a empresária.

A empresária Thais Rocha Secundino (à esq.) e a amiga Cintia Maria Feliciano Peixe (à dir.) - Cedido ao UOL - Cedido ao UOL
A empresária Thais Rocha Secundino (à esq.) e a amiga Cintia Maria Feliciano Peixe (à dir.)
Imagem: Cedido ao UOL

Acusada deve cumprir medidas cautelares. São elas: não se ausentar da comarca por mais de oito dias ou mudar de endereço sem comunicar à Justiça; não se aproximar das testemunhas por, no mínimo, 500 metros, nem estabelecer contato com eles; manter o número de WhatsApp e de celular atualizado nos autos; e não deixar o território brasileiro. O descumprimento poderá levá-la à prisão imediatamente.

Também está vedado que Cintia se encontre com outro réu do caso. Leandro está em liberdade desde novembro de 2023, sob condição de cumprimento de medidas cautelares, atualizadas para as mesmas impostas para Cintia. Passaportes dos réus também foram suspensos.

Dupla deve ser submetida a júri popular no 1º Tribunal do Júri da Capital. Ainda não há data para o julgamento deles.

Detalhes do caso

Vítima era agiota e amiga atuava como funcionária dela. Antes do crime, Thais, que também era dona de uma adega no centro da capital paulista, contou para a mãe que Cintia estaria desviando o dinheiro que recolhia dos empréstimos e demonstrou descontamento com a situação, tentando encontrar a colega para conversar sobre o caso. Já Leandro prestava alguns serviços de motorista para Cintia.

Investigação mostrou que o carro da vítima passou na frente da casa de Cintia três vezes e depois seguiu para o local onde ocorreu o assassinato. Durante as investigações, Leandro chegou a afirmar em depoimento que Cintia teria o convidado para matar Thais, mas recusou a oferta. A acusada nega que tenha feito a proposta.

Testemunhas ouvidas em juízo reforçaram que no dia do crime a vítima teria ido ao encontro de Cintia para esclarecer o eventual desvio de dinheiro.

Família da vítima lamenta soltura

"Decisão foi recebida com muita surpresa e bastante inconformismo", afirmou assistente de acusação. Segundo Julio Cezar Roversi, a liberdade de Cintia não deveria ocorrer, visto que ela estava presa preventivamente durante todo andamento processual e que outros pedidos de soltura dela foram negados anteriormente.

Família da vítima deve procurar o Ministério Público para recorrer da decisão que soltou Cintia. "A mãe da Thais está muito abalada e não esperava essa decisão neste momento", explicou Roversi, ressaltando que a mãe não conseguiria falar com a reportagem por estar sofrendo com a situação.

Defesa de acusada fala em decisão 'assertiva'

Defesa de Cintia disse que, no seu entendimento, não existem provas contra cliente. Ao UOL, os defensores reforçaram a tese de que a cliente é inocente e que não existe nenhuma prova que ela tenha matado Thais.

Advogados também apontam que acusações serão devidamente esclarecidas durante o processo. O texto é assinado pelos advogados Vinicius Rodrigues e Abner Jesus.

A relação da acusada e da vítima sempre foi de amizade sem nenhum interesse, sem qualquer tipo de briga ou discussão. É importante frisar que qualquer conclusão neste momento será meramente especulativa e temerária. A acusada se resguarda ao direito de se manifestar no momento processual adequado sobre que for necessário a elucidação dos fatos e demonstração da verdade. Além disso, se coloca desde já à disposição da Justiça, colaborando no que for necessário para o bom andamento do processo, cumprindo as medidas cautelares impostas.
Defesa de Cintia

A reportagem não localizou a defesa de Leandro Aparecido dos Santos. O espaço segue aberto para manifestação.

Relembre o caso

Thais Rocha Secundino foi morta em São Paulo - Divulgação / Polícia Civil - Divulgação / Polícia Civil
Thais Rocha Secundino foi morta em São Paulo
Imagem: Divulgação / Polícia Civil

Thais foi encontrada morta dentro de seu veículo no dia 3 de fevereiro de 2023, na zona leste de São Paulo. Ela foi assassinada com vários golpes de faca no tórax e nas costas. Ela também teve o pescoço cortado.

O veículo estava estacionado na calçada, e a empresária ficou trancada dentro dele, no banco do passageiro. Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionada para prestar socorro.

Quando os socorristas chegaram à cena do crime, Thais ainda respirava. Mas ela perdeu muito sangue e não resistiu aos ferimentos. Cintia e Leandro foram presos dias após o assassinato.

Thais se definia como proprietária de uma adega e distribuidora de bebidas. O comércio ficava localizado na Avenida São João, no bairro da República, no centro de São Paulo. Ela também anunciava ser sócia de uma casa noturna no mesmo bairro. No perfil do Instagram, Thais compartilhava as viagens que fazia, as idas aos shoppings e fotografias de biquíni. Ela também postava as mudanças de visual que costumava fazer no cabelo.

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