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Brasileira responsável pelo legado dos jogos olímpicos fala sobre Paris 2024

02/08/2024 12h12

Legado é aquilo que fica. No caso dos jogos olímpicos, um dos grandes objetivos é que esse legado beneficie a população local como um todo e a cidade que sedia o evento. Isso é o que se quer. Foi assim no Rio de Janeiro, e não é diferente agora em Paris. A RFI entrevistou a responsável pela área de impacto e legado das olimpíadas no Comitê Olímpico Internacional (COI), a brasileira Tânia Braga. Segundo ela, "nenhuma cidade precisa mudar. São os jogos olímpicos que se adaptam".

Valéria Maniero, correspondente da RFI Brasil na Suíça 

Tânia Braga, mineira formada em economia pela UFMG de Belo Horizonte, trabalha em programas de sustentabilidade de jogos olímpicos desde Vancover 2010. Atuou na preparação da Olimpíada do Rio, de 2012 a 2016, antes de integrar o setor de impacto e legado do Comitê Olímpico Internacional.

Entrevistada em Lausanne, na Suíça, local da sede do COI, Tânia Braga explicou à RFI que tem três principais funções. A primeira delas é "trabalhar com o estabelecimento das grandes linhas estratégicas em relação ao impacto dos jogos e aos benefícios que eles criam para as cidades, para a população local".

A brasileira lembra que "em 2015, o COI criou uma agenda de mudanças chamada "agenda olímpica 2020", que era um caminho para que os jogos se tornassem mais úteis".  Com esse objetivo foi lançado o slogan "nenhuma cidade ou região precisa mudar para receber os jogos olímpicos. São os jogos olímpicos que se adaptam à cidade ou à região que está recebendo". Foi uma "mudança bastante interessante de perspectiva", avalia.

Tânia Braga conta que seu trabalho de assessoria faz a "ponte entre o Comitê Olímpico Internacional e os organizadores locais para que essa visão de longo prazo permeie todo o projeto, do começo ao fim". 

Visão de longo prazo

Manter essa visão de longo prazo, essa "ideia de pensar que os jogos olímpicos não são só duas semanas", é justamente a segunda função da brasileira no COI.

O "ciclo de vida" de cada evento esportivo é pensado desde o momento em que a cidade é escolhida para sediar uma edição. "O nosso papel é fazer as perguntas, ajudar a refletir o porquê. Por que vocês querem os jogos olímpicos? Como eles vão ajudar vocês a acelerar as políticas públicas que a cidade precisa para o futuro?", detalha. 

O terceiro papel da área de impacto e legado das olimpíadas do COI é possibilitar " a troca de informação entre as cidades que tiveram jogos no passado e as que estão se preparando, porque tem muito o que uma pode aprender com a outra".

Como exemplo, ela lembrou que no Rio 2016 houve um trabalho com o Sebrae para colocar as pequenas e micro empresas comofornecedoras do evento. "Isso inspirou a prefeita de Paris (Anne Hidalgo)" a fazer o mesmo agora, conta

Desafios e legado de Paris 2024

Tânia trabalha com as cidades-sede e outras organizações para maximizar o impacto positivo dos jogos olímpicos. Ele resumiu em três ideias os grandes desafios dos Jogos de Paris 2024.  

"A primeira ideia é mais esporte para mais pessoas perto de casa. A segunda é o maior impacto econômico de forma mais inclusiva. E a terceira é fazer melhor com menos", especificou. 

A brasileira destaca que nesta Olimpíada houve um número muito menor de novas construções - 95% de todas as instalações usadas já existiam ou são temporárias. Por não ter que "construir estádio para fazer os jogos, sobrou espaço, energia, recurso para fazer um programa de 5 mil terrenos de prática esportiva de vizinhança", ressalta.

Outro ponto positivo é a preocupação com a sustentavbilidade. "Paris 2024 reduziu pela metade as emissões em comparação com os jogos de Londres e do Rio, que foram bem semelhantes em termos de emissões".

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