Namorado de cidadã norte-americana que segue presa na Rússia mostra preocupação após soltura de detentos
Por Jonathan Landay
WASHINGTON (Reuters) - Enquanto detentos soltos pelo governo russo nesta quinta-feira em uma histórica troca de prisioneiros voavam em direção à liberdade, o namorado da russa-americana Ksenia Karelina estava com o coração partido, porque ela não estava no grupo.
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Seu suposto crime: doar 51,80 dólares para uma instituição de caridade que fornece ajuda humanitária para crianças e idosos na Ucrânia e que foram afetados pela guerra russa no país.
Ainda assim, a troca de prisioneiros deu a Christopher van Heerden a esperança de que Karelina possa voltar aos Estados Unidos depois de seu julgamento secreto por traição, na próxima semana.
“Estou feliz pelas pessoas, os norte-americanos, que voltaram para as suas famílias”, afirmou Van Heerden à Reuters, no apartamento de Los Angeles em que ambos viviam. “Isso me dá mais esperança. Ao mesmo tempo, estou com o coração partido e triste. Ela não está na lista.”
A troca de prisioneiros foi a maior desde a Guerra Fria e envolveu 24 pessoas, incluindo o jornalista norte-americano Evan Gershkovich e o ex-fuzileiro naval Paul Whelan, também cidadãos dos EUA.
Van Heerden, um pugilista profissional sul-africano de 36 anos, afirmou estar otimista, porque a Rússia tem um “processo”, segundo o qual prisioneiros estrangeiros são primeiro condenados e depois entram em uma lista para troca de detentos.
“Temos que trabalhar durante o julgamento”, disse. “O de Ksenia é na próxima semana. É por isso que ela não está na lista, porque ela ainda precisa passar pelo procedimento.”
Autoridades russas proibiram membros da embaixada norte-americana de visitarem Karelina na prisão e impediram a presença deles no julgamento, que começa no dia 7 de agosto, contou o namorado.
O Departamento de Estado norte-americano e a embaixada russa em Washington não responderam imediatamente a pedidos para que comentassem sobre o tema.
O casal se conheceu há quatro anos, e Van Heerden planejava pedir Karelina em casamento assim que ela voltasse de uma visita a sua família na Rússia, ocorrida neste ano. Ela é uma bailarina amadora que trabalha em um spa em Beverly Hills.
Karelina, que tem 32 anos e emigrou para os EUA em 2012, obteve a sua cidadania norte-americana em 2022. Ela foi presa pelo serviço de segurança FSB em janeiro, após voar para Ecaterimburgo. Trata-se da mesma cidade em que o repórter do The Wall Street Journal Evan Gershkovich foi preso em março de 2023, por acusações de espionagem negadas pela empresa. O jornalista foi solto nesta quinta-feira.
Diferentemente dos libertados nesta quinta, Karelina não foi declarada como detida injustamente pelo Departamento de Estado. Seu namorado afirmou que está em contato com o órgão e com a embaixada norte-americana em Moscou.
“Você está lidando com a Rússia. Você não quer declarar alguém detido erroneamente para, só Deus sabe, deixá-los bravos. Eu só quero a Ksenia de volta”, completou.
(Reportagem de Jonathan Landay)