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1 mês

Funeral de líder do Hamas é marcado por pedidos de vingança; Irã e aliados preparam resposta

01/08/2024 06h12

O Irã e seus aliados regionais prometeram, nesta quinta-feira (1º), retaliações pela morte do líder político do movimento islamista palestino Hamas e do comandante militar do libanês Hezbollah, elevando as tensões regionais enquanto milhares de pessoas clamavam por vingança em Teerã.

O dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh, morreu na véspera em um ataque atribuído a Israel na capital da República Islâmica.

Após o cortejo fúnebre em Teerã nesta quinta, o corpo do dirigente palestino chegou a Doha, capital do Catar, onde vivia em exílio, para ser enterrado na sexta-feira, data na qual o Hamas convocou um "dia de fúria".

Haniyeh havia comparecido na terça-feira em Teerã à posse do novo presidente iraniano, Masud Pezeshkian, que prometeu que "os sionistas logo verão as consequências de seu ato terrorista e covarde".

Horas antes de sua morte, um bombardeio israelense em Beirute, capital do Líbano, matou o comandante militar do grupo pró-Iraniano Hezbollah, Fuad Shukr, o que aumentou os temores de uma conflagração regional devido ao conflito entre Israel e Hamas em Gaza.

Durante o funeral de Shukr nesta quinta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertiu que "o inimigo deve estar ciente de que uma resposta é inevitável", referindo-se às mortes de seu comandante e de Haniyeh.

"Israel não sabe as linhas vermelhas que cruzou", declarou.

Os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã e aliados do Hamas, também prometeram uma "resposta militar" à "perigosa escalada" provocada, segundo eles, por Israel, informou seu líder Abdel Malik al Huthi.

- "Perseguiremos Israel" -

A transmissão da televisão estatal iraniana mostrou o caixão de Haniyeh e o de seu guarda-costas cobertos com bandeiras palestinas e sendo transportados pelas ruas de Teerã, onde milhares de pessoas se reuniram.

"Perseguiremos Israel até arrancá-lo da terra da Palestina", afirmou o chefe de relações exteriores do Hamas, Khalil Al Hayya, durante o funeral.

O líder supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, que havia ameaçado aplicar um "duro castigo" a Israel pela morte de Haniyeh, foi o responsável por conduzir as orações fúnebres.

O presidente conservador do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, assegurou que a República Islâmica "cumprirá a ordem do líder supremo".

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu país está preparado "para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo".

A comunidade internacional pediu calma e solicitou que os esforços se concentrem em garantir um cessar-fogo em Gaza.

O secretário de Estado americano Antony Blinken, instou "todas as partes" no Oriente Médio a "dialogar" e a "cessar qualquer ação que contribua para a escalada".

O presidente Joe Biden tinha uma conversa com Netanyahu prevista para esta quinta-feira, anunciou a Casa Branca, destacando que os Estados Unidos "estão realizando intensos esforços" para evitar um conflito de grande escala.

Uma fonte próxima ao Hezbollah disse à AFP que representantes do chamado "eixo de resistência", que inclui o Irã e seus aliados regionais, se reuniram na quarta-feira em Teerã para discutir os próximos passos.

"Discutiram-se dois cenários: uma resposta simultânea do Irã e seus aliados ou uma resposta escalonada de cada parte", indicou a fonte, sob condição de anonimato.

- O único bombardeio -

A Guarda Revolucionária iraniana indicou que Haniyeh morreu em um ataque contra o alojamento onde estava hospedado em Teerã na madrugada de quarta-feira.

Israel não comentou sobre essa morte, mas reivindicou o ataque que matou Shukr, em resposta a um lançamento de foguetes que matou 12 crianças no fim de semana na região das Colinas de Golã, anexada pelos israelenses.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, garantiu que o bombardeio no Líbano foi o único lançado por seu país na noite de terça para quarta-feira no Oriente Médio.

O jornal The New York Times informou, citando fontes anônimas ? incluindo dois funcionários iranianos ?, que a explosão que matou Haniyeh foi causada por um artefato explosivo instalado no local há vários meses.

Coincidindo com o funeral do líder político do Hamas, Israel anunciou ter matado em julho, no sul de Gaza, o chefe militar do grupo, Mohammed Deif, que foi acusado de estar envolvido no ataque de 7 de outubro.

Estas mortes aumentam ainda mais as tensões regionais desencadeadas pelo conflito em Gaza, que já intensificou as hostilidades de grupos alinhados ao Irã na Síria, Líbano, Iraque e Iêmen contra Israel.

O Hezbollah anunciou nesta quinta que disparou dezenas de foguetes contra o norte de Israel como resposta a um "ataque" israelense que "matou vários civis" no Líbano.

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.197 pessoas no sul de Israel, na maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, e também tomaram 251 pessoas como reféns.

Dessas, 111 ainda permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas, segundo o Exército israelense.

A ofensiva militar de Israel contra Gaza deixou pelo menos 39.480 mortos, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas.

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© Agence France-Presse

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