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Brasil assume representações de Argentina e Peru na Venezuela após expulsão de diplomatas

01/08/2024 09h13

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O governo brasileiro assumirá a representação dos governos de Argentina e Peru na Venezuela, a pedido desses países, depois da expulsão dos diplomatas das duas nações de Caracas pelo governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, informou o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Na manhã desta quinta-feira, o Brasil assumiu a coordenação da embaixada argentina e a bandeira do país foi hasteada no local, de acordo com uma testemunha da Reuters, enquanto os diplomatas argentinos começam a sair do país.

Em relação ao Peru, falta apenas uma formalização para o Brasil também assumir a representação diplomática do país, de acordo com o Itamaraty.

Com a decisão, o Brasil assumirá a administração e o cuidado com imóveis e arquivos das duas representações diplomáticas, e também será responsável pela intermediação do atendimento a cidadãos.

Outros países que também tiveram seus diplomatas expulsos de Caracas pelo governo Maduro já sondaram o governo brasileiro pela mesma razão, segundo uma fonte diplomática brasileira.

Maduro foi declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano após uma eleição no domingo, mas a oposição contesta o resultado e as atas de votação, consideradas essenciais para verificar a lisura do pleito, ainda não foram apresentadas.

O governo Maduro rompeu relações diplomáticas com o Peru depois que o governo peruano reconheceu o opositor Edmundo González como presidente eleito da Venezuela. No caso da Argentina e de outros cinco países -- Chile, Costa Rica, Panamá, República Dominicana e Uruguai -- houve a expulsão dos diplomatas, mas não o rompimento das relações, em uma situação atípica na diplomacia.

A situação mais complexa é o caso de seis opositores venezuelanos que estão asilados na embaixada argentina. Depois de várias ameaças, havia o temor de uma invasão do local por apoiadores de Maduro. A preocupação foi passada ao assessor especial da Presidência do Brasil, Celso Amorim, pela chancelar da Argentina, Diana Mondiño.

De acordo com uma fonte próxima a Amorim, o assunto foi levado a Maduro durante encontro entre ambos, na última segunda-feira, e o presidente venezuelano se comprometeu a reforçar a segurança da embaixada.

Segundo uma outra fonte, a partir de agora os asilados estão sob a responsabilidade da embaixada brasileira, e foi pedido ao governo venezuelano a garantia da inviolabilidade do local, o que foi dado. Os asilados permanecerão na embaixada com funcionários locais e diplomatas brasileiros que assumirão a administração do local.

"É uma situação complexa que vai ter de ser avaliada minuto a minuto", disse a fonte.

O presidente da Argentina, Javier Milei, agradeceu, em sua conta no Twitter, a disposição do governo brasileiro em assumir a embaixada do país em Caracas.

"Agradeço enormemente a disposição do Brasil em se encarregar da custódia da embaixada argentina na Venezuela. Também agradecemos a representação momentânea dos interesses da República Argentina e seus cidadãos ali", escreveu Milei. "Os laços de amizade que unem a Argentina e o Brasil são muito fortes e históricos."

(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Pedro Fonseca e Eduardo Simões)

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