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Juiz mantém prisão de motorista de Porsche que matou motociclista

Igor Ferreira Sauceda teve a prisão convertida para preventiva - Reprodução/Facebook
Igor Ferreira Sauceda teve a prisão convertida para preventiva Imagem: Reprodução/Facebook
do UOL

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

30/07/2024 14h34Atualizada em 01/08/2024 14h26

O Tribunal de Justiça de São Paulo converteu para preventiva a prisão de Igor Ferreira Sauceda, motorista do Porsche que atropelou e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo.

O que aconteceu

Justiça disse não haver indícios de "qualquer irregularidade" na prisão em flagrante de Igor, por isso converteu a detenção para preventiva. "Foram observados todos os requisitos constitucionais e legais [da prisão do réu], não havendo nulidades ou irregularidades a serem declaradas, ou sanadas", destacou a juíza Vivian Brenner de Oliveira.

Igor teve conduta "delitiva de acentuada gravidade e periculosidade". "As imagens são claras e demonstraram que o indiciado utilizou o seu veículo como uma verdadeira arma, perseguiu a vítima e a atingiu", reiterou a magistrada.

Para a juíza, o fato de Igor não estar alcoolizado no momento do atropelamento "não afasta a gravidade de sua conduta". "Pelo contrário, não estando alcoolizado, tomou a decisão clara e consciente de perseguir um motoqueiro desconhecido após este ter danificado o seu retrovisor, o que acresce reprovabilidade à sua conduta delitiva e denota o perigo gerado pelo seu estado de liberdade".

Ressalta-se que a vida é o bem mais precioso do ordenamento jurídico, de modo que aquele que se dispõe a tirá-la ou que demonstra desprezo tal que acredita que a vida equivale a um ínfimo bem material como no caso os autos não pode permanecer em liberdade sob pena de abalo grave à ordem pública [...] Dessa forma, reputo que a conversão do flagrante em prisão preventiva é necessária ante a gravidade concreta do crime praticado e a fim de se evitar a reiteração delitiva, assegurando-se a ordem pública, bem como a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal.
Vivian Brenner de Oliveira

"Momento de fúria", diz delegado

O delegado Edilson Correia afirmou que o Igor teve um "momento de fúria" e acelerou o carro. A defesa do condutor nega.

Correia ressaltou que a velocidade do veículo era "excessiva". "Teve um momento de fúria. Razão pela qual perseguiu o motoqueiro após ter sentido que o seu veículo teve o retrovisor machucado por aquele motociclista. Então, ele acelerou, a gente vê pelas imagens, que a velocidade do Porsche era excessiva", declarou em entrevista ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

O motorista da Porsche apresentou versões contraditórias. Inicialmente, ele foi ouvido no 11º Distrito Policial, em Santo Amaro. O caso foi transferido para o 48º Distrito Policial (Cidade Dutra). "Ele foi confrontado novamente e disse que a colisão só ocorreu porque a moto se aproximou muito do veículo dele, na segunda versão apresentada por ele. Analisamos diversas imagens, fizemos oitivas de testemunhas e chegamos à conclusão de que a versão que ele apresentou inicialmente era contraditória, não se sustentava, porque ele acelerou o veículo e foi para cima da moto", afirmou o delegado.

Defesa de motorista fala em 'fatalidade'

Advogado de Igor afirmou que o motorista voltava do trabalho quando aconteceu a colisão. Ao deixar a delegacia na tarde desta segunda-feira (29), Carlos Bobadilla disse à imprensa que Igor é "um cara trabalhador, honesto, do bem, que jamais teve qualquer antecedente criminal em toda a sua vida". Defensor também reforçou que o suspeito não estava bêbado.

O que aconteceu foi uma fatalidade e ele, infelizmente, veio a colidir com a motocicleta da vítima. Infelizmente aconteceu essa fatalidade. Não teve nenhum dia de fúria. E o que importa é que ele não estava alcoolizado. O exame do bafômetro saiu zerado. Toda a narrativa que eu já cheguei a ouvir, inclusive aqui na delegacia, de que ele estava bêbado e provocou esse acidente, é inverídica porque ele estava sóbrio, voltando do trabalho.
Carlos Bobadilla, advogado de Igor, à imprensa

Câmeras de segurança registraram a colisão

O motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (29) - Reprodução / Bom Dia São Paulo  - Reprodução / Bom Dia São Paulo
O motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (29)
Imagem: Reprodução / Bom Dia São Paulo

Um vídeo de câmera de segurança mostrou o suspeito perseguindo a moto. A motocicleta ficou completamente destruída após a colisão. O Porsche aparece atravessado na avenida.

Pedro Kaique Ventura Figueiredo não resistiu aos ferimentos. O jovem foi socorrido ao Hospital do Grajaú, mas não resistiu. A namorada do motorista, que estava no banco do passageiro, foi socorrida para um pronto-socorro. Ele teve ferimentos leves.

O acidente teria ocorrido após uma briga de trânsito. Em alta velocidade, as imagens flagraram o momento da batida entre o carro e a moto, que é jogada contra o muro de um canteiro.

Ao ser contestado por testemunhas, suspeito disse que ''foi fechado'' pelo motociclista. Logo após a batida, pessoas que presenciaram a cena foram confrontar o condutor da Porsche e registraram um vídeo, que circula nas redes sociais.

Motorista saiu normalmente do carro. ''Você matou o cara da moto por causa do retrovisor do seu carro'', disseram populares ao suspeito. O condutor nega a eles que esse tenha sido o motivo.

Suspeito fez teste do bafômetro e teve resultado negativo. Perícia esteve no local, informou a SSP (Secretaria de Segurança Pública).

Porsche lamenta morte e nega vínculo com motorista

"É com profundo pesar que a Porsche lamenta o acidente que vitimou Pedro Kaique Figueiredo. Apresentamos nossas mais sinceras condolências à sua família e amigos.

A Porsche Brasil reafirma seu comprometimento com a segurança nas estradas e o respeito às normas estabelecidas no Código Nacional de Trânsito. A empresa não possui qualquer vínculo com o motorista envolvido no acidente.

Investimos extensivamente em programas de treinamento de condução como forma de ampliar a segurança no uso dos automóveis. Além disso, oferecemos um portfólio de oportunidades para utilização dos veículos em ambientes seguros e controlados.

Que a lembrança deste e de outros trágicos acontecimentos inspire a reflexão e a promoção de uma conduta mais segura e responsável".
Porche, em nota enviada ao UOL

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