Cinco curiosidades sobre Saint-Exupéry, criador do Pequeno Príncipe que desapareceu há 80 anos

Há 80 anos, em 31 de julho de 1944, Antoine de Saint-Exupéry caía com seu avião na costa de Marselha durante uma missão de reconhecimento aéreo para os Aliados. O aviador-escritor  morreu pela França, mas ficou muito mais conhecido como o autor de "O Pequeno Príncipe". Encomendado por seu editor americano, o livro foi publicado em inglês em 1943 e se tornou imediatamente um fenômeno literário, com mais de 200 milhões de cópias vendidas, tornando-se um dos livros mais vendidos do mundo e um dos mais traduzidos (571 idiomas), depois da Bíblia. Conheça cinco curiosidades sobre sua vida.

1. Piloto Precoce e passagens pelo Brasil

O fascínio de Antoine de Saint-Exupéry pelos aviões começou quando ele ainda era criança. Ele fez seu primeiro voo aos 12 anos e obteve a licença de piloto em 1921, durante seu serviço militar. Cinco anos depois, em 1926, foi contratado pela Aéropostale, o correio aéreo francês, começou a percorrer o mundo e construiu sua lenda como piloto.

Durante sua carreira na Aéropostale ele transportava cartas até o Senegal, Marrocos e desenvolveu as rotas até a Patagônia, do outro lado do Atlântico. Paralelamente, publicou seus primeiros romances, "O Aviador" , "Correio Sul"  e "Voo Noturno". Na América do Sul, pilotou aviões do correio aéreo de 1929 a 1931, fazendo repetidas escalas no Brasil.

2. Distraído

Distraído e indisciplinado, ele se esquecia de reabastecer, de trancar uma porta que se soltava no ar... Em 1935, ele caiu no deserto durante um ataque Paris-Saigon: "Eu me vi (...) preso nas areias como se fosse cola e pensei que fosse morrer", ele conta em um de seus livros. Depois de três dias vagando sem água, ele foi resgatado por beduínos.

Em 1935, tentou quebrar um recorde em uma rota entre Paris-Saigon, e sofreu um acidente no deserto do Saara. Três anos depois, novo acidente: a expedição entre Nova York e a Terra do Fogo terminou com a queda do avião na Guatemala.

3. Jornalista de guerra desiludido com a humanidade

A partir de 1932, Saint-Exupéry trabalhou como jornalista para a revista Marianne e os jornais Paris-Soir e l'Intransigeant, viajando para o Vietnã, Rússia e Espanha. Mas esse humanista voltou para casa abalado em 1936, no início da guerra civil: "Os homens não se respeitam mais. Nós atiramos uns nos outros como se estivéssemos limpando a floresta".

Na Alemanha, ele testemunhou a ascensão do nazismo. Após o Acordo de Munique, em 1938, ele previu a iminência de uma guerra.

4. Infiel e apaixonado

No final de 1930, em Buenos Aires, ele conheceu Consuelo Suncin, uma bela e excêntrica viúva salvadorenha apaixonada por pintura, que havia vivido na Califórnia, no México e em Paris com a vanguarda literária. Eles se casaram em 21 de abril de 1931. A correspondência entre eles revela quatorze anos de um relacionamento intenso, complicado por infidelidades. Consuelo pensou em se divorciar do marido.

Saint-Exupéry se exilou em Nova York e no final de 1941, Consuelo se juntou a ele. "O Pequeno Príncipe" nasceu no verão de 1942 em sua casa em Long Island. "Sua flor era eu. Ele era o Pequeno Príncipe. Ele tinha uma flor para cuidar, uma flor que tinha medo de correntes de ar", contou ela em 1964. "Essa rosa tossia muito e o atormentava, então ele fugia com as aves migratórias - era quando ele partia em suas grandes viagens e eu ficava preocupada".

5. Corpo desaparecido até hoje

Uma semana após a publicação de O Pequeno Príncipe, Saint-Exupéry retornou à frente de batalha na Argélia. Doente e ferido em acidentes anteriores, ele foi considerado velho demais, aos 44 anos, para pilotar a nova aeronave de alta velocidade. Mas persistiu e os americanos finalmente o autorizaram a voar. Ele deixou a Córsega em 31 de julho de 1944 para uma missão de reconhecimento em Savoie, mas nunca retornou da missão. Declarado "morto pela França", seu desaparecimento permaneceu um mistério por muito tempo.

Em 1998, um pescador encontrou um bracelete com o nome "Saint-Ex". Em 2003, pedaços da fuselagem com o número de série de seu avião foram encontrados na costa de Marselha.