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Desenho de TV pública é acusado de LGBTfobia e risco à liberdade de crença

O desenho "Danizinha Protetora" é inspirado em pastora da Igreja Batista Getsêmani  - Reprodução
O desenho "Danizinha Protetora" é inspirado em pastora da Igreja Batista Getsêmani Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em São Paulo

26/07/2024 04h00Atualizada em 26/07/2024 14h22

Um desenho cristão que estreou na programação da Rede Minas na segunda-feira (22) tem sido alvo de denúncias em Minas Gerais.

O que aconteceu

Desenho foi criado por pastora. A animação infantil "Danizinha Protetora" foi criada pela vice-presidente da Igreja Batista Getsêmani Daniela Linhares.

Animação entrou na grade de TV pública. O desenho entrou na grade da Rede Minas, de segunda à sexta, às 8h. A rede de televisão é pública e pertence à EMC (Empresa Mineira de Comunicação), órgão do governo estadual.

Desenho é sobre garota que quer proteger crianças de ameaças. A emissora descreveu a atração como a história de uma garotinha e sua turma, que têm como propósito "proteger as crianças contra as ameaças que podem tirá-las da sua infância".

Defensora de valores cristãos. A protagonista é defensora dos valores cristãos e ensina a importância da confiança em Deus.

Contra "ideologia de gênero". Há publicações contra "ideologia de gênero" para "proteger crianças das artimanhas do maligno" na página do desenho no Instagram.

A pastora Daniela Linhares é a criadora do desenho "Danizinha Protetora" - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A pastora Daniela Linhares é a criadora do desenho "Danizinha Protetora"
Imagem: Reprodução/Instagram

Denúncias pedem que animação saia do ar

Deputada do PT pediu retirada do desenho do ar. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) pediu a retirada do desenho do ar ao MPMG (Ministério Público do Estado de Minas Gerais) e à Secom (Secretaria de Estado de Comunicação Social). Segundo a denúncia, a animação propaga discriminação de gêneros, "adotando tão somente o critério biológico, em detrimento a todos indivíduos que se identifiquem de forma diversa, associando todos estes ao 'maligno', em notório discurso de intolerância."

Beatriz Cerqueira (PT) diz que governo de Romeu Zema (Novo) deve ser investigado. Cerqueira afirmou que o governo estadual de Zema deve ser investigado por mau uso da máquina pública. "A Rede Minas e a Empresa Mineira de Comunicação são veículos estatais e não podem ser utilizados num viés além de partidário ideológico. Dentro desse jogo de poder que o Zema está fazendo com vistas à disputa de 2026, a Rede Minas coloca uma programação que fomenta o discurso de ódio e a invisibilidade de grupos sociais, de pessoas que existem", afirmou a deputada.

Governo de Zema transferiu a EMC da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Comunicação. Durante a reforma administrativa no estado, sancionada em maio de 2023, o governo de Zema transferiu a EMC da Secretaria de Cultura para a Secretaria de Comunicação, criada naquele momento. "Fomos contrários porque avaliamos que os interesses de uma Secretaria de Comunicação ficaria vinculado à agenda política do governador, o que é diferente dos interesses de uma comunicação pública e estatal", disse a deputada.

Conedh (Conselho Estadual de Defesa de Direitos Humanos) também pediu investigação. O conselho argumenta que a animação possui elementos que podem gerar risco à liberdade de crença. O Conedh pede que o Ministério Público investigue se há preservação da laicidade do Estado e do interesse público em detrimento do privado.

Direitos autorais é da rede pública, mas produção seria privada. Daniela Linhares teria cedido os direitos autorais da animação "Danizinha Protetora" à Rede Minas, e a produção seria um investimento da iniciativa privada.

Rede Minas afirma que parcerias são seladas por meio de Termo de Cessão Não-Onerosa. Em nota, a emissora afirma que a grade de sua programação adota diretrizes de interesse do cidadão e que novos programas ou parcerias sem ônus são avaliados por curadoria com representantes da sociedade civil, da empresa e do governo.

O UOL também entrou em cintato com a Igreja Getsêmani, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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