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Verde-escuro, marrom e mais: o que a cor do cocô diz sobre a saúde do bebê?

Fique de olho ao trocar as fraldas - Mladen Zivkovic/Getty Images/iStockphoto
Fique de olho ao trocar as fraldas Imagem: Mladen Zivkovic/Getty Images/iStockphoto
do UOL

Colaboração para VivaBem, em São Paulo

26/07/2024 04h00

A cada troca de fralda é prudente dar uma boa olhada no cocô do seu bebê. Isso porque a cor, a textura e a frequência podem servir de alerta para problemas de saúde, alguns deles graves. Do 1º dia até os seis meses de vida, o número 2 apresenta variações de cor, textura, consistência e odor.

Quando surgir alterações bruscas nas fezes, principalmente se vier acompanhada de outros sintomas, como diminuição do apetite, vômitos, cólicas, irritabilidade ou febre, é importante consultar o médico.

A cor pode ser reflexo de infecções intestinais, invaginação intestinal (condição na qual uma parte do intestino desliza para dentro de outra), colestase neonatal (tipo de icterícia), sangramentos devido a pólipos, intolerância ou alergia a alimentos, entre outros problemas.

Entenda a seguir cada fase do cocô do bebê e aprenda a identificar um sinal de alerta:

Verde-escuro

Nas primeiras 48 horas de vida, são eliminadas as primeiras fezes (mecônio) de coloração verde enegrecida, espessas, viscosas e sem cheiro. Na troca da fralda, o cocô pode ser "grudento" e difícil de limpar. Quando o leite começa a ser digerido, a cor verde característica vai ficando mais clara. Formado durante a gestação, o mecônio é deglutido pelo feto, sendo constituído por restos celulares, secreções intestinais, bile, muco e secreção pancreática.

Alerta: A demora na eliminação do mecônio deve chamar a atenção para o diagnóstico de doenças, como fibrose cística (doença genética que afeta os pulmões, pâncreas e o sistema digestivo) e megacólon congênito ou doença de Hirschsprung (uma dilatação de parte do intestino grosso).

Marrom amarelado

Após três ou quatro dias de vida, as fezes têm aspecto menos pegajoso do que o mecônio, são de cor amarelo-ouro ou amarronzada e podem apresentar alguns grumos de leite. A cor é característica dos bebês em aleitamento materno exclusivo e isso se deve à grande quantidade de gorduras e de lactose, principal tipo de açúcar presente no leite materno. São fezes aquosas, amolecidas, sem cheiro e, muitas vezes, costumam ser eliminadas a cada mamada. Já aqueles que tomam fórmulas infantis apresentam fezes mais consistentes, podendo apresentar odor.

Alerta: Quando o bebê está com diarreia, a cor das fezes não é relevante, mas podem ser esverdeadas, amareladas ou amarronzadas. Costumam ser muito volumosas e até explosivas, extravasando para fora da fralda. As causas mais comuns de diarreia nessa faixa etária são as infecções (virais ou bacterianas) e a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Há necessidade de consultar o pediatra quando o bebê apresentar repentina mudança na frequência e no volume das evacuações. A presença de sangue pode estar associada a infecções por tipos específicos de microorganismos, à APLV e a outras condições como a colite (inflamação intestinal) e a invaginação intestinal.

Marrom mais escuro

No sexto mês de vida, a partir da introdução da alimentação complementar, com acréscimo de frutas e papas principais, o padrão fecal se modifica, havendo maior consistência, mudanças de cor e do odor, que fica mais marcante devido a fontes diversas de proteínas, carboidratos e gordura na dieta. A partir daí, as fezes se tornam mais parecidas com as de uma criança ou adulto em relação à cor, à consistência e ao cheiro. É comum a presença de restos de alimentos devido à digestão incompleta. Remédios e alimentos podem mudar a cor marrom do cocô a exemplo das folhas verde-escuras e beterraba.

Alerta: Alimentos coloridos com corantes como sucos artificiais, iogurtes, cereais e gelatinas também modificam a cor fecal e são contraindicados para lactentes, já que têm baixo valor nutritivo e são acrescidos de açúcar, que não deve ser consumido antes dos 2 anos de vida.

Pais devem estar atentos a mudanças bruscas na cor e consistência das fezes dos bebês - iStock - iStock
Pais devem estar atentos a mudanças bruscas na cor e consistência das fezes dos bebês
Imagem: iStock

Branco

Eliminação de fezes esbranquiçadas e a presença de icterícia (olhos amarelados) por mais de 14 dias podem sinalizar doenças do fígado ou das vias biliares e necessitam de investigação imediata. Isso porque podem ser indicativos de doenças graves, que requerem investigação e intervenção urgentes, pois a demora no diagnóstico e no tratamento pode danificar o fígado de forma irreversível.

Preto

Pode ser resultado de consumo de alimento de tonalidade mais escura, mas fezes com aparência de carvão podem sinalizar sangramento no trato digestivo. Bebês que tomam sulfato ferroso, usado para a prevenção e tratamento de anemia, podem também apresentar fezes com essa coloração.

Vermelho

Pode sinalizar a ingestão de comidas de coloração intensa como a beterraba, mas também pode ser indício de presença de sangue nas fezes, o que requer observação e atenção. Também pode estar presente em quadros de inflamação do cólon (colite) e por alergia à proteína do leite de vaca. Nesses casos é comum haver associação com vômitos, lesões de pele, dermatite de períneo e dor abdominal.

Quantas vezes ao dia é normal o bebê fazer cocô?

Alguns bebês evacuam durante ou após todas as mamadas, totalizando oito a dez evacuações a cada 24 horas. Já outros podem esvaziar o intestino de duas a três vezes ao dia.

Após o primeiro mês, o ritmo diminui e um lactente pode evacuar todos os dias ou a cada 3 a 5 dias.

Mas atenção! Não adianta comparar o seu filho a outras crianças, pois não há regra. Alguns podem levar até cinco dias sem evacuar e não há problema. Nesse período, se a criança estiver incomodada, chorando e demonstrando irritação, é importante conversar ou levar ao pediatra.

Nos bebês que tomam fórmula infantil, observa-se menor frequência de evacuações e maior consistência desde o 1º mês de vida.

Fontes: Régis Ricardo Assad, pediatra membro do departamento científico de pediatria ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); Débora Götze, médica gastropediatra; Célia Regina Bocci da Silva, médica pediatra.

*Com informações de matéria publicada em janeiro de 2020.

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