Saída de secretário esvazia poder do PSB no Ministério da Justiça

O secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Elias Vaz, deixará o cargo até o fim do mês para se dedicar às eleições em Goiás e ainda não há um substituto definido para seu posto. Ele era o último remanescente do PSB no alto escalão da equipe do ex-ministro Flávio Dino.

O que aconteceu

Secretário confirma demissão. Ao UOL, Vaz justificou a saída como uma decisão política em prol da eleição municipal em Goiás. Ele é presidente do diretório estadual do PSB no estado.

Político era remanescente da equipe de Flávio Dino. Vaz foi único secretário ligado ao PSB da gestão do ex-ministro Flávio Dino que permaneceu no cargo quando Ricardo Lewandowski assumiu a pasta, em fevereiro. Dino foi para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ministério diz que não há definição de substituto. Sua função é de interlocutor da pasta com a Câmara e o Senado.

Lewandowski quer negociar PEC com Congresso

Saída de secretário ocorre em meio à discussão de PEC (Proposta de Emenda à Constituição). Texto foi enviado para a Casa Civil, onde está sendo analisado. Iniciativa quer ampliar as prerrogativas do governo federal para estabelecer diretrizes de uma política nacional de segurança única, a ser seguida por todos os estados.

Segundo a proposta, ficaria a cargo da União, por exemplo, a coordenação do sistema penitenciário. Também está sendo estudada a criação de uma nova força policial em nível federal. Não há prazo para terminar a análise da Casa Civil.

Eu comuniquei ao ministro em junho que ficaria até julho apenas. É uma decisão política, porque sou presidente do PSB no meu estado e eu quero me dedicar à eleição municipal.
Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça

Antes de assumir o cargo no ministério, Elias Vaz exerceu o mandato de deputado federal por Goiás entre 2019 e 2023. Nascido em Goiânia, ele também foi vereador no município entre 2001 e 2018, sempre pelo PSB.

Polêmica com 'dama do tráfico'

Vaz recebeu a mulher de um líder do Comando Vermelho. O encontro com Luciene Barbosa Faria aconteceu em março de 2023 no Ministério da Justiça.

Luciene foi com uma comitiva de advogados para tratar de violência. Ela estava na reunião como presidente da ILA (Associação Instituto Liberdade do Amazonas). De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, a ONG atua em prol dos presos ligados ao Comando Vermelho e é financiada com dinheiro do tráfico. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, líder do CV.

Encontro foi usado pela oposição para desgastar e atacar Dino. Então chefe da pasta, Dino foi diversas vezes ao Congresso para responder perguntas de bolsonaristas sobre essa reunião.

Depois da polêmica, Vaz disse que o encontro foi um "erro". Segundo ele, o caso serviu para revisão dos "critérios" das audiências.

Se teve erro, foi de minha parte, e a gente tem que aprender com os erros. Então, eu acho que nós precisamos ter um sistema mais adequado para que a gente evite esse tipo de situação. Também eu quero lamentar qualquer ilação, qualquer tipo de consideração, inclusive de não considerar o combate que esse ministério está fazendo ao crime organizado.
Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça