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'Mau perdedor', 'arrogante': imprensa critica decisão de Macron de ignorar resultado das eleições

Imprensa francesa repercutiu a carta do presidente Emmanuel Macron sobre as eleições na França - Stephane Mahe/Reuters
Imprensa francesa repercutiu a carta do presidente Emmanuel Macron sobre as eleições na França Imagem: Stephane Mahe/Reuters

11/07/2024 05h43

Os jornais franceses desta quinta-feira (11) repercutem a carta divulgada pelo presidente Emmanuel Macron na véspera, na qual o chefe de Estado se recusa a reconhecer a vitória da aliança de esquerda nas eleições legislativas antecipadas de domingo (7) e deixa claro que a nomeação de um novo primeiro-ministro, como exige a Constituição  após cada renovação do plenário, não ocorrerá em breve. 

Os jornais franceses desta quinta-feira (11) repercutem a carta divulgada pelo presidente Emmanuel Macron na véspera, na qual o chefe de Estado se recusa a reconhecer a vitória da aliança de esquerda nas eleições legislativas antecipadas de domingo (7) e deixa claro que a nomeação de um novo primeiro-ministro, como exige a Constituição após cada renovação do plenário, não ocorrerá em breve.

"Emmanuel Macron é um mau perdedor" é a manchete do jornal progressista Libération, que afirma que o presidente "tenta se manter no centro do jogo, apesar da derrota de seu time". Na quarta (10), em uma carta enviada à imprensa regional, o chefe de Estado convocou "as forças republicanas" da Assembleia Legislativa da França a se unirem para formar "uma maioria sólida", da qual, segundo ele, deve sair o primeiro-ministro.

Em editorial, Libé afirma que no último domingo os eleitores da França passaram uma clara mensagem que não aguentam mais o macronismo, que temem a extrema direita e que há uma "tímida" vontade da volta à esquerda ao poder. Segundo o texto, ao invés de acalmar a crise política, o presidente lançou "uma nova granada" em forma de carta apelando pela formação de uma maioria que, diante das divisões entre os grupos parlamentares, é impossível de ser alcançada.

Para o jornal conservador Le Figaro, "Macron tentou, mais uma vez, virar a mesa". Em editorial, o diário expressa sua incompreensão com a decisão do presidente e pergunta: "O que fazemos agora? O voto dos franceses foi realmente compreendido?".

O texto reitera que, desde as eleições europeias, em 9 de junho, a França demonstra uma "poderosa rejeição" da postura do chefe de Estado, considerado "muito arrogante". Segundo Le Figaro, a resposta de Macron não é a de um árbitro que se coloca acima da confusão, mas de "um chefe jupiteriano ditando suas condições e a conduta a ser respeitada pelas forças políticas, esperando governar sob autoridade".

O tom é o mesmo no tabloide Le Parisien, que destaca que no apelo pela união das "forças republicadas" citadas pelo presidente francês, dois partidos foram implicitamente excluídos: o Reunião Nacional, da extrema direita, e o França Insubmissa, da esquerda radical. Ao mesmo tempo, o diário lembra que as duas legendas recolheram o voto de milhões de eleitores no último domingo e obtiveram, juntas, 225 assentos na Assembleia de Deputados.

Três dias de "silêncio total"

O jornal centrista Le Monde afirma na manchete de seu site que o "desejo de apaziguamento", evocado na carta do presidente, teve efeito contrário e "reacendeu as tensões políticas na França". O diário lembra que a mensagem escrita foi enviada pelo chefe de Estado a jornais regionais, após três dias de "silêncio total" sobre o resultado das eleições legislativas antecipadas que o próprio presidente convocou. A decisão foi tomada depois da sua decisão de dissolver a Assembleia de Deputados, devido à vitória do partido de extrema direita Reunião Nacional nas eleições europeias de 9 de junho.

Le Monde lembra que, em meio ao caos político na França, Macron chegou a Washington, para a cúpula da Otan "sem dar nenhuma palavra ou olhar para os jornalistas". Sorridente e demonstrando leveza ao cumprimentar o presidente americano, Joe Biden, "o chefe de Estado francês acredita ter colocado um oceano entre ele e a crise que agita seu país", enquanto, segundo Le Monde, "aborda grandes problemas no mundo, como a invasão russa na Ucrânia".

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