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Onda de bombardeios russos deixa dezenas de mortos na Ucrânia

08/07/2024 11h02

Uma onda de bombardeios russos na Ucrânia deixou, nesta segunda-feira (8), pelo menos 37 mortos em vários pontos do país e atingiu dois hospitais, um deles para crianças, o que provocou condenações internacionais antes de uma cúpula da Otan.

Os bombardeios levantam dúvidas sobre o estado das defesas antiaéreas da Ucrânia, depois de ataques anteriores terem danificado infraestruturas de energia elétrica e aeroportos militares. 

"Os terroristas russos voltaram a atacar massivamente a Ucrânia com mísseis", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, detalhando que infraestruturas e um hospital infantil "ficaram danificados".

As cidades afetadas são Kiev, Dnipro, Kryvyi Rih, Sloviansk e Kramatorsk, localizadas no centro e leste da ex-república soviética, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, disse Zelensky.

Zelensky, que estava nesta segunda em Varsóvia, pediu uma reunião do Conselho de Segurança da ONU e uma "resposta mais forte" das potências ocidentais à Rússia.

As consequências dos bombardeios russos refletem o desgaste das defesas antiaéreas ucranianas, que carecem de sistemas ocidentais.

Em Kiev, onde dois centros médicos foram atingidos por projéteis, incluindo um importante hospital pediátrico, pelo menos 22 pessoas morreram e outras 72 ficaram feridas, segundo as equipes de resgate.

"Um dos hospitais pediátricos mais importantes da Europa", o Okhmatdyt, foi atingido, denunciou Zelensky na rede social X.

"A Rússia não pode dizer que não sabe onde os seus mísseis caem e deve assumir total responsabilidade", acrescentou.

Pelo menos 37 pessoas morreram, incluindo três crianças, e mais de 170 ficaram feridas, declarou Zelensky após a bateria de 38 mísseis, dos quais 30 foram derrubados, segundo a Força Aérea.

As autoridades da capital decretaram um dia de luto na terça-feira e canceleram todos os eventos de entretenimento.

- "Sem piedade" -

A Rússia negou a sua responsabilidade nos bombardeios e garantiu que tinha como alvo "instalações militares". As imagens mostram que os danos foram causados pela queda de mísseis antiaéreos ucranianos, afirmou.

"Por alguma razão, sempre pensamos que o Okhmatdyt estava protegido", declarou à AFP Nina, uma funcionária de 68 anos do hospital infantil.

Após os ataques, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu nesta segunda-feira "novas medidas" para reforças as defesas aéreas da Ucrânia.

Em um comunicado, Biden disse que os Estados Unidos e seus aliados anunciarão esta nova ajuda na cúpula da Otan desta semana em Washington.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que os ataques contra este hospital e outro centro médico "são particularmente chocantes", segundo declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

A Rússia "ataca sem piedade os civis ucranianos", denunciou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, após os bombardeios diurnos.

A coordenadora humanitária da ONU para a Ucrânia, Denise Brown, condenou "com firmeza" os bombardeios e disse que a morte de crianças é "inconcebível". 

A França também denunciou "atos bárbaros", o Reino Unido um "ataque atroz" e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, um ato "odioso".

"É muito importante que o mundo não se cale e que todos vejam o que a Rússia faz", declarou Zelensky diretamente da Polônia, onde guardou um minuto de silêncio pelas vítimas.

Centenas de pessoas, incluindo equipes de resgate, familiares e policiais, correram para ajudar as vítimas e limpar os escombros para encontrar sobreviventes em Kiev. 

O Exército russo ataca regularmente o interior do território ucraniano, visando principalmente instalações de energia e fábricas.

Os bombardeios "destruíram ou danificaram" três subestações elétricas na cidade e atingiram diversas instalações industriais, informou a operadora de energia DTEK.

A Ucrânia tem apenas um número limitado de sistemas de defesa antiaérea e munições e exige mais dos seus aliados ocidentais.

- Cúpula da Otan -

Os bombardeios desta segunda-feira ocorrem no momento em que, na linha de frente, o Exército russo ganha terreno há meses e tenta aproveitar as dificuldades do Exército ucraniano para reabastecer as suas fileiras e obter mais armas e munições do Ocidente. 

O mandatário ucraniano foi até Varsóvia antes de viajar para a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Washington. 

Zelensky firmou um acordo de cooperação em matéria de segurança com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

A cúpula da Otan, que acontecerá na terça-feira, abordará o apoio prestado a Kiev, assim como as incertezas que poderiam resultar de uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas de novembro. 

O ex-presidente republicano afirmou em diversas ocasiões que acabaria com a guerra de forma muito rápida, o que afetaria diretamente os ucranianos que resistem à invasão russa há quase dois anos e meio.

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© Agence France-Presse

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