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Líder do maior partido de extrema direita da França se une a premiê da Hungria para se impor no Parlamento Europeu

08/07/2024 13h18

Nesta segunda-feira (8), a sigla de extrema direita da França Reunião National (RN) se uniu ao novo grupo de ultradireita radical do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán para formar a terceira maior força no Parlamento Europeu, à frente das "famílias políticas" de Giorgia Meloni e Emmanuel Macron.

O líder do partido francês, Jordan Bardella, presidirá o grupo, chamado "Patriotas pela Europa", anunciou o eurodeputado Jean-Paul Garraud, do RN, em uma reunião em Bruxelas. A aliança da extrema direita europeia vem na esteira das eleições parlamentares francesas, nas quais a extrema direita local teve menos progresso do que o esperado e não conseguiu conquistar a maioria na Assembleia Nacional.

O grupo será composto por 84 membros do Parlamento Europeu de 12 nacionalidades e representará "esse movimento soberanista ao qual estamos muito ligados", disse Garraud em uma coletiva de imprensa.

"Nós nos opomos firmemente a esse aspecto ultrafederalista da União Europeia, ao fato de que a UE quer dominar os Estados-membros a todo custo", explicou ele. "Jordan Bardella e Marine Le Pen estavam trabalhando há muito tempo para formar um grupo que pudesse realmente influenciar as decisões do Parlamento Europeu", enfatizou.

 A Liga Italiana, de Matteo Salvini, também selou sua participação na nova aliança, que, segundo ele, seria "decisiva para mudar o futuro desta Europa".

Em 30 de junho, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban anunciou sua intenção de formar esse grupo parlamentar, juntamente com o partido austríaco de extrema direita FPÖ e o movimento do ex-primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis.

"Estamos trabalhando juntos para garantir que não tenhamos mais imigração ilegal e que tenhamos paz à nossa porta", declarou o deputado do FPÖ Harald Vilimsky nesta segunda-feira, aparentemente se referindo às conversas que Viktor Orbán iniciou com o presidente russo Vladimir Putin para "pôr fim à guerra" na Ucrânia.

Contra a "imigração ilegal"   

Ao criar o novo grupo, o próprio Orban declarou sua ambição de fazer com que uma "voz diferente fosse ouvida": contra o apoio militar à Ucrânia, contra a "imigração ilegal" e a favor da "família tradicional".

Desde então, cinco partidos de diferentes países já anunciaram seu apoio: o Partido da Liberdade (PVV) do holandês Geert Wilders, o movimento português Chega, o VOX da Espanha e - a partir de sábado - o Partido do Povo Dinamarquês, além do partido flamengo de extrema direita pró-independência Vlaams Belang.

A esses se somam o francês Reunião Nacional, com 30 eurodeputados, e a Liga de Matteo Salvini, com oito. O RN assume de fato a liderança do grupo em termos de números e representatividade. O Fidesz, de Viktor Orbán, tem apenas dez eurodeputados.

Com as últimas adições, o grupo se consolida como a terceira maior força no Parlamento Europeu, atrás da direita pró-europeia (Partido Popular Europeu, PPE) e dos social-democratas (S&D).

Ele ultrapassa os liberais do Renew Europe (76 assentos), grupo ao qual pertence o partido Renascimento do presidente francês Emmanuel Macron. E também supera o grupo de direita ultraradical Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), associado à primeira-ministra italiana Giorgia Meloni (78 assentos), um fervoroso defensor do apoio militar à Ucrânia, em contraste com as posições defendidas principalmente por Viktor Orbán.

A formação do novo grupo ocorre em um momento em que a Hungria ocupa a presidência rotativa da UE desde 1º de julho - um período já marcado por uma viagem de Orbán a Moscou, que causou protestos em Bruxelas.

Vários dos grupos que se juntaram ao "Patriotas" faziam parte anteriormente do grupo Identidade e Democracia (ID), que incluía membros da extrema direita francesa. O partido tcheco Ano, de Babis, saiu do Renew Europe, enquanto o Vox abandonou o grupo ECR.

Por outro lado, o partido alemão de extrema-direita AfD permanece isolado no Parlamento Europeu, tendo sido expulso do grupo ID após uma série de escândalos envolvendo um de seus líderes, suspeito de ter laços estreitos com a Rússia e a China.

(Com AFP)

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