Topo
Notícias

Acusado de matar mãe por herança em SP é preso mais de 3 anos após o crime

do UOL

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Florianópolis

08/07/2024 17h20

O bacharel em direito Bruno Eustáquio Vieira, 27, acusado de matar a própria mãe, Márcia Lanzane, 44, foi preso nesta segunda-feira (8) em Belo Horizonte, mais de três anos após o crime.

O que aconteceu

Bruno Eustáquio Vieira estava foragido desde 2021. Ele deve ser julgado pelo tribunal do júri homicídio qualificado e fraude processual. A determinação é do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ele foi preso devido ao mandado de prisão em aberto expedido pela Justiça de São Paulo. As informações são da Polícia Civil de Minas Gerais. O homem foi localizado por policiais militares, em Belo Horizonte, e, após ser submetido a atendimento médico, será conduzido à Delegacia de Plantão para o cumprimento da prisão.

Márcia Lanzane tinha 44 anos e foi assassinada dentro de casa. O crime aconteceu de dezembro de 2020, no Guarujá, no litoral de São Paulo.

A investigação policial foi concluída pela Delegacia Sede de Guarujá, em maio de 2021. Na época, a prisão preventiva do acusado foi determinada, mas ele não foi localizado. O Ministério Público de São Paulo também entrou com ação penal contra ele na 1ª Vara Criminal de Guarujá em 2021.

Procurada pelo UOL, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não informou se ele será transferido para São Paulo. A reportagem tenta contato com a defesa de Bruno Eustáquio Vieira. O espaço segue aberto para manifestação

Relembre o caso

Acusado de matar a própria mãe queria dinheiro para vida de luxo. Bruno Eustáquio Vieira teria praticado o crime porque a vítima teria se negado a arcar financeiramente com seus gastos com luxo e lazer, no Guarujá, litoral paulista. A afirmação está em denúncia protocolada pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

Bruno estava com mandado de prisão preventiva em aberto. Em 2021, defesa dele negava as acusações do MP e sustentava que o bacharel em direito não se entregou porque não foi notificado.

O crime contra Márcia Lanzane, diz a investigação, ocorreu em 22 de dezembro de 2020, dentro da casa da família. Bruno era filho único. Ele teria esganado a mãe após uma discussão e publicou mensagens de luto nas redes sociais, o que causou revolta nos demais parentes da vítima.

O UOL teve acesso à denúncia do MP contra Bruno. Nela, a 5ª Promotoria de Justiça de Guarujá afirma que o bacharel em direito passou a pressionar a mãe para que bancasse seus gostos. Um deles seria o curso de medicina, o que seria inviável, pois Márcia trabalhava como auxiliar administrativa.

O denunciado não tinha a intenção de trabalhar, passando a pressionar a genitora para que arcasse com um curso de medicina em que pretendia se inscrever. Exigia da genitora, ainda, bens materiais e dinheiro para seus gastos com o lazer.
Trecho da denúncia, assinada pelo promotor Renato dos Santos Gama

A investigação chegou à motivação após oitivas de testemunhas, entre parentes e amigos do suspeito e da vítima. "[Bruno] queria determinar à genitora que alugasse ou vendesse o imóvel da família, situado em zona de baixa renda da cidade, e alugasse outro em região nobre, para que pudesse receber os amigos sem se sentir humilhado, conforme dizia", afirma o MP.

Mãe e filho passaram, então, a ter constantes discussões sobre a destinação do imóvel, já que Bruno pretendia vender ou alugar para sair do local. Para acalmar os ânimos, Márcia chegou a comprar uma moto para ele.

Na época, o advogado Anderson Real, que atua na defesa de Bruno, comentou ao UOL que as acusações do MP não estavam comprovadas. "São ilações do MP porque em nenhum momento ficou comprovado algo nesse sentido. Houve a investigação e não existe documento que prove a vinculação do crime com motivações financeiras. Surgiu a hipótese de um seguro de vida, mas isso também não se comprovou", afirma.

Filho matou mãe e dormiu com o corpo dentro de casa, diz MP

No dia do crime, Bruno comentou com familiares que a mãe teria morrido em decorrência de um acidente. Em seguida, confessou à Polícia Civil que a esganou, porém, sem levá-la a óbito.

Imagens de câmeras de segurança ajudaram na investigação. Com base em imagens da câmera de segurança de dentro do imóvel e laudo do IML (Instituto Médico Legal) que atestou asfixia como a causa da morte, a acusação sustenta que Bruno tirou a vida da mãe e dormiu com o cadáver dentro de casa para simular um acidente no dia seguinte.

Filho assistiu televisão após matar a mãe. "O denunciado surpreendeu a mãe a arremessando ao solo. Em seguida, passou a esganá-la até que não mais esboçasse reação. Sentou no sofá e assistiu televisão. Passado algum tempo, retornou ao corpo para certificar-se a morte. Por último, desligou as luzes da casa e foi dormir. Na manhã seguinte, o denunciado deixou o imóvel e, ao retornar, simulou desespero ao encontrar o cadáver, efetuando ligações telefônicas", concluiu.

O MP acusa Bruno de homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Segundo o advogado do acusado, Bruno não sabia do falecimento da mãe após a discussão entre ambos, por isso teria ido dormir. "Ele alega que não sabia do falecimento da mãe na noite da discussão. O Bruno diz que a mãe estava viva depois da briga, conversou e deu boa noite antes de dormir", diz Real.

Notícias