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Caso césio: relembre acidente radioativo mais grave da história do Brasil

Estádio Olímpico de Goiânia em 1987 nos trabalhos de contenção da tragédia do césio-137 Imagem: Divulgação/CNEN

Do UOL, em São Paulo*

08/07/2024 13h58Atualizada em 08/07/2024 13h58

O furto de um veículo que transportava fontes radioativas em São Paulo, na última semana, acendeu um alerta para os riscos do contato com substâncias dessa natureza. O caso fez com que o acidente radioativo mais grave da história do Brasil, ocorrido em 1987, em Goiânia, fosse lembrado.

Relembre tragédia com césio-137

Material era de clínica abandonada. Em 13 de setembro de 1987, o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, resultou em uma tragédia que matou quatro pessoas.

Cápsula radioativa foi vendida para ferro-velho. Dois catadores de lixo encontraram e venderam a peça para um ferro-velho. Na desmontagem, chegaram até a cápsula que armazenava 19 gramas de césio-137. Na clínica onde era usado, ele ficava dentro de uma máquina que emitia radiação controlada para matar células cancerígenas. Fora do recipiente de chumbo, o pó é letal.

Pó brilhante. No ferro-velho, os funcionários se encantaram com o pó de brilho intenso. Parentes e amigos, então, passaram a visitar o local para conferir a descoberta brilhante dos catadores.

Com a violação do equipamento, foram espalhados no meio ambiente vários fragmentos de 137Cs, na forma de pó azul brilhante, provocando a contaminação de diversos locais, especificamente naqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia. Trecho de comunicado publicado pela Secretaria da Saúde de Goiás.

Venda da substância. "Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, a fonte foi vendida para um depósito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois depósitos, além de distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos, que por sua vez os levaram para suas casas", informa a versão da oficial da Secretaria de Saúde.

Além dos quatro mortos, quem teve contato direto com a substância adoeceu. À medida que os pedaços da máquina eram vendidos para outros ferros-velhos, aumentava o número de pessoas que reclamavam de náuseas, vômito e diarreia. Entre os atingidos, pessoas contaminadas por objetos que haviam sido infectados pela substância; que estavam próximo dos focos de césio-137; que trabalharam no caso, como policiais e bombeiros, profissionais de saúde e garis, além dos filhos e netos dos afetados, de acordo com reportagem do Estadão.

Goiânia ficou 16 dias contaminada com o césio sem saber. Dezenas de pessoas tiveram contato direto com o material radioativo. Quatro pessoas morreram, enquanto cerca de 6.500 pessoas foram atingidas com algum grau de radiação e outros 249 casos registraram contaminação mais grave.

Os dois terrenos em que as cápsulas foram abertas, a casa dos catadores e o ferro-velho, foram demolidos. As pessoas que foram contaminadas ou que tinham a possibilidade de ter tido contato com o material passaram por triagem no Estádio Olímpico de Goiânia. No total, 112 mil pessoas passaram por lá.

Vítimas foram enterradas em caixões de chumbo de 700 kg. Os túmulos foram revestidos de concreto e colocados no local mais afastado possível do Cemitério Parque.

Décadas de contaminação. Como a meia-vida física do césio é de cerca de 33 anos, diversos locais, especificamente aqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas partes do aparelho de radioterapia, ficaram contaminados por décadas.

Com reportagem publicada em 05/07/2023

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