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Voluntários se esforçam para retirar ucranianos de cidades com avanço da Rússia

05/07/2024 11h48

Por Anna Voitenko e Alina Smutko

TORETSK, Ucrânia (Reuters) - Na devastada cidade de Toretsk, no leste da Ucrânia, o tempo está se esgotando para quem quiser ir embora.

As Forças Russas estão avançando de forma lenta mas contínua, bombardeando a cidade dia e noite com foguetes, fogo de artilharia e ataques aéreos, parte de um amplo avanço na região de Donetsk que a Ucrânia não tem conseguido deter.

Pilhas de escombros se encontram onde antes havia prédios. Blocos de apartamentos queimados se tornaram inabitáveis. A torre de uma igreja caiu, e nuvens de fumaça se erguem à distância devido aos projéteis que chegam.

Em um pátio residencial, um grupo de moradores, na maioria idosos, se reúne para ouvir Ivan, um policial com uniforme camuflado que tenta convencê-los a deixar Toretsk com sua equipe de retirada.

Centenas de policiais como ele e voluntários ucranianos estão tentando fazer o mesmo em cidades e vilarejos ao longo da linha de frente, antes que sejam reduzidos a escombros e incorporados ao território controlado pelos russos.

"Vocês todos vão ficar?", perguntou ele, falando com firmeza e rapidez. "Não conseguem ver como a situação está mudando? Se vocês acham que vão ficar de fora, isso não vai acontecer."

Sua oferta tem sido aceita por alguns e recusada por outros. Muitas pessoas que ficaram não querem partir para uma vida incerta em partes mais seguras da Ucrânia. Outros se recusam a se separar de parentes e amigos idosos.

"Só restei eu, todos os outros estão enterrados", disse Valentyna, uma ex-diretora de escola que deu apenas seu primeiro nome. "Os aviões estão voando todas as noites e atacando, especialmente nos últimos dois dias", acrescentou a senhora de 75 anos, chorando.

Cerca de 5.000 pessoas permanecem em Toretsk, de acordo com Tetyana Nikonova, uma representante da administração militar local, falando enquanto os moradores que queriam evacuar se reuniam em torno de minivans com alguns pertences pessoais.

Isso se compara a uma população estimada em cerca de 35.000 pessoas há uma década.

"Muitas pessoas se recusam a sair. Nós conversamos com elas, os rapazes tentam convencê-las, mas elas não querem ir", disse ela. "Oferecemos a eles tudo o que podemos, acomodação, transporte, tudo de graça, mas as pessoas se escondem nos porões."

Sergiy e Iryna, um casal sentado em um banco do lado de fora de seu apartamento, discutiam se deveriam ou não ir embora. Os policiais disseram a eles que deveriam estar no mesmo local na manhã seguinte para serem recolhidos caso decidissem ir embora.

"Eu me preocupo com o fato de não podermos voltar, ninguém nos deixará voltar aqui", disse Sergiy, de 65 anos.

"Nós vamos embora", ele suspirou. "Nós vamos embora."

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