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Taxas voltam a ceder sob influência do discurso moderado de Lula e dos Treasuries

05/07/2024 16h50

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) cederam pelo quarto dia consecutivo no Brasil, dando continuidade ao movimento mais recente de retirada de prêmios da curva a termo, após mudança de tom no discurso do governo sobre a área fiscal, e em sintonia com a queda firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior, depois da divulgação do payroll nos EUA.

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Com o movimento desta sexta, as taxas futuras acumularam na semana quedas próximas de 40 pontos-base em alguns vencimentos, o que dá uma medida do tamanho da retirada de prêmios nos últimos dias.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,59%, ante 10,622% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,24%, ante 11,292% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,55%, ante 12,602%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,03%, ante 12,116%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,03%, ante 12,131%.

Desde quarta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem moderado o discurso, deixando de atacar em eventos públicos o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o atual nível da taxa Selic e o mercado financeiro.

Além disso, Lula voltou a defender o equilíbrio fiscal, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na quarta-feira a intenção do governo de cortar despesas obrigatórias de 25,9 bilhões de reais no Orçamento para 2025.

Esta moderação no discurso do governo, que fez o dólar e os juros futuros despencarem nos últimos dias, continuou a influenciar os negócios nesta sexta-feira.

Em evento em Osasco, Lula defendeu gastos na área social, mas voltou a dizer que o país não quebrará porque o governo tem “responsabilidade”. Pelo terceiro dia consecutivo, Lula não criticou Campos Neto ou o nível da Selic, hoje em 10,50% ao ano.

Além do fator interno, as taxas cederam em função do cenário externo, onde os yields dos Treasuries voltaram a cair com investidores precificando chances maiores de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro, após revisões para baixo em dados do payroll e aumento da taxa de desemprego.

O payroll mostrou que os EUA abriram 206 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em junho, bem acima dos 190 mil esperados pelos economistas conforme pesquisa da Reuters. No entanto, os números de maio passaram por forte revisão, de 272 mil novos empregos para 218 mil, e a taxa de desemprego subiu de 4,0% para 4,1% em junho.

Neste cenário, perto do fechamento desta sexta-feira a curva a termo precificava 82% de chances de manutenção da Selic no fim deste mês e 18% de possibilidade de alta de 25 pontos-base da taxa básica. No início da semana, antes da moderação no discurso de Lula, as apostas majoritárias eram de elevação da Selic -- algo que o próprio BC tem indicado que não está em seu cenário-base.

Às 16h34, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 7 pontos-base, a 4,278%.

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