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Fundo do Nubank que paga renda chega perto de líder; há novidades no radar

Andrés Kikuchi, head da Nu Asset - Reprodução
Andrés Kikuchi, head da Nu Asset Imagem: Reprodução
do UOL

Colunista do UOL

05/07/2024 04h00

Quando o assunto é fundos de dividendos, novatos estão ganhando fôlego no mercado. Até 2023, o tradicional DIVO11, ETF (fundo de índice) que reúne as empresas presentes no Índice de Dividendos (Idiv), poderia ser considerado uma referência do mercado quando se fala de renda passiva. Embora não distribua proventos, o ETF conseguiu atrair 15.990 cotistas em 12 anos de trajetória, sendo o maior da categoria renda.

Mas desde que os ETFs que distribuem proventos chegaram à B3, em setembro de 2023, um novato apresentou crescimento acelerado. É o caso do NDIV11, que replica o desempenho do índice Ibovespa Smart Dividendos. Com apenas nove meses, já reúne 12.376 cotistas e pode se tornar a nova referência no quesito dividendos.

Além de ser o primeiro ETF que paga dividendos da Bolsa brasileira, o ETF foi também o primeiro fundo de índice da Nu Asset. Na época, foi lançado junto o NSDV11, que também replica o mesmo índice mas que não paga proventos e sim reinveste os dividendos recebidos. Atualmente, o NSDV11 reúne 5.409 investidores. Juntos, NDIV11 e NSDV11, já superaram o tradicional DIVO11.

Mas para Andrés Kikuchi, head da Nu Asset, o desafio está apenas começando. A gestora já planeja lançar outros ETFs em breve e vê forte oportunidade de crescimento no mercado brasileiro, segundo entrevista dada à coluna.

Confira a entrevista completa abaixo.

UOL Economia - Os ETFs do Nubank completaram nove meses de vida. Quais foram os principais aprendizados para a gestora nesse período?

Andrés Kikuchi, head da Nu Asset- Foram diversos, além de se tratar dos nossos dois primeiros ETFs (fundos de índice), um dos produtos foi algo muito inovador. Trouxemos pela primeira fez um ETF que distribuísse dividendos à Bolsa brasileira.

No NDIV11 essa diferenciação trouxe a questão de prazo, de seis anos para fazer a análise de distribuição de dividendos das empresas. E fizemos um recorte das empresas que tinham esse bom histórico, recorrência e consistência dos proventos.

Algo diferente foi observar o comportamento dos investidores diante desse lançamento. Se trata de um índice mais concentrado, mas a gente tinha a intenção de simplificar a distribuição dos dividendos acumulando os pagamentos de um determinado mês e fazendo a distribuição no 5° dia útil do mês seguinte.

Nós tínhamos a interpretação de que essa simplificação era algo interessante e que foi muito bem-vinda pelos investidores. Mas a realidade foi bem acima do que a gente esperava porque trouxe simplificação para os investidores.

Acredito que um dos reflexos disso é a evolução positiva no número de investidores e também no patrimônio do fundo.

Vocês foram os pioneiros, mas tem outros ETFs que pagam dividendos chegando no mercado. O que vão fazer para se diferenciar?

Temos bastante orgulho em dizer que construímos o primeiro ETF que paga dividendos e atendemos essa demanda reprimida dos investidores por um produto como esse, com os pilares do Nubank que são simplificação e reduzir complexidade no mercado.

Como gestora de recursos esperamos trazer novos ETFs, não necessariamente apenas com conotação de dividendos. Mas sim para diferenciação, em termos de inovação, facilitando a vida dos investidores em geral. Esperamos fazer isso ao longo dos próximos meses.

Então esperamos ter um protagonismo no mercado de ETFs e um papel ainda maior no mercado de gestão de recursos no Brasil. Foi dentro do mercado de ETFs que identificamos proximidade com os pilares do Nubank.

Pode comentar sobre quais lançamentos estão no radar? São ETFs normais ou que pagam dividendos?

Estamos olhando alguns lançamentos sim e estes estão chegando em breve. Não posso dar mais detalhes no momento, mas a ideia é reduzir complexidade, trazer inovação.

Dentro dos ETFs que pagam dividendos, pretendem fazer novos lançamentos? Vocês têm um ETF ligado a ações, mas haveria a possibilidade de lançar algum ETF de distribuição relacionado a FIIs, REITs ou ações estrangeiras?

Nós olhamos com bastante cuidado essa questão de renda. Quando lançamos o NDIV11 era algo novo, queríamos entender melhor a dinâmica, o tamanho da demanda reprimida, mas não paramos por aí. Nesse período, olhamos outros mercados por meio de outros produtos, mas com foco em renda.

Lançamos por exemplo um fundo de infraestrutura, que investe em debêntures incentivadas e paga dividendos mensais, o NUIF11. Foi uma solução, focando numa distribuição recorrente, mas menos volátil por se tratar de um ativo de renda fixa, apesar de ser crédito privado.

Mas os ETFs de dividendos não cresceram tanto quanto ETFs de criptomoedas. O que está travando a indústria de crescer mais?

Concordo com a visão do que ainda vai se tornar, não se tornou ainda, mas olhando o nosso negócio existe essa demanda e vemos com bons olhos o crescimento. São quase 16 mil cotistas, que começam a ter acesso a uma solução simples, transparente, e ao mesmo tempo ainda há um espaço muito grande para o crescimento.

Sabemos claro que tem muito investidores que já possuem sua própria carteira de ações e vão continuar usando esta, mas eventualmente alguns possam perceber que é mais simples operar por meio de um ETF de renda variável.

Quais oportunidades estão enxergando no Brasil e América Latina?

Olhamos o mercado de ETFs em sua fase inicial, com muita oportunidade no Brasil. O mercado de ETFs ainda é muito pequeno. De R$ 45 bilhões no Brasil, diante de uma indústria de R$ 9 trilhões nos fundos e US$ 7 trilhões nos Estados Unidos. Não foi um crescimento do dia para a noite, mas foi uma forte evolução.

Mas vendo o diferencial que os ETFs possuem enxergamos com bons olhos o crescimento que vai acontecer no Brasil e espero que também aconteça em outros mercados.

Alguns agentes de mercado consideram ETFs que pagam dividendos ineficientes e preferem o reinvestimento dos proventos. O que tem a dizer sobre isso?

Temos uma opinião diferente, para nós não se trata de uma alternativa contra outra e foi por esse motivo que lançamos ao mesmo tempo dois tipos de ETFs, um com distribuição e outro com reinvestimento.

Isso foi muito pensando em empoderar o investidor para que ele possa tomar a sua decisão com prós e contras em relação às próprias expectativas. Tem o NSDV11, que reinveste os dividendos, para aquele investidor que quer incrementar seu retorno no longo prazo e ao mesmo tempo tem o NDIV11 para quem busca ter essa distribuição de dividendos e essa organização no fluxo de pagamentos.

Então depende muito da jornada do investidor. Muitas vezes no início de carreira pode ser que ele tenha apetite por retorno no longo prazo ou pode ser que ele esteja em uma fase que queira receber os dividendos.

Nossa ótica não é muito ou um ou outro e sim trazer ferramentas para empoderar os investidores a ter sua própria decisão de investimento, com seus próprios argumentos, prós e contras, prazos da tomada de decisão .

Como a Nu Asset pretende surfar no crescimento do mercado de ETFs?

Estamos olhando o mercado de ETFs ao longo dos próximos anos com a visão de trazer soluções, que possam ser inovadoras como o que aconteceu com o primeiro ETF que paga dividendos e até soluções ferramentais. Ou seja, instrumento, opção mais simples, mais eficiente para que o investidor tome uma decisão de investimento.

Nós vamos lançar outros ETFs sim. Faremos isso com o objetivo de simplificar. Hoje existem mais de 200 ações líquidas no mercado de renda variável e a complexidade de tomar a decisão sozinho ainda é relevante, mas principalmente a recorrência dessa decisão.

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