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Arcebispo italiano crítico do papa é considerado culpado de cisma e excomungado

05/07/2024 11h57

Por Alvise Armellini

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O arcebispo italiano Carlo Maria Vigano, um feroz crítico ultraconservador do papa Francisco, foi considerado culpado de cisma e excomungado, informou o escritório doutrinário do Vaticano nesta sexta-feira.

Vigano, enviado papal em Washington de 2011 a 2016, se escondeu em 2018 depois de alegar que o papa sabia há anos sobre a má conduta sexual do cardeal norte-americano Theodore McCarrick e não fez nada a respeito.

Ele disse que o papa deveria renunciar e, posteriormente, o classificou como "falso profeta" e "servo de Satanás".

O Vaticano rejeitou a acusação de encobrimento de má conduta sexual e, no mês passado, convocou Vigano para responder às acusações de cisma e negação da legitimidade do papa.

Em um comunicado nesta sexta-feira, o escritório doutrinário disse que a recusa dele em reconhecer e se submeter ao papa Francisco ficou clara em suas declarações públicas.

"Na conclusão do processo penal, o Reverendíssimo Carlo Maria Vigano foi considerado culpado do delito reservado (violação da lei) de cisma", informou o comunicado, acrescentando que ele havia sido excomungado, ou banido, da Igreja.

O arcebispo foi informado da decisão na sexta-feira, disse o dicastério do Vaticano. O comunicado não mencionou o papa, mas é altamente improvável que a punição tenha sido aplicada sem a aprovação de Francisco.

Vigano, que se comunica principalmente por meio da rede social X, não reagiu imediatamente. Na semana passada, ele disse que havia se recusado a participar do processo disciplinar porque não aceitava a legitimidade das instituições por trás do processo.

"Não reconheço a autoridade do tribunal que afirma me julgar, nem de seu prefeito, nem daquele que o nomeou", afirmou ele, referindo-se ao chefe do escritório doutrinário, cardeal Victor Manuel Fernandez, e a Francisco.

Em um longo texto, Vigano se referiu ao papa apenas por seu sobrenome, "Bergoglio", e o acusou de representar uma Igreja "inclusiva, imigratória, eco-sustentável e pró-gay" que havia se desviado de sua verdadeira mensagem.

(Reportagem de Alvise Armellini e Crispian Balmer)

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