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'Terror psicológico': comitê teme que Paraisópolis repita Operação Escudo

Integrantes do comitê de Paraisópolis. Da esqueda para a direita: deputado estaduai Eduardo Suplicy (PT-SP), Cláudio da Silva, ouvidor das polícias de SP, deputada estadual Ediane Maria (Psol-SP) e Adilson Sousa Santiago, presidente do Condepe - Herculano Barreto Filho/UOL
Integrantes do comitê de Paraisópolis. Da esqueda para a direita: deputado estaduai Eduardo Suplicy (PT-SP), Cláudio da Silva, ouvidor das polícias de SP, deputada estadual Ediane Maria (Psol-SP) e Adilson Sousa Santiago, presidente do Condepe Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL
do UOL

em São Paulo

04/07/2024 13h33

Entidades de Direitos Humanos criaram hoje (4) de manhã um comitê para apurar acusações de abuso policial em Paraisópolis, zona sul de São Paulo. O grupo teme que a escalada da violência faça com que as operações da força de segurança pública repitam o que ocorreu nas operações Escudo e Verão.

O que aconteceu

Atuação ostensiva da PM e escalada de violência. Cláudio Silva, ouvidor das polícias de SP, comparou as operações policiais no litoral paulista, que deixaram 84 mortes entre julho de 2023 e abril deste ano, com as ações em Paraisópolis. "São locais onde há muita pobreza, com pessoas que só querem viver sem casos de violência policial. Mas o que se percebe é uma escalada no nível de truculência da polícia de dezembro para cá", disse.

Comitê diz já ter uma série de evidência de violações dos direitos humanos em Paraisópolis em fotos e vídeos. No próximo sábado, membros do grupo irão coletar novos depoimentos após uma caminhada na comunidade.

Documento está sendo produzido com base em relatos repassados desde maio deste ano pelos moradores. Eles denunciam casos de invasão de domicílio, abordagens agressivas e até "toque de recolher", diz o documento.

O dossiê será entregue ao comando-geral da PM de São Paulo no dia 19 deste mês. Membros do comitê serão recebidos na próxima quarta-feira (10) pelo MP.

Batalhão que atua em Paraisópolis é apontado como o mais violento da capital paulista. O dado consta em relatório da Defensoria Pública com base em levantamento da letalidade policial entre 2013 e 2023.

O que os membros do comitê falaram

As operações foram intensificados. Com isso, é criado um cenário de terror. Hoje, Paraisópolis vive em um cenário de terror psicológico. E a polícia faz questão de espalhar isso. Estamos sendo marginalizados.
Janilton Oliveira, líder comunitário e ativista

Na Baixada Santista, há muita pobreza e a população só quer voltar à realidade cotidiana. Em Paraisópolis, a mesma coisa. Há pouca política pública. Mas presença bastante ostensiva da polícia. A gente exige que a atuação policial seja pautada pelo profissionalismo e com respeito aos limites legais.
Cláudio da Silva, ouvidor das polícias de SP

A gente não vê um olhar humanizado para a comunidade. É preciso falar o tempo inteiro que são trabalhadores. As pessoas têm medo de levar o filho para a escola ou sair para trabalhar porque não sabem se vão poder voltar.
Ediane Maria (PSOL), deputada estadual

Recebemos moradores de Paraisópolis, que relataram violações. Essa comunidade está sendo sufocada. Mas não está reagindo de maneira violenta. Os moradores estão estendendo a bandeira da paz. Quando a polícia chega, as crianças falam aos pais: "Eles chegaram". É um cenário de medo e pânico.
Adilson Sousa Santiago, presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana)

É preciso que haja um conjunto de ações para melhorar a qualidade de vida dos moradores de Paraisópolis.
Eduardo Suplicy (PT), deputado estadual

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