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Israel confisca mais de 1.200 hectares de terra na Cisjordânia ocupada, um recorde em 30 anos

04/07/2024 13h38

Israel aprovou o confisco de 1.270 hectares de terras na Cisjordânia ocupada, a maior tomada de terras em território palestino em três décadas, revelou a organização israelense Paz Agora na quarta-feira (03). O ano de 2024 é marcado por um grande crescimento no confisco de terras pelo Estado judeu, mas este foi o mais significativo desde os Acordos de Oslo de 1993, quando Israel e Palestina se comprometeram trabalhar pela paz entre os dois povos.

Estas terras, localizadas no Vale do Jordão, foram declaradas "propriedade do governo" pela autoridade israelense responsável pelos assuntos fundiários dos Territórios Palestinos no final de junho, segundo documentos oficiais consultados pela AFP.

De acordo com a organização Paz Agora, "o tamanho da área é o maior desde os Acordos de Oslo, e o ano de 2024 marca um pico na extensão das declarações de terras estatais".

A decisão israelense "é um passo na direção errada", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU. "A direção que queremos seguir é encontrar uma solução negociada de dois Estados" israelense e palestino, complementou.

Comunidade internacional denuncia confiscos

Desde o início do ano, o governo israelense se apropriou oficialmente de 23,7 quilômetros quadrados da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. Em 22 de março, Israel anunciou a tomada de 800 hectares de terras com o objetivo de construir novas colônias. A medida foi descrita como uma "provocação" pela Paz Agora, que explica que, com a decisão, os palestinos perdem o direito de propriedade ou uso de terras declaradas "terras do Estado".

Estas apropriações são com frequência denunciadas pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, o maior aliado de Israel. Após o anúncio da tomada de 800 hectares em março, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, descreveu a expansão das colônias israelenses como "contraproducente para alcançar uma paz duradoura" com os palestinos.

Isto ocorre num momento em que a violência e as tensões entre palestinos e israelenses na Cisjordânia aumentaram devido à guerra em Gaza.

A Paz Agora acrescentou que o primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, e o ministro das Finanças do país, Bezalel Smotrich, "estão determinados a lutar contra o mundo inteiro e contra os interesses do povo de Israel em benefício de um punhado de colonos".

"Hoje está claro para todos que este conflito não pode ser resolvido sem um acordo político que estabeleça um Estado palestino ao lado de Israel", continua a organização, "e, ainda assim, o governo opta por tornar isto mais difícil".

Colonizações são ilegais, diz ONU

A colonização israelense na Cisjordânia, incluindo a anexada Jerusalém Oriental, é ilegal aos olhos do direito internacional, lembra regularmente a ONU, para quem este avanço  é um dos principais obstáculos à resolução do conflito israelo-palestino de décadas.

Dezenas de colônias - ilegais até para Israel - foram estabelecidos na Cisjordânia e se somam aos assentamentos autorizados pelas autoridades israelenses. Cerca de 490 mil israelenses vivem em colonatos na Cisjordânia, entre cerca de três milhões de palestinos.

Organizações internacionais como o Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU denunciam, além da colonização, o assédio dos palestinos por parte dos colonos, o que leva estes palestinos a abandonarem as suas terras.

(Com RFI e AFP)

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