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Ibovespa replica parte do bom humor no dólar e juros por fiscal; folga em NY e petróleo limitam

São Paulo

04/07/2024 11h16

O anúncio de corte de gastos de quase R$ 26 bilhões nas contas do governo em 2025, feito nesta quarta-feira, 3, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é bem visto pelos investidores da Bolsa. Desta forma, o Ibovespa abriu em alta ainda refletindo a elevação de 1,70% do minério de ferro em Dalian, na China, e sinais da véspera de queda das taxas de juros nos EUA em setembro. O alívio também é sentido no dólar e nos juros futuros.

A divisa americana abriu rodando em torno de R$ 5,50, na máxima intradia, mas furou esse patamar e desceu até R$ 5,4668 (-1,70%) no mercado à vista. Assim, as taxas futuras cedem, diminuindo, por ora, as chances de aumento da Selic em 2024.

Além dos sinais de que o Fed começará a cortar juros em setembro, após dados divulgados na quarta, também é positivo o anúncio do corte de despesas discricionárias pelo governo, avalia, Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3. "O mercado só não estava andando porque eram só promessas. Queria algo efetivo em relação a corte de gastos. Com o anúncio, começa a olhar com bons olhos o fiscal", avalia.

Oliveira também afirma que são bem vistos pelo mercado os sinais de avanço da reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o primeiro projeto de regulamentação da reforma deve ir para votação no plenário na semana que vem.

Na manhã desta quinta-feira, 4, O deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA) afirmou que a expectativa da Câmara é de que o plenário vote, na próxima terça-feira, um requerimento de urgência para a tramitação da regulamentação da reforma tributária, mas a decisão depende de Lira.

"O fato de o Lira colocar o tema para discussão é muito bom, tende a começar a atrair capital estrangeiro para a Bolsa, que tem saído", completa Oliveira, da Blue3.

Porém, a valorização do principal indicador da B3 se esbarra no recuo do petróleo no exterior e na ausência das bolsas americanas, que estão fechadas por conta do feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as incertezas fiscais ainda não foram totalmente solucionadas.

"Não é porque fizeram este anúncio que os números das contas públicas mudarão. Mas a notícia é positiva e diminui a pressão. No entanto é preciso ver se serão concretizadas", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

Outro ponto que pode dificultar uma alta forte do Índice Bovespa é que ontem já houve uma reação positiva do mercado, em meio à fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a responsabilidade fiscal. Lula garantiu que o Brasil "jamais" será irresponsável do ponto de vista fiscal e reafirmou seu compromisso com o arcabouço fiscal.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa subiu 0,70%, fechando aos 125.661,89 pontos. Sem os mercados dos EUA, a liquidez deve ficar ainda mais reduzida. Na quarta, o giro somou R$ 21,6 bilhões.

Para a MCM Consultores, o apoio de Lula a Fernando Haddad é importante. Entretanto, a consultoria pondera em relatório fica a dúvida se essas medidas serão suficientes para acalmar as expectativas quanto ao cenário fiscal.

"Estão na direção correta, mas os efeitos na trajetória das despesas são incertos, especialmente o corte de despesas obrigatórias para 2025", explica a MCM.

Segundo a consultoria, questões relevantes para as contas públicas, como a política de valorização do salário mínimo e os pisos de gastos com educação e saúde, não foram tratadas. Para concretizar seu compromisso com o arcabouço fiscal nos próximos anos, o presidente Lula terá de aprovar medidas mais duras do lado das despesas, sugere a consultoria.

Às 10h58 desta quinta, o Ibovespa subia 0,54%, aos 126.285,34 pontos, ante elevação de 0,79%, na máxima aos 126.659,95 pontos, vindo de abertura aos 125.665,59 pontos, também a mínima, com variação zero. De 86 ações, só oito cediam. A maior queda era Prio ON (-1,32%). A maior alta, por sua vez, era Vamos ON, com 5,08%. Entre as blue chips, Petrobras caía entre 0,48% (PN) e 0,37% (ON). Vale passava a ceder (-0,17%). No caso dos grandes bancos, a elevação ia de 0,08% (Bradesco PN) a 1,12% (Unit de Santander).

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