Topo
Notícias

Médico acusado de assediar colega demitida após denúncia se torna réu

Policlínica Alvarenga, em São Bernardo do Campo - Divulgação/Prefeitura de São Bernardo do Campo
Policlínica Alvarenga, em São Bernardo do Campo Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Bernardo do Campo
do UOL

Do UOL, São Paulo

04/07/2024 14h55

Um ginecologista se tornou réu após uma colega de trabalho o denunciar por assédio sexual em março, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. O homem já esteve preso duas vezes acusado de abusar sexualmente de pacientes.

O que aconteceu

Rogério foi preso preventivamente no dia 13 de maio. A prisão ocorreu após ele comparecer na Delegacia de Defesa da Mulher de São Bernardo, confirmou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) ao UOL nesta quinta-feira (4).

O Tribunal de Justiça de São Paulo disse que a denúncia foi aceita e o médico se tornou réu por importunação sexual. O processo, no entanto, corre em segredo de Justiça, e outras informações não puderam ser passadas.

Ginecologista continua com registro médico ativo, em consulta realizada nesta quinta (4). O CFM (Conselho Federal de Medicina) também foi contatado para comentar o caso, mas não deu retorno até o momento.

O UOL tenta localizar a defesa de Rogério. O espaço segue aberto para manifestação.

Relembre o caso

A colega de trabalho denunciou o médico por importunação sexual dentro da sala de ultrassom. A funcionária procurou a delegacia no dia 4 de março para contar que o médico passou as mãos em partes íntimas dela enquanto trabalhava. A Sigma, empresa responsável pelos terceirizados, afirmou que o médico foi demitido após as denúncias.

A funcionária foi demitida duas semanas após registrar um boletim de ocorrência. A empresa alegou "mudança em quadro de funcionários" ao justificar a demissão da mulher.

Equipe do hospital "não demonstrou surpresa" com caso, disse vítima. A denunciante afirmou ao UOL que nem as representantes da Sigma, empresa responsável pela contratação dela, nem a direção da policlínica pareceram espantadas com a denúncia. A empresa negou que isso tenha acontecido e afirmou que as chefes da mulher acompanharam a jovem à delegacia para registro de queixa.

Após a denúncia, a funcionária não viu mais o médico na unidade. "Eu perguntava sobre o médico e elas falavam que ele estava afastado, que agora era tudo jurídico e que eu não precisava me preocupar", contou a jovem.

Funcionária foi orientada a fazer exame médico um dia antes da demissão. Em 18 de março, a vítima questionou a razão do exame e foi informada, segundo ela, que o procedimento seria "para ver como estava a situação" após o relato de assédio. A jovem informou que não pôde ter contato com colegas dentro da unidade de saúde após demissão. A empresa negou que tenha proibido contato da jovem com colegas.

Médico já esteve preso duas vezes antes

Em 2012, o homem foi detido por abusar de duas pacientes. As vítimas eram mãe e filha, que não foram identificadas.

Em 2019, Rogério Pedreiro foi condenado por violação sexual novamente e passou quatro meses foragido. Em março daquele ano, ele havia sido condenado a quatro anos e cinco meses de prisão, e foi pego em Moema, região nobre de São Paulo.

Saiba como denunciar

Violência sexual: as vítimas não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

Violência médica: em casos de violência cometida por um profissional de saúde, seja obstétrica ou sexual, é possível fazer denúncias em diversos canais.

Você pode procurar a ouvidoria do próprio hospital ou clínica. Também recebe denúncias o conselho regional de medicina de cada Estado (é possível encontrar informações neste link acessando a aba contatos). Caso o denunciado seja um enfermeiro, auxiliar ou técnico, procure o conselho de enfermagem da região (veja contatos dos órgãos por Estado neste link).

O Ministério Público Federal é outro órgão que pode receber denúncias, inclusive pela internet, neste link. Ainda podem ser acionados o Ministério da Mulher por meio do Ligue 180, canal do governo federal que funciona 24 horas por dia —funciona também por WhatsApp no número (61) 9610-0180 ou clicando neste link. O Disque Saúde, do Ministério da Saúde, é outra alternativa, e funciona no número 136.

Notícias