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Raí protesta contra extrema direita na França e compara com Bolsonaro: 'Um inferno'

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Imagem: Reprodução

04/07/2024 07h38Atualizada em 04/07/2024 09h56

As manifestações ocorreram em Paris e em várias cidades do país. Na capital, a Praça da República, no 11º distrito, ficou lotada na noite desta quarta-feira (3), a poucos dias antes do segundo turno das eleições legislativas, neste domingo (7). Várias associações e sindicatos convocaram a mobilização contra o partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen, que teve a participação de Raí, ex-craque do PSG que vive na França.

"Conheço bem a extrema direita e mentir é aquilo que eles fazem de melhor. Eu os conheci no poder. A extrema direita é o fim do mundo, dos direitos humanos e da humanidade", declarou Raí no palco, onde foi aplaudido pela multidão.

O ex-jogador também falou sobre os quatro anos de governo do ex-presidente Bolsonaro, que foram "um inferno", ressaltou. "Quatro anos de misoginia, de homofobia, preconceito, milhares de mortos, desmatamento. A extrema direta é o ódio", completou.

"Onde eles querem o ódio, vamos lutar com paixão e amor. Onde eles querem a repressão, resistiremos com liberdade. Onde eles querem a censura, a mentira e a ignorância, vamos usar a Ciência, a mobilização, a cooperação, a arte, a música e a dança. Às armas, cidadãos", disse Raí em alusão a uma estrofe da Marselhesa, o hino francês.

"Aqui é a França, a África, e todas as cores, e o respeito a todas as cores. É a República, a Democracia, a generosidade, a fraternidade e a resistência aos racistas! é a resistência aos facistas.Não deixem de votar meus amigos franceses."

No palco, além de Raí, sindicalistas, pesquisadores, artistas e ativistas, como o presidente da associação SOS Racismo, Dominique Sopo, pediram a mobilização do eleitorado.

Muitos manifestantes carregavam cartazes com o slogan da associação, "Touche pas à mon pote" ("Não encoste no meu amigo), segundo a jornalista da RFI Marie Casadebaig, que acompanhou os protestos.

"Lembre-se de que não nos mobilizamos apenas quando a extrema direita está às portas do poder! Nós nos mobilizamos antes, nos mobilizamos depois", disse a jornalista Rokhaya Diallo, militante feminista e antirracista.

A Prêmio Nobel da Literatura, Annie Ernaux, também enviou uma mensagem por vídeo. "Devemos impedir que o Reunião Nacional tenha maioria votando no candidato que se opõe a ela", disse.

"Pedir um voto em 7 de julho para um opositor político é um ato difícil", mas "essencial se quisermos continuarmos a ser capazes de viver juntos", enfatizaram os organizadores, referindo-se a todos as zonas eleitorais onde os candidatos se retiraram para bloquear o partido de Marine Le Pen.

"Quando a extrema direita está no poder, ela não o devolve, desestabiliza o Estado de Direito para destruir a liberdade de ação pública e assumir o controle de tudo", explicou o historiador Patrick Boucheron, no palco.

Responsabilidade da esquerda

"É claro que a responsabilidade da esquerda é imensa. O que a esquerda fez para perder todas essas cidades e vilarejos que deveria ter conquistado, transformado e onde deveria ter feito investimentos? Deve haver mais ambição em relação ao imposto sobre a riqueza, ao aumento dos salários, à tributação das multinacionais", lembrou a economista francesa Julia Cagé.

Em Avignon, no meio do festival de teatro, várias centenas de pessoas também marcharam contra o Reunião Nacional no início da noite de quarta-feira, disse um jornalista da AFP.

"O mundo espetáculo não compartilha os valores da extrema direita", disse Ghislain Gauthier, secretário-geral do sindicato CGT Spectacle. "As ameaças aos nossos setores são grandes", disse ele, "porque amanhã eles teriam a oportunidade de nomear nossas diretorias, de influenciar a programação, com o mesmo objetivo, de defender a preferência nacional em vez da abertura ao mundo".

(RFI e AFP)

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