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Dólar tem queda após anúncio de corte de gastos do governo

Ministros Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Esther Dwek fazem anúncio no Palácio do Planalto - Lucas Borges Teixeira/UOL
Ministros Fernando Haddad, Simone Tebet, Rui Costa e Esther Dwek fazem anúncio no Palácio do Planalto Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL
do UOL

Denyse Godoy, Alexandre Garcia, Lílian Cunha

do UOL, em São Paulo (SP)

04/07/2024 09h23Atualizada em 04/07/2024 14h22

O dólar comercial estava nesta quinta-feira (4) em queda após o governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciar um corte nas despesas públicas para cumprir a meta fiscal.

Cotação

Por volta das 14h, a moeda americana era negociada em baixa de 1,49%, vendida por R$ 5,485. A cotação não ficava abaixo de R$ 5,50 desde 25 de junho. No mesmo momento, o Ibovespa marcava alta de 0,47%, a 126.215,61 pontos.

Corte de gastos

O governo federal prometeu um corte de R$ 25,9 bilhões na proposta de orçamento do ano que vem e uma proposta de contingenciamento no relatório de despesas de julho ainda para este ano. O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira (3) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, se reuniram à noite com o presidente Lula (PT). O governo vem sofrendo pressão do mercado e do Congresso para que apresente alternativas de diminuição de despesas.

O que dizem analistas do mercado

É um valor razoável e possível. "O corte anunciado pelo ministro Fernando Haddad é bastante factível, do ponto de vista contábil e financeiro, porque há questões políticas a serem resolvidas. Só o corte de 1 ponto percentual na taxa Selic representa R$ 50 bilhões a menos de gastos anuais para o Tesouro Nacional no pagamento de juros. Então, cortar R$ 25 bilhões não é um exagero", disse Pedro Afonso Gomes, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia).

Anúncio já acalmou mercados, mesmo que versão final dos cortes saia só no dia 22 de julho. "Trata-se de uma tarefa hercúlea, cuja execução ainda gera grandes dúvidas. De todo modo, o componente de comunicação, que gerou a derrocada, se suaviza e deve se refletir nos ativos", diz Étore Sanchez, da Ativa Investimentos.

Declarações são positivas. É o que diz Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren e colunista do UOL em post no X.

Foi o que disse também Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "Foi a primeira sinalização na direção correta, ao meu ver, que seria a busca pela equalização das contas públicas, não só pelo lado da receita, mas também olhando para o lado das despesas.

Mercado espera cortes mais constantes. "Cumprir o arcabouço em 2024, o que já é muito difícil, será apenas o primeiro passo na reconstrução da credibilidade do instrumento de controle fiscal, sendo necessário que o compromisso com os demais anos seja executado à risca", diz Sanchez.

Preserva credibilidade do arcabouço fiscal. "Isso está sendo feito de forma a preservar a credibilidade do novo arcabouço fiscal, que vem sofrendo bastante com o ceticismo do mercado.

Por que os cortes afetam a cotação do dólar?

O dólar vem subindo em 84 países de um conjunto de 118 analisados pela Austin Rating. A inflação e o juro nos Estados Unidos fazem os investidores migrarem suas aplicações para o tesouro americano, a aplicação mais segura do mundo, que está pagando até 5,5% ao ano.

Mas também há componentes domésticos. Se o risco fiscal não tivesse aumentado, o governo não tivesse modificado as metas de inflação em abril e não tivesse feito diversas críticas ao Banco Central, o dólar estaria agora em R$ 5,10, segundo cálculos da gestora WHG.

O mercado teme que o governo perca o controle dos gastos e isso gere uma crise em breve. Por isso, os investidores, nesse ambiente, avaliam que deixar o dinheiro aqui é um risco muito grande e se desfazem das aplicações no Brasil. Quem fica, exige que o prêmio aumente, já que a chance de perdas é grande. Por isso, as ações ficam mais baratas, o juro continua alto e o real se desvaloriza.

Mas, se o governo diz que vai economizar, a coisa muda. O mercado fica com esperança de que, gastando menos, a inflação fique sob controle. Nesse caso, os juros podem voltar a cair.

Isso pode acontecer também nos Estados Unidos

Na quarta, o dólar registrou queda de 1,72% ontem e fechou a R$ 5,57. O recuo da seguiu um movimento global, por conta do relatório de emprego da ADP, nos EUA. O número de vagas de emprego no setor privado em junho diminuiu e encerrou o mês em 150 mil, quando analistas esperavam que subisse para 158 mil.

Isso é bom porque, nos EUA, quanto mais emprego há, mais os consumidores gastam. E, se compram mais, os preços não caem. Então, menos vagas ajudam a conter a inflação.

E a Bolsa?

As notícias também são boas, por conta da China. Lá, o valor do minério de ferro subiram pelo quinto dia seguido nesta quinta-feira, apagando a maior parte das perdas registradas no mês anterior.

Isso ajuda as ações de siderúrgicas e principalmente da Vale (VALE3). O preço na China subiu devido a dados de atividade fabril melhores do que o esperado no país, que é o principal mercado consumidor de minério. Também esperam-se mais medidas de estímulo na segunda maior economia do mundo no final deste mês.

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