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Israel confisca 12,7 km2 de terras na Cisjordânia ocupada

03/07/2024 11h18

Israel aprovou o confisco de 12,7 quilômetros quadrados na Cisjordânia ocupada, o que uma ONG denunciou nesta quarta-feira (3) como a maior apropriação de terras naquela região palestina em três décadas. 

A agência israelense responsável pelos assuntos territoriais nesta região declarou em junho as terras no Vale do Jordão como "propriedade estatal", segundo uma declaração divulgada pela organização Peace Now e obtida pela AFP.

"A área designada para confisco é a maior desde os Acordos de Oslo (1993)", apontou a Peace Now.

O ano de 2024, com 23,7 km² de terras confiscadas na Cisjordânia, "marca o pico na extensão das declarações de terras estatais", acrescentou a organização.

Quando um terreno é declarado "propriedade estatal", os palestinos perdem os direitos de propriedade privada e de utilização daquela área, explicou a ONG.

Israel tomou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza na guerra árabe-israelense de 1967. 

Desde então, construiu dezenas de assentamentos na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional, onde vivem mais de 490.000 israelenses. Cerca de três milhões de palestinos residem na Cisjordânia.

Israel declarou como "propriedade estatal" centenas de quilômetros quadrados na década de 80, mas interrompeu os confiscos entre 1992 e 1996, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu os retomou.

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que é de extrema direita, anunciou anteriormente o confisco de 8 km² em março.

"Alguns em Israel e no mundo tentam minar nossos direitos sobre a Judeia e a Samaria (...), mas estamos promovendo os assentamentos com trabalho árduo e de forma estratégica em todo o país", argumentou Smotrich na época, utilizando a terminologia israelense para Cisjordânia.

As autoridades até o momento se abstiveram de comentar sobre este último confisco, que ocorre em meio ao aumento das tensões com os palestinos devido à guerra em Gaza.

A Peace Now acusou Netanyahu e Smotrich de priorizarem "um punhado de colonos", em vez de buscarem acordos políticos para encerrar o conflito.

"Hoje está claro para todos que este conflito não pode ser resolvido sem um acordo político que estabeleça um Estado palestino junto a Israel", afirmou a ONG.

A ONU advertiu que a aceleração da construção de assentamentos ilegais por parte de Israel desde o início da guerra em Gaza em 7 de outubro corre o risco de inviabilizar a criação de um Estado palestino viável.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também criticou a expansão dos assentamentos como "contraproducente para alcançar uma paz duradoura" entre israelenses e palestinos.

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© Agence France-Presse

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