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Haiti "recuperará o controle de todo o território nacional", afirma o primeiro-ministro Garry Conille

03/07/2024 12h19

Em visita diplomática aos Estados Unidos, o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, concedeu uma entrevista exclusiva à RFI para falar sobre a crise humanitária e de segurança enfrentada pelo país nos últimos meses. Conille afirmou que o "Estado recuperará o controle do território nacional", hoje dominado por gangues.

"Como disse anteriormente, a polícia nacional haitiana nunca deixou de intervir e nunca deixou de proteger a população. Obviamente, com as limitações que se conhece. E nesse sentido, presumo que as gangues estejam se posicionando. Mas o certo é que, independentemente do que façam, garanto a vocês que em um futuro não muito distante, o Estado recuperará o controle de todo o território nacional", garantiu o primeiro-ministro.

Garry Conille assumiu o cargo no dia 12 de junho nomeado pelo Conselho Presidencial de Transição, depois que o então primeiro-ministro Ariel Henry renunciou em 11 de março, sob pressão internacional diante de uma onda sem precedentes de violência de gangues no país.

A viagem aos EUA é o primeiro compromisso diplomático de Conille no exterior desde a posse no cargo. Ele passou por Nova Iorque e Washington, onde se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e com outros parceiros internacionais.

À RFI o chefe de governo haitiano afirmou que a prioridade é restaurar a segurança do país, onde a maior parte do território é controlada por gangues, e que o objetivo da visita aos Estados Unidos é atrair a atenção da comunidade internacional novamente para a grave crise no país caribenho.

"A visita a Washington faz parte de um esforço que estamos fazendo para mobilizar novamente a comunidade internacional em torno da questão haitiana. Em primeiro lugar, recordar a situação no Haiti, onde 80% do território da área metropolitana é controlado por gangues e onde metade da população não tem alimentação suficiente. Temos problemas que são muito, muito sérios. Isto faz parte do processo que estamos fazendo para garantir que a comunidade internacional continue a nos apoiar", explicou Conille.

Novas eleições e evasão de 600 mil pessoas

A situação no Haiti se agravou no início de 2024, quando gangues, agrupadas em uma coalizão chamada "Vivre Ensemble" (Viver junto), passaram a controlar pelo menos 80% da capital Porto Príncipe. A onda de violência deixou pelo menos 1.660 mortos desde janeiro, de acordo com a ONU.

Um dos compromissos de Garry Conille como primeiro-ministro é organizar novas eleições a fim de entregar as chaves do país até o começo de 2026, no máximo. Porém, além das mortes, a escalada da violência também provocou um deslocamento de cerca de 600 mil pessoas. Algo que torna a realização de um novo pleito ainda mais desafiador.

"Estamos determinados a fazê-lo (cumprir o prazo). Acho que isso é absolutamente essencial. Devemos ser capazes de ter um governo eleito o mais rápido possível, o mais tardar em 7 de fevereiro de 2026", explica Conille.

"A primeira coisa é que devemos restaurar a confiança da população nas instituições e na capacidade desta transição para poder criar efetivamente um ambiente que lhe permita avançar para as eleições. O que acreditamos que podemos fazer. Conseguimos mobilizar homens e mulheres que são conhecidos pela sua integridade, pela sua capacidade de trabalho, pelo seu profissionalismo e pelas suas competências", disse. 

Garry Conille promete ter uma conversa constante com a população e muita transparência. "Diremos a eles exatamente o que podemos e o que não podemos fazer. Esperamos incluí-los constantemente no que estamos fazendo. E esperamos que assim possamos chegar lá", concluiu o primeiro-ministro haitiano.

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