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Viktor Orbán faz primeira visita à Ucrânia desde o início da guerra com a Rússia

02/07/2024 10h52

O primeiro-ministro húngaro está em Kiev nesta terça-feira (02). É a primeira visita de Orbán ao país desde o início da invasão russa, apesar das fortes tensões ligadas à sua proximidade com Moscou. Ele também tem se oposto à ajuda fornecida pela União Europeia (UE) ao país. Durante a reunião com o presidente Volodymyr Zelensky, o ucraniano insistiu na importância de uma "paz justa" para o seu país.

O líder "chegou a Kiev para discussões com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky", disse o seu secretário de imprensa, Bertalan Havasi, citado pela agência de notícias nacional MTI.

Viktor Orbán, cujo país acaba de assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia durante seis meses, destaca-se claramente de outros líderes ocidentais. Ele se opõe regularmente à ajuda militar à Ucrânia, extremamente valiosa para Kiev, e apela constantemente por um cessar-fogo.

No início do ano, Orbán vetou uma dotação de €50 bilhões, valor que depois foi liberado, mas com atraso, denunciado pelas autoridades ucranianas.

Veto à entrada da Ucrânia na UE

O líder, no poder desde 2010, também foi contra qualquer discussão sobre a adesão da Ucrânia à UE, julgando que o país não está pronto. Ele abandonou a mesa da cúpula dos líderes em dezembro passado, quando os seus 26 homólogos decidiram abrir as negociações de adesão com Kiev.

Na segunda-feira (01), o presidente Zelensky deu os "parabéns" à Hungria pelo início da sua presidência da UE. Ele disse esperar que o país promova "valores, objetivos e interesses europeus comuns".

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Viktor Orbán manteve-se próximo da Rússia e do seu presidente, Vladimir Putin, com quem o Ocidente cortou relações desde o início da guerra na Ucrânia. Indo na contramão, ele fortalece os laços políticos e econômicos do seu país com o Kremlin. A Rússia continua a ser uma fonte fundamental para as necessidades energéticas do país da Europa Central. A Hungria continua comprando gás russo.

Orbán também desaprova as sanções europeias aprovadas contra a Rússia e tenta suavizá-las. Ele, por diversas vezes, classificou a invasão russa da Ucrânia como uma "operação militar", usando um eufemismo imposto pelo Kremlin para evitar falar em guerra.

Comunidade húngara na Ucrânia

Então, o que esperar da viagem de Orbán a Kiev? Difícil responder. "O tema mais importante destas discussões será a possibilidade de construir a paz", declarou o secretário de imprensa de Viktor Orbán.

"Pedi ao presidente Zelensky que considerasse a possibilidade de um cessar-fogo rapidamente", que seria "limitado no tempo e permitiria acelerar as negociações de paz", declarou o líder nacionalista.

Por sua vez, Volodymyr Zelensky apelou a Viktor Orbán para que apoiasse a ajuda militar europeia a Kiev: "É também muito importante para todos nós que o apoio da Europa à Ucrânia permaneça em um nível suficiente, incluindo a nossa defesa contra o terrorismo russo", explicou ele numa conferência de imprensa.

Mas, para além do conflito com a Rússia, haverá, sem dúvida, outro assunto, que durante anos dividiu profundamente a Hungria e a Ucrânia: a situação da minoria húngara, cerca de 100 mil pessoas que vivem na Transcarpática, na fronteira entre os dois países.

Durante anos, Viktor Orbán acusou a Ucrânia de violar os direitos desta minoria, particularmente na questão do ensino da língua húngara. Segundo um diário britânico, um acordo foi concluído antes desta viagem e será anunciado nesta ocasião.

(Com RFI e AFP)

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