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Israel retoma bombardeios no sul de Gaza e 250 mil palestinos são obrigados a deixar território

02/07/2024 12h07

O Exército israelense voltou a bombardear a Faixa de Gaza nesta terça-feira (2) e novas ordens de evacuação foram emitidas no sul do território palestino, totalmente devastado por quase nove meses de guerra. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 250 mil pessoas terão de ser deslocadas.

"Vimos pessoas se mudarem, famílias fazendo as malas", disse Louise Wateridge, porta-voz da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na silga em inglês), aos jornalistas em Genebra, em uma videoconferência realizada direto de Gaza.

A UNRWA "estima que cerca de 250 mil pessoas foram afetadas por estas novas ordens", acrescentou.

Entretanto, o Exército israelense afirma que continua as suas operações em Shujaiya (norte), no centro da Faixa de Gaza, bem como em Rafah, no sul do território palestino, onde emitiu na segunda-feira (1°) novas ordens de evacuação da população.

Imagens da AFP mostram famílias deslocadas em meio às ruínas da cidade de Khan Yunis (sul), fugindo mais uma vez à pé ou amontoadas em trailers.

Além dos deslocamentos massivos, a guerra, desencadeada em 7 de outubro por um ataque do Hamas em solo israelense, causou uma catástrofe humanitária no território onde vivem 2,4 milhões, segundo a ONU, em condições "desastrosas". 

Depois de lançar uma ofensiva terrestre em 27 de outubro no norte da Faixa de Gaza, o Exército israelense rumou gradualmente para o sul, onde lançou uma operação terrestre, em 7 de maio, em Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito, então apresentada como a fase final da guerra, forçando um milhão de palestinos a fugirem, segundo a ONU.

Mas nas últimas semanas, os combates voltaram a aumentar de intensidade em várias regiões que o Exército dizia controlar, especialmente no norte do território.

'Não há lugar para ficar'

As novas ordens de evacuação emitidas pelo Exército israelense no sul da Faixa de Gaza vieram após a alegação, nesta segunda-feira, de que foguetes teriam sido disparados contra Israel pela Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino.

O Exército disse ter como alvo a origem destes tiros, nas proximidades de Khan Younes. Fontes médicas palestinas relataram pelo menos oito mortes e mais de 30 feridos nos bombardeios israelenses na mesma localidade e em Rafah.

As forças armadas israelense também anunciaram a morte de dois soldados no centro da Faixa de Gaza, elevando para 319 o número de militares mortos desde 27 de outubro.

No norte, o Exército afirma que continuam as operações lançadas em 27 de junho em Shujaiya, alegando ter eliminado "muitos terroristas" naquele local. Um correspondente da AFP relatou novos bombardeios neste bairro oriental da cidade de Gaza na terça-feira. Segundo a ONU, entre 60 mil e 80 mil pessoas fugiram dos bombardeios e combates em Shujaiya nos últimos dias.

"Fugimos de Shujaiya. A situação é muito difícil. Não temos onde ficar", disse um palestino que encontrou refúgio no oeste da cidade de Gaza.

A ofensiva do Exército de Israel na Faixa de Gaza matou 37.925 pessoas desde 7 de outubro, a maioria delas civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo de Gaza, liderado pelo Hamas.

Acusações de tortura

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse há mais de uma semana, que a fase "intensa" da guerra estava chegando ao fim.

"Estamos avançando para o fim da fase de eliminação do exército terrorista do Hamas", no poder na Faixa de Gaza desde 2007, voltou a afirmar na segunda-feira Netanyahu.

"Ouvimos os israelenses falarem de uma queda significativa nas suas operações (...). Isso ainda não está sendo visto", respondeu o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

Ainda na segunda-feira, dezenas de prisioneiros palestinos, incluindo o diretor do hospital Al-Shifa, Mohammed Abou Salmiya, foram libertados por Israel e transferidos para hospitais em Gaza, segundo uma fonte médica.

Salmiya alegou ter sido submetido a "tortura severa" durante os sete meses de detenção. "Os presos são submetidos a todo tipo de tortura.Muitos prisioneiros morreram", acusou o diretor do hospital.

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Em Israel, Netanyahu denunciou esta libertação como um "erro grave", considerando que "o lugar deste homem, sob cuja responsabilidade os nossos reféns foram mortos e detidos, é na prisão". O Shin Beth (Segurança Interna de Israel) justificou a soltura como uma forma "de liberar vagas" nas prisões.

(Com AFP)

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