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Participação histórica nas eleições legislativas mostra fortalecimento da democracia francesa

01/07/2024 12h38

Especialistas políticos ouvidos pela RFI, nesta segunda-feira (1°), analisaram os resultados do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas na França, que aconteceu no domingo (30). O Reunião Nacional (partido de Marine Le Pen e Jordan Bardella) e seus aliados conquistaram 34% dos votos, enquanto a Nova Frente Popular, união dos partidos da esquerda, ficou em segundo lugar com 28% dos votos. Já o grupo do presidente Emmanuel Macron chegou em terceiro, com 20% dos votos.

Especialistas políticos ouvidos pela RFI, nesta segunda-feira (1°), analisaram os resultados do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas na França, que aconteceu no domingo (30). O Reunião Nacional (partido de Marine Le Pen e Jordan Bardella) e seus aliados conquistaram 34% dos votos, enquanto a Nova Frente Popular, união dos partidos da esquerda, ficou em segundo lugar com 28% dos votos. Já o grupo do presidente Emmanuel Macron chegou em terceiro, com 20% dos votos.

O cientista político Dorian Dreuil, professor da Universidade Paris Nanterre, destacou as lições que se pode tirar da votação de domingo, quando foi registrada uma participação histórica de eleitores, que chegou a 66,71%, a maior dos últimos 40 anos. Para ele, estes números recordes mostram um fortalecimento da democracia francesa, para além do resultado nas urnas.

"Esse primeiro turno, de certa forma, é histórico sob muitos aspectos, quando olhamos os dados com um pouco de atenção, do ponto de vista de participação, de fato. Observamos um despertar democrático, uma nova mobilização muito forte ao ver taxas que não víamos desde 1997. O que é bom para a nossa vitalidade democrática e mostra também que, quando há um interesse político numa eleição legislativa, e não é apenas seguida pela continuação de uma eleição presidencial, isso traz tensão e, portanto, mobiliza", explica o cientista político.

Na avaliação de Dreuil, o contexto destas eleições legislativas, seguida de uma dissolução do Assembleia dos deputados, também ressalta um crescimento da influência parlamentar na política francesa atualmente.

"Dissociadas das eleições presidenciais, há ainda mais coisas em jogo. O que reflete uma forma de parlamentarização da nossa vida política, da nossa vida democrática", opina.

Como deve ser o cenário no 2º turno

Já a comentarista política Émilie Zapalski destacou que o favoritismo do partido Reunião Nacional (RN), de extrema direita, apontado pelas pesquisas eleitorais acabou se confirmando nas urnas.

Ela também analisou como seguirão as disputas no segundo turno, que acontece no próximo domingo, dia 7 de julho. "As pesquisas não estavam erradas. E aconteceu exatamente o mesmo nas eleições europeias. Ou seja, o avanço da Reunião Nacional está confirmado", enfatizou.

"Agora, sobre a maioria absoluta (no parlamento), vamos ver se isso irá se confirmar [...] O segundo turno vai ser mesmo em função de desistências ou não. A ver, por exemplo, se haverá desistências caso um candidato do RN esteja próximo de vencer", explica a comentarista, referindo-se à pulverização de votos, que gerou o que analistas franceses chamam de "2º turno triangular", envolvendo em alguns casos até três candidatos disputando por circunscrição (zona eleitoral). Alguns políticos já anunciaram a retirada de suas candidaturas para concentrar os votos no candidato com mais chances de vencer ante a extrema direita. 

"Por fim, a Nova Frente Popular também pode ganhar uma nova cara caso adote essa estratégia. É isso que é interessante. É necessário pensar que depois de 7 de julho, haverá uma força que representa a extrema direita e o RN [...] e do outro lado, a Nova Frente Popular, que terá maior destaque [do que antes]. Parece-me que é uma recomposição possível", avaliou a comentarista.

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