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30 anos do Real: Cédula de R$ 1 tem circulação maior do que nota de R$ 200

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto
do UOL

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo

29/06/2024 04h00

Lançada pelo BC (Banco Central) em setembro de 2020 para atender o aumento da procura por dinheiro no ano marcado pela pandemia do coronavírus, a nota de R$ 200 é a de menor circulação no Brasil. Com 143,5 milhões de unidades nas mãos dos brasileiros, a cédula caçula do real ainda tem presença menor do que a de R$ 1, que deixou de ser fabricada em 2006.

O que aconteceu

Nota de R$ 200 tem a menor circulação entre as cédulas do real. Emitida há quase quatro anos, a cédula ainda tem presença abaixo da verificada para os modelos de R$ 1, já não produzidos há mais de 18 anos. Conforma os números do Sismecir (Sistema de Administração do Meio Circulante), há 143,5 milhões de notas de R$ 200, contra 148,6 milhões de R$ 1.

Criação buscava conter a demanda por dinheiro em espécie. A iniciativa do BC de lançar a cédula de maior valor foi tomada em meio à pandemia de coronavírus. A novidade teve o objetivo de "permitir o funcionamento adequado da economia e do sistema financeiro nacional", afirma Antônio José Medina, chefe do Departamento do Meio Circulante da autoridade monetária.

A cédula de R$ 200, apesar de representar 1,9% da quantidade em circulação, compõe 8,5% do valor em circulação, correspondendo a R$ 28,7 bilhões, a terceira maior nesse quesito.
Antônio José Medina, chefe do Departamento do Meio Circulante do BC

Lançamento esbarrou na criação do Pix. Apesar de avaliar a criação como adequada diante do aumento da demanda por dinheiro com a liberação do auxílio emergencial, Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School, afirma que a cédula perdeu espaço com o sucesso da ferramenta de pagamentos instantâneos do BC.

Olhando retrospectivamente, o lançamento da nota de R$ 200 foi desnecessário, pela ampla utilização e sucesso do Pix e pela estagnação da renda da população mais vulnerável.
Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School

Caçula do real é o modelo mais produzido. Ainda que ocupe a lanterna entre as faces do real, a nota de R$ 200 lidera em volume de emissões desde seu lançamento. Em 2023, o número de unidades em circulação cresceu 13,6%. A segunda mais produzida foi a de R$ 10, com aumento de 8,3%. As cédulas de R$ 20 e R$ 50, por sua vez, perderam espaço, com quedas de 4,9% e 8,4%, respectivamente.

R$ 1

Nota de R$ 1 - Bruno Domingos/Reuters - Bruno Domingos/Reuters
Nota de R$ 1 deu espaço às moedas de igual valor
Imagem: Bruno Domingos/Reuters

Modelo da primeira família do real deu lugar às moedas de R$ 1. Para conter os gastos com a fabricação da nota de valor monetário mais baixo, o BC interrompeu a produção do modelo. Segundo Medina, elas foram substituídas gradualmente pelas moedas de igual valor devido à "vantagem econômica sobre as cédulas" devido à vida útil maior.

Número de cédulas de R$ 1 cresceu mesmo fora da linha de produção. Nos anos de 2015 e 2021, a quantidade de notas de R$ 1 aumentou, apesar da circulação encerrada há dez anos. Medina, do BC, classifica os movimentos como irrelevantes. "Eventual aumento, sem relevância, pode ter ocorrido ao longo do ano por emissão de quantidades remanescentes em estoque", avalia ele.

Notas ainda têm valor comercial. Caso o consumidor encontre uma cédula de R$ 1 perdida em um bolso ou gaveta, ele pode utilizá-la normalmente para completar o valor de alguma compra. Há, no entanto, a possibilidade de vender o modelo como raridade.

Cédulas viraram item de colecionador. Apesar da ainda não ter a menor presença, o modelo fora de circulação já é tido como raridade. Em sites diversos, a cédula da primeira família do real é vendida por valores relativamente acima do valor original. Os modelos mais antigos e com erros de fabricação são os de maior valor.

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