Topo
Notícias

REPORTAGEM

Quanto dá para ganhar ao investir R$ 5.000 todo ano nessas 18 ações

do UOL

Colunista do UOL

28/06/2024 04h00

Com a Selic no patamar de 10,50%, 18 ações conseguem entregar um retorno em dividendos (dividend yield) acima da taxa básica de juros. Nomes como Petrobras, Vulcabras, Metal Leve e Copasa se destacam. Veja lista completa de ações nesta reportagem.

Mas o que aconteceria se o investidor fizesse aportes anuais de R$ 5.000 (equivalente a aportes mensais de R$ 417) nestas ações durante um período de acumulação de dez anos? Quanto renderia este valor investido em renda passiva? Levantamento exclusivo de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos para a coluna mostra qual seria o resultado.

Foi considerado para este estudo a mediana de dividend yield destas empresas nos últimos cinco anos ou desde sua abertura de capital, para trazer um cenário mais conservador e realista ao investidor. Além disso, foi levado em conta que o investidor reaplicaria todo o dividendo recebido nesse período. A simulação considera que o pagamento se mantenha o mesmo da mediana dos últimos cinco anos.

Quanto rendem por mês aportes de R$ 5.000 por 10 anos?

Na Petrobras, o investidor teria um patrimônio de R$ 141.945 ao final de 10 anos. A empresa possui um dividend yield de 21,81%. Isso proporcionaria uma renda anual em dividendos de R$ 30.958 ou uma renda mensal de R$ 2.580.

Veja o cenário para outras empresas abaixo. Confira qual seria o patrimônio acumulado e a renda passiva mensal.

Petrobras (PETR4)

  • Mediana do DY 21,81%
  • Patrimônio final R$ 141.945
  • Renda mensal R$ 2.580

Petrobras (PETR3)

  • Mediana do DY 19,36%
  • Patrimônio final R$ 125.757
  • Renda mensal R$ 2.029

Vulcabras (VULC3)

  • Mediana do DY 18,72%
  • Patrimônio final R$ 121.851
  • Renda mensal R$ 1.901

Metal Leve (LEVE3)

  • Mediana do DY 18,01%
  • Patrimônio final R$ 117.664
  • Renda mensal R$ 1.766

Copasa (CSMG3)

  • Mediana do DY 17,67%
  • Patrimônio final R$ 115.713
  • Renda mensal R$ 1.704

Even (EVEN3)

  • Mediana do DY 15,27%
  • Patrimônio final R$ 102.867
  • Renda mensal R$ 1.309

Cury (CURY3)

  • Mediana do DY 14,54%
  • Patrimônio final R$ 99.265
  • Renda mensal R$ 1.203

Brasilagro (AGRO3)

  • Mediana do DY 13,41%
  • Patrimônio final R$ 93.951
  • Renda mensal R$ 1.050

Auren (AURE3)

  • Mediana do DY 13,03%
  • Patrimônio final R$ 92.233
  • Renda mensal R$ 1.001

Bradespar (BRAP4)

  • Mediana do DY 12,57%
  • Patrimônio final R$ 90.198
  • Renda mensal R$ 945

Metalúrgica Gerdau (GOAU4)

  • Mediana do DY 11,75%
  • Patrimônio final R$ 86.690
  • Renda mensal R$ 849

CSN Mineração (CMIN3)

  • Mediana do DY 11,52%
  • Patrimônio final R$ 85.733
  • Renda mensal R$ 823

Marcopolo (POMO4)

  • Mediana do DY 11,37%
  • Patrimônio final R$ 85.114
  • Renda mensal R$ 806

Cemig (CMIG4)

  • Mediana do DY 11,30%
  • Patrimônio final R$ 84.827
  • Renda mensal R$ 799

CPFL Energia (CPFE3)

  • Mediana do DY 11,05%
  • Patrimônio final R$ 83.812
  • Renda mensal R$ 772

CSN (CSNA3)

  • Mediana do DY 10,87%
  • Patrimônio final R$ 83.088
  • Renda mensal R$ 753

Petrorecôncavo (RECV3)

  • Mediana do DY 10,50%
  • Patrimônio final R$ 81.623
  • Renda mensal R$ 714

Caixa Seguridade (CXSE3)

  • Mediana do DY 10,50%
  • Patrimônio final R$ 81.623
  • Renda mensal R$ 714
DY= dividend yield (retorno em dividendos)

Ações perenes ou 'pimentinhas'?

Para quem busca menos volatilidade no seu planejamento para o longo prazo, analistas citam algumas companhias que se caracterizam pela sua perenidade e resiliência.

Caixa Seguridade (CXSE3)

A Caixa Seguridade (CXSE3) integra o setor de seguros, que é perene, e vem entregando fortes resultados operacionais e alta rentabilidade. Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, diz que a companhia tem ampla capilaridade em todo o Brasil e costuma distribuir cerca de 80% do seu lucro (payout) na forma de proventos. "Seus contratos longos (até 2050) oferecem uma boa previsibilidade de geração de receitas", afirma.

Enquanto os juros permanecem elevados, a companhia se beneficia por conta de um resultado financeiro maior. O analista projeta um dividend yield de 9,2% para CXSE3 em 2024.

Em 2024, ela está pagando seus acionistas a cada trimestre. No passado, o pagamento era semestral, diz Bruno Oliveira, analista da plataforma AGF. Ele enxerga essa mudança com bons olhos, já que não atrapalha as operações da empresa, mas valoriza o pequeno acionista pelo aumento de previsibilidade na renda passiva. Ele projeta um dividend yield de 8,1% para CXSE3 em 2024. O preço-teto de compra para garantir pelo menos 6% de dividendos é de R$19,58.

Já entre os pontos de atenção, Oliveira destaca a forte exposição da Caixa Seguridade ao segmento imobiliário, que de tempos em tempos é alvo de movimentos especulativos no Brasil. "Vemos alguns planejamentos do Minha Casa, Minha Vida, que podem ficar expostos a aumento de preço de forma descabida ou concessão para os clientes acima do saudável", afirma Oliveira.

Cemig (CMIG4)

A Cemig atua com distribuição de energia elétrica em Minas Gerais, além de estar presente no segmento de geração, transmissão e fornecimento de gás.
Sua operação é atrativa e o endividamento está em queda, o que é favorável diante de juros elevados, diz Biz.

Outra vantagem é que ela também trabalha com geração térmica. Ou seja, em anos com pouca chuva, consegue ter uma margem de lucro boa e é pouco dependente do preço da energia. "Pode chover muito ou pode chover pouco, a Cemig vai ganhar dinheiro. E isso traz bastante resiliência para o resultado dela", aponta Renato Reis, analista da Blue3 Research.

Além disso, o preço da ação está abaixo da sua média histórica, o que pode representar uma oportunidade interessante.

Porém, entre os pontos de atenção, o lucro líquido está em queda. Reis lembra, que quando o custo da energia sobe, nem sempre a Cemig consegue repassar essa alta nos preços da distribuição ao consumidor, o que acaba diminuindo os ganhos.

Para 2024, a projeção de Biz é de um dividend yield de 8,5% para as ações CMIG4. Mesmo na pandemia a Cemig entregou 11% de dividend yield. Para os próximos 12 meses, a projeção de Reis é de um retorno em dividendos de 9,5%.

Metal Leve (LEVE3)

A Metal Leve fabrica e comercializa motores a combustão interna e filtros automotivos, um segmento altamente competitivo. O seu centro tecnológico de Jundiaí se encontra entre os maiores e mais bem equipados centros de desenvolvimento de motores da América do Sul.

A alavancagem da dívida é confortável, com pagamentos no longo prazo e custo baixo, diz Biz. Segundo o analista, a Metal Leve tem como padrão histórico distribuir cerca de 100% dos lucros, o que sinaliza a capacidade e intenção da companhia de entregar quase todo o seu lucro aos acionistas na forma de proventos. Para 2024, sem efeitos recorrentes, a expectativa de Biz é de um dividend yield de 8%.

Já entre os riscos, há mais concorrência de empresas de peças de reposição chinesas, que oferecem menor qualidade, porém também menor preço. "Isso poderia levar a uma guerra de preços que pressionaria as margens da Metal Leve", observa Biz.

Já para quem busca acrescentar um pouco mais de risco na sua carteira, os analistas citam uma companhia cíclica, que depende da economia brasileira, mas que tem capacidade de entregar dividendos elevados nos próximos dois anos.

Cury (CURY3)

Reis, da Blue3 Research, explica que a Cury (CURY3) soube aproveitar o ciclo de crescimento positivo no Minha Casa Minha Vida e agora está começando a trabalhar com imóveis na faixa de R$ 400 mil e R$ 500 mil. O analista aponta que a companhia expandiu receita, cresceu de forma acelerada e deve trabalhar com um payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) de entre 40% e 50%.

"É uma empresa que cresceu o que tinha que crescer e, agora que o mercado não está tão aquecido, vai começar a consolidar e pagar bons dividendos", afirma Reis. Nos últimos 12 meses, o dividend yield da Cury chegou a 10,55%. Já pelas projeções de Reis, o retorno em dividendos para os próximos 12 meses seria de entre 9,5% e 10%.

O analista defende que a Cury teve a melhor execução e eficiência do setor entre as construtoras que trabalham com o programa Minha Casa Minha Vida. Já entre os pontos de atenção lembra que o setor de construção é cíclico e possui dificuldade de operar quando os juros estão elevados por muito tempo ou ocorre uma crise econômica no país.

Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest, também reforça que a Cury é uma companhia muito eficiente e com um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) elevado. "É a empresa mais rentável do setor de construção", observa.

Para o analista, a companhia tem potencial de entregar bons resultados nos próximos dois anos por conta do seu banco de terrenos. Saravalle projeta um dividend yield entre 7% e 8% para 2024, podendo chegar a 9% em 2025.

Notícias