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Milei reitera que Lula é "corrupto e comunista" e diz que presidente é "esquerdista com ego inflado"

28/06/2024 15h44

O presidente argentino redobrou os ataques contra Lula depois que o brasileiro disse que não tinha diálogo com Milei porque "esperava um pedido de desculpas". Agora, Milei não só descarta pedir desculpas como reiterou que Lula é um "corrupto e comunista" que se meteu na campanha eleitoral argentina em 2023.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Se o presidente Lula esperava que o seu colega argentino pedisse desculpas como forma de reatar a sua diplomacia pessoal com a Argentina, essa espera pode continuar indefinidamente.

Javier Milei ratificou tudo o que pensa sobre Lula e ainda redobrou os ataques pejorativos, recordando que Lula fez campanha aberta pelo candidato opositor, Sergio Massa, na campanha eleitoral argentina do ano passado, quando Lula também classificou Milei como um perigo para a democracia.

Milei disse que a postura de Lula parece um comportamento de "pré-adolescente" e que tem "o mesmo mecanismo de Gustavo Petro (presidente da Colômbia) ou de Pedro Sánchez" (primeiro ministro da Espanha)", líderes com os quais Milei teve atritos públicos.

Em entrevista ao portal UOL, Lula disse que até hoje "não conversou com o presidente da Argentina porque acha que ele tem de pedir desculpas ao Brasil e a ele".

"Ele (Milei) falou muita bobagem, só quero que ele peça desculpas", ponderou Lula, em referência ao que Milei disse durante a campanha eleitoral argentina, quando classificou Lula de "corrupto e comunista".

"As coisas que eu disse são certas. Por acaso, Lula não foi preso por corrupto? Por acaso, ele não é comunista? Desde quando é preciso pedir desculpas por dizer a verdade? Ou estamos tão doentes pelo politicamente correto que não podemos dizer nada à esquerda mesmo quando é verdade?", questionou Milei, em entrevista ao canal argentino LN+.

Campanha de Lula contra Milei

Longo de pedir as desculpas que Lula exige como condição para retomar o diálogo com o argentino, Javier Milei recordou que Lula indicou "marketeiros" brasileiros para assessorarem o candidato Sergio Massa, então ministro da Economia. Milei considera que Lula foi parte integrante da "campanha negativa impulsionada a partir do Brasil".

Durante a campanha eleitoral de 2023, Lula chegou a pedir votos a Sergio Massa, advertindo que o voto contrário em Milei representava um risco à democracia.

"É preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeite as instituições, que goste do Mercosul, que goste da América do Sul", disse Lula.

Em repetidas ocasiões, Lula também alertou sobre "o perigo que representava para a democracia a onda de extrema-direita na região".

Milei agora retoma essa interferência. "Isso não foi agressivo? Vão-me pedir desculpas pelas mentiras que disseram? Aqueles que mentiram exigem que eu peça perdão porque disse a verdade?", perguntou-se Milei, para logo redobrar a aposta.

"É preciso posicionar-se acima dessas trivialidades porque os interesses dos argentinos e dos brasileiros são mais importantes do que o ego inflamado de algum 'esquerdistazinho'", retrucou Milei.

Brasil e Argentina formam o eixo da integração regional. O avanço das relações bilaterais depende em boa medida da diplomacia presidencial, inexistente não apenas desde que Milei assumiu o poder em dezembro de 2023, mas também durante o período em que o anterior presidente argentino, Alberto Fernández (2019-2023), conviveu com Jair Bolsonaro (2019-2023), quando os dois também não se falavam por motivos ideológicos.

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