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Líderes europeus aprovam trio para os altos cargos da UE e assinam acordos de segurança com Zelensky

28/06/2024 07h01

Reunidos em Bruxelas para o último Conselho Europeu antes do recesso de verão, chefes de Estado e Governo da União Europeia aprovaram os nomes para os três principais cargos das instituições do bloco. À margem do conselho, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em visita à capital belga, assinou acordos de segurança e pediu para a União Europeia cumprir suas promessas de apoio militar e munições para Kiev.

Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas

Após horas de negociações e apesar da resistência da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, os líderes europeus finalmente aprovaram os nomes para os postos mais importantes da União Europeia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conseguiu garantir sua nomeação para um segundo mandato.

A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, foi confirmada como Alta Representante para a Política Externa do bloco nos próximos cinco anos e o ex-primeiro-ministro português António Costa foi eleito para assumir a presidência do Conselho Europeu. No entanto, as três indicações terão ainda que passar pelo crivo do Parlamento Europeu.

No dia 18 de julho, os 720 deputados recém-eleitos do Legislativo do bloco devem realizar uma votação secreta sobre a nomeação de Von der Leyen. Apesar dos grupos políticos que a apoiam - os democratas cristãos do Partido Popular Europeu, os socialistas e os liberais centristas do Renovar a Europa - serem maioria no Parlamento, com 55% dos assentos, um número expressivo de eurodeputados poderia votar contra a alemã.

Se Ursula Von der Leyen conseguir conquistar o aval do Parlamento Europeu, seu segundo mandato de cinco anos deve fortalecer a sua imagem de presidente da Comissão Europeia com mais poder e influência da história do bloco.

Resistência italiana

Durante a votação sobre quem iria ocupar os cargos-chaves da União Europeia, a ultraconservadora primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, se absteve na indicação de Von der Leyen e votou contra Kallas e Costa. Meloni fez críticas severas ao acordo dos três grupos políticos pró-europeus que bancaram o apoio à candidatura da presidente da Comissão Europeia.

A premiê italiana, cujo partido de extrema direita deu um salto nas eleições para o Parlamento Europeu, reclamou do processo de escolha das nomeações, afirmando ser "errado no método e na substância". Giorgia Meloni, que é presidente do terceiro maior grupo do legislativo da UE, os Conservadores e Reformistas, acusou os líderes dos outros grupos políticos - que apoiaram os candidatos aprovados - de se comportarem como "oligarcas".

Além de Meloni, o premiê húngaro, Viktor Orbán, cujo país assume a presidência rotativa do bloco a partir de segunda-feira, também criticou o partido de Ursula von der Leyen - o PPE - e seus aliados pelo que chamou de "acordo vergonhoso" sobre a divisão dos principais cargos da UE.

Acordos com Kiev

O pacto de segurança, civil e militar entre a União Europeia e Ucrânia, assinado na quinta-feira (27) à margem do Conselho Europeu, segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, "irá consagrar o compromisso de todos os 27 países do bloco em fornecer amplo apoio à Ucrânia, independente de quaisquer mudanças institucionais internas".

Zelensky se referiu às futuras lideranças nas instituições europeias, mas também às mudanças radicais que podem surgir das urnas, como nas eleições legislativas da França. O líder ucraniano disse estar confiante de que o próximo governo francês "continuará apoiando a Ucrânia" e será independente da influência russa, qualquer que seja a sua composição.

Ainda na quinta-feira, dois outros acordos de segurança, com a Lituânia e a Estônia, foram concluídos. Para Zelensky, a iniciativa "é um passo em direção à paz e à prosperidade do continente". 

A Ucrânia já assinou 17 acordos bilaterais de segurança semelhantes, principalmente com os EUA, França, Alemanha, Grã-Bretanha e Japão. A viagem de Zelensky à Bruxelas acontece poucos dias após a abertura das negociações formais de adesão de Kiev ao bloco europeu.

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