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França alerta para alta do número de casos de coqueluche e pede "vigilância" durante Jogos Olímpicos

28/06/2024 15h24

A Santé Publique France, a agência de saúde francesa, alertou nesta sexta-feira (28) para o aumento do número de casos de coqueluche no país, que desde o início do ano já matou 14 crianças e levou à hospitalização outros 80 menores. Mais virulenta do que nos últimos anos, ela afeta particularmente os recém-nascidos, que são mais vulneráveis e têm uma taxa de vacinação mais baixa do que o restante da população.   

A Santé Publique France, a agência de saúde francesa, alertou nesta sexta-feira (28) para o aumento do número de casos de coqueluche no país, que desde o início do ano já matou 14 crianças e levou à hospitalização outros 80 menores. Mais virulenta do que nos últimos anos, ela afeta particularmente os recém-nascidos, que são mais vulneráveis e têm uma taxa de vacinação mais baixa do que o restante da população.   

Em seu relatório, a agência francesa pediu mais "vigilância" antes do início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos" em Paris, especialmente em relação aos pacientes com comorbidades. A coqueluche, segundo o documento, tem ciclos de contaminação a cada três ou cinco anos. Na última década, 2017 foi o ano que registrou o maior número de mortes de menores de 15 anos, com dez óbitos, contra apenas três em 2023, por exemplo.

Os recém-nascidos de menos de dois meses, muito jovens para serem vacinados, são os mais afetados por formas graves, hospitalizações e mortes. Dos 14 óbitos registrados desde janeiro, 13 tinham menos de dois meses de idade e uma criança morreu de insuficiência respiratória logo após contrair a bactéria Bordetella pertussis, que causa a doença. Ela provoca, no início, uma tosse seca prolongada e intensa, que pode vir acompanhada de outros sintomas.

"Vemos entre crianças que ainda não estão vacinadas formas dramáticas de coqueluche, com hospitalizações em terapia intensiva e, às vezes, desfechos fatais", disse à AFP Philippe Sansonetti, professor do Instituto Pasteur. Segundo ele,"não é aceitável ver isso acontecer na França de hoje".

Para proteger as crianças, a Santé Publique France lembra, em seu relatório, que é importante vacinar as mães durante a gravidez, já que o feto "se beneficia da passagem pela placenta de anticorpos contra coqueluche permitindo que a criança fique protegida até que a proteção vacinal individual seja possível".   

Grávidas devem se vacinar

A vacinação de grávidas permite, para crianças com menos de três meses, "dividir por quatro o risco da doença, reduzir pela metade o número de hospitalizações e em 95% o número de mortes relacionadas com a coqueluche", segundo um comunicado divulgado pelo ministério francês da Saúde nesta sexta-feira.   

Em relação aos "clusters", a agência lembra que "a maioria dos casos é intrafamiliar ou ocorre em comunidades (creches, escolas primárias, médias e secundárias). Na maioria das vezes, as pessoas não estão em dia com a vacinação", diz o relatório.

Segundo Sansonetti, há "um problema na hora de tomar o reforço", que é essencial na coqueluche. A nova geração da vacina, diz, é "extremamente bem tolerada, mas não têm a mesma eficácia e duração de proteção" que o imunizante mais antigo, com mais efeitos colaterais, mas que trazia uma resposta imunológica maior.

Bebês correm mais risco

Os bebês podem, de fato, ser contaminados por crianças pouco antes do reforço de seis anos.  A vacinação contra a coqueluche é obrigatória para crianças aos dois, quatro meses e um reforço aos 11 meses.  Além dos reforços aos 6 anos e depois entre os 11 e os 13 anos, também está prevista outra injeção aos 25 anos. 

O ressurgimento da doença afeta toda a Europa: o ECDC (Centro Europeu de Controle de Doenças) já havia registrado mais de 32 mil casos entre 1º de janeiro e 31 de março de 2024, em comparação com 25.130 casos em 2023. No Reino Unido, desde janeiro, 181 bebês com menos de três meses foram diagnosticados com coqueluche e oito morreram.   

Em todo o mundo, há cerca de 40 milhões de casos e 300 mil mortes a cada ano, de acordo com dados citados pela agência francesa.

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