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Questão climática fica em 2° plano na campanha das eleições legislativas na França

27/06/2024 10h27

A imprensa francesa continua a repercutir as eleições para a Assembleia Nacional, cujo primeiro turno, no dia 30 de junho, se aproxima. Nesta quinta-feira (27), dois importantes periódicos, Le Parisien e Le Monde, denunciam que as frentes concorrentes no pleito falam o "mínimo possível sobre o assunto meio ambiente". Fato que pode se repetir em um debate decisivo que será transmitido ao vivo na noite desta quinta no canal France TV 2 a partir das 20h50 de Paris (15h50 de Brasília). 

A imprensa francesa continua a repercutir as eleições para a Assembleia Nacional, cujo primeiro turno, no dia 30 de junho, se aproxima. Nesta quinta-feira (27), dois importantes periódicos, Le Parisien e Le Monde, denunciam que as frentes concorrentes no pleito falam o "mínimo possível sobre o assunto meio ambiente". Fato que pode se repetir em um debate decisivo que será transmitido ao vivo na noite desta quinta no canal France TV 2 a partir das 20h50 de Paris (15h50 de Brasília). 

Diretamente na capa, Le Parisien acusa que "o meio ambiente é a grande questão esquecida na campanha e nos programas" destas eleições legislativas. O jornal afirma que a questão tem sido secundária nos programas da coligação de esquerda Nova Frente Popular e da maioria presidencial (Juntos pela República), mas aponta que é um tema usado como "bode expiatório" pela direita e pelo Reunião Nacional (RN), o partido de extrema direita, que lidera as pesquisas de voto.  

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O diário aponta que, apesar da ausência da preocupação ecológica, até mesmo nas apresentações dos programas de governo realizadas pelos concorrentes perante as organizações de empregadores no início da semana, trata-se de um tema de interesse empresarial também, com questões como: energia verde e diferenciação de tarifas, frotas de automóveis elétricas ou não, e sobretudo, o ritmo de mudança necessário para as empresas cumprirem o Acordo de Paris

Le Parisien relembra que a mesma crítica foi feita sobre os debates de campanha das eleições europeias no começo de junho, ocasião em que "ninguém parecia querer falar mais sobre o meio ambiente a menos que fossem forçados a isso". E exemplifica a urgência da temática citando recentes tragédias com enchentes em territórios franceses e recordando que "o resto do planeta está sendo dominado por ondas de calor recordes". 

Questão climática em segundo plano  

A edição do Le Monde desta quinta-feira destrincha os três projetos "muito diferentes sobre o meio ambiente" defendido nos debates para as legislativas. Segundo o jornal, enquanto o RN promete revogar as normas ecológicas, a esquerda é ambiciosa e a maioria presidencial é cautelosa. 

Os ambientalistas e defensores do clima já haviam se acostumado com a ideia de que a ecologia seria deixada em segundo plano na campanha eleitoral europeia. Ou que, na pior das hipóteses, seria explorada por parte da direita e da extrema direita, afirma o jornal.  

Nos últimos dez dias, os três principais blocos - o Reunião Nacional (RN), a Nova Frente Popular (NFP) e a maioria presidencial - apresentaram os seus programas com três filosofias opostas. As respostas às questões climáticas variam muito em cada programa e vão "desde programas que lhes permitem cumprir o Acordo de Paris até outros que preveem retrocessos reais nos ganhos dos últimos anos", afirma a especialista em políticas europeias Caroline François-Marsal, da Rede de Ação Climática, entrevistada pelo jornal.

Análise do Le Monde para cada projeto 

O partido de extrema direita quer revogar a proibição da venda de novos veículos com motor de combustão interna em 2035, colocar uma moratória nos projetos de energia eólica e tornar a energia nuclear novamente uma prioridade, reduzir o imposto sobre valor agregado (IVA) sobre energia para 5,5%, entre outras medidas. 

Por sua vez, a Nova Frente Popular apresentou um plano alinhado com a maioria das demandas feitas pelas associações no campo da transição ecológica, embora impreciso na sua implementação. Os partidos de esquerda concordaram em aumentar a ajuda para a renovação de edifícios e estruturar os setores de produção de energia renovável da França e da Europa; introduzir o transporte público gratuito direcionado; reduzir o IVA sobre o transporte público para 5,5%; impor moratórias sobre grandes projetos de autoestradas, etc. Um projeto ambicioso, mas de financiamento complicado, que permitiu que o bloco de esquerda recebesse o apoio do Greenpeace, Bloom e outras ONGs. 

Enquanto isso, a maioria presidencial está sem novas ideias, diz Le Monde, "os macronistas estão defendendo o seu histórico, apontando que os gases de efeito estufa caíram 5,8% em 2023".

A publicação lamenta que, devido a essas eleições legislativas, a França já não pode enviar seu plano nacional de energia e clima para a Comissão Europeia antes de 30 de junho, atrasando o projeto e recorda que em 2025, como todos os outros signatários do Acordo de Paris, a França terá que enviar suas estratégias para reduzir os gases de efeito estufa.  

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