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Mulher é presa suspeita de desviar R$ 35 milhões para 'vida de luxo' em MG

do UOL

Do UOL, em São Paulo

27/06/2024 11h42Atualizada em 27/06/2024 17h11

Uma mulher de 40 anos foi presa por suspeita de liderar um esquema que desviou mais de R$ 35 milhões em fraudes de cartões em Minas Gerais.

O que aconteceu

Além de Samira Monti Bacha Rodrigues, considerada mentora do crime, outras 11 pessoas foram detidas. Entre os detidos estavam o pai e a mãe, além de funcionários da mulher. Cinco foram liberados após prestar esclarecimentos à polícia. Prisões foram feitas em Nova Lima, na região metropolitana de BH, durante a 'Operação Dubai', da Polícia Civil de Minas Gerais.

Samira realizava fraudes desde 2020, segundo a polícia. Ela teria aplicado golpes enquanto era sócia de três empresas diferentes, duas no ramo de cartões de crédito e outra de antecipação de recebíveis.

Dinheiro era gasto com artigos de luxo, como carros importados, bolsas e joias. Os valores desviados eram convertidos também em passagens aéreas e criptomoedas, segundo a polícia. Entre os bens recuperados na operação estavam relógios de luxo, bolsas de até R$ 280 mil e joias.

A mulher aumentava os limites dos cartões das empresas, gastava os valores e, em seguida, apagava as dívidas dos sistemas. Segundo a polícia, o prejuízo precisava ser arcado pelo "outro lado" da ponta, os pequenos empresários e estabelecimentos onde os cartões eram passados pelos clientes.

Mulher supostamente se aproveitava de cargo alto para enganar outros sócios e coagir funcionários. O delegado Alex Machado, da delegacia especializada no combate a crimes tributários, afirmou que ela daria um tipo de "vantagem" aos funcionários para acobertarem as fraudes.

Samira é suspeita de ter forjado documentos de empresas para desviar dinheiro - Reprodução de redes sociais - Reprodução de redes sociais
Samira é suspeita de ter forjado documentos de empresas para desviar dinheiro
Imagem: Reprodução de redes sociais
Joias e outros artigos de luxo foram apreendidos na casa de Samira - Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação - Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação
Joias e outros artigos de luxo foram apreendidos na casa de Samira
Imagem: Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação

Lavagem de dinheiro era feita com joias. Somente em uma das viagens de luxo de Samira para Dubai, ela teria gastado cerca de US$ 150 mil (mais de R$ 800 mil) em joias. Além disso, ela teria se aproximado de uma dona de joalheria em Minas Gerais, que foi alvo de mandados de busca e apreensão na operação dessa quarta.

Samira morava em apartamento avaliado em R$ 6 milhões. Ela é considerada influente na "alta sociedade" mineira e teria se aproveitado dessa posição para repassar e vender alguns dos bens adquiridos com o dinheiro desviado.

Defesa. O advogado de Samira informou ao UOL que aguarda o acesso total às informações do processo para se posicionar sobre o assunto.

Nesta tarde, o TJ-MG informou que cinco acusados passaram por audiência de custódia. O juiz acatou ao pedido para que o inquérito esteja em sigilo e estipulou o prazo de 24h para que o MP tenha acesso aos autos e se manifeste sobre a revogação ou manutenção das prisões.

Quando vinha o boleto, o boleto tinha que ser pago. Só que em vez dele ser pago, o que ela fazia? Ela ia lá e apagava a dívida do sistema. A dívida ficava com as empresas, os pequenos empresários, pequenas lojas, onde as pessoas gastavam os cartões.
Delegado Alex Machado

Cronologia dos crimes

Samira teria começado os desvios em uma empresa de cartões de benefício. O negócio funcionava como uma espécie de vale-alimentação para funcionários de empresas parceiras. Ela se tornou sócia na empresa em 2018 porque tinha um vínculo próximo com o dono da instituição, mas os crimes teriam sido cometidos sem conhecimento dele, segundo a polícia.

Valores começaram a escalonar em 2023. Na época, a mulher começou a atuar no ramo de cartões médicos, que também funcionam como uma espécie de "vale", mas com valores bem maiores. Os valores das fraudes chegaram a R$ 500 mil, segundo a polícia.

Clientes procuraram as duas empresas para relatar problemas e mulher "maquiou" planilhas. Segundo o delegado Alex Machado, ela fez a "gestão de crise" alterando dados de planilhas e saldos, e orientando que funcionários não narrassem nenhum problema aos outros sócios das empresas.

Última empresa na qual ela trabalhou antes de ser presa operava valores nas casas dos milhões. Na área de antecipação de recebíveis, Samira teria simulado operações se passando por clientes cobrando valores de outras empresas. O montante, porém, era direcionado diretamente para a conta bancária dela.

Funcionário da terceira empresa descobriu fraudes e contatou os sócios. Os sócios teriam confrontado a mulher, que se comprometeu a devolver os valores e chegou a entregar parte do dinheiro.

Polícia foi procurada e investigação foi instaurada. Depois disso, Samira informou que "era vítima", se negou a colaborar com sócios e disse que procuraria um advogado.

Ela já estava preparando para roubar tudo e ir embora, para sumir com tudo que pudesse, quebrar literalmente as empresas. Por sorte, [o crime] foi descoberto.
Delegado Alex Machado

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