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BC aponta "queda expressiva" da atividade no RS após chuvas, mas vê sinais de retomada

27/06/2024 10h01

BRASÍLIA (Reuters) - Dados analisados pelo Banco Central mostram que há evidências de queda expressiva da atividade no Rio Grande do Sul em maio, após fortes chuvas atingirem o Estado, mas indicadores já permitem observar sinais de retomada que podem contribuir para os dados nacionais, apontou a autarquia nesta quinta-feira.

"Espera-se que os esforços para a reconstrução do RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB (do Brasil) no segundo semestre, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário ocorrido ao longo do último ano", disse a autarquia em seu Relatório Trimestral de Inflação.

De acordo com o BC, no início das chuvas intensas, houve queda de 8,6% no número de empresas de comércio do Rio Grande do Sul que receberam algum pagamento por meio de cartão de débito ou Pix, com recuo menos intenso ao longo de maio e início de junho.

“Nota-se, porém, que na última semana analisada (5 a 11 de junho) a quantidade de empresas que receberam algum pagamento via cartão de débito ou Pix superou a observada no período base, sugerindo retomada relativamente rápida das vendas na maioria dos setores”, afirmou.

O desempenho das vendas mostra também que após priorização de bens básicos em maio, já é possível verificar altas expressivas nos volumes recebidos pelos setores de móveis, eletrodomésticos e material de construção, "indicando que as famílias estão direcionando recursos para readequar suas moradias".

No caso das emissões de notas fiscais pela indústria, foi observada uma retração de quase 30% no início de maio, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Depois, a queda foi reduzida, levando a 12,7% o recuo médio do início de maio a 11 de junho.

Na agricultura, o BC ressaltou que a projeção para a produção de grãos no RS foi revisada para baixo após as enchentes. Mesmo assim, segundo a autarquia, IBGE e Conab ainda projetam crescimento de dois dígitos da produção gaúcha de grãos em 2024, altas de 38,5% e 36,4%, respectivamente.

A autarquia ressaltou que a pecuária do Estado já estava em queda antes das chuvas e mostrou recuo um pouco mais intenso após o desastre.

“Houve perda de rebanhos, destruição de maquinário e estruturas e dificuldades de alimentar os animais durante o período mais crítico. Com isso, é possível que a produção de carnes, ovos e leite ainda seja afetada, ainda que provavelmente em menor intensidade, nos próximos meses”, afirmou.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, segundo o BC, responde por 6,5% do PIB nacional, sendo essa participação maior na agropecuária (12,7%) e na indústria de transformação (8,4%). As áreas mais afetadas pelas chuvas representam 53,3% do PIB gaúcho.

O BC ressaltou que o IBCR (Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central) referente a maio, a ser divulgado em julho, permitirá uma primeira avaliação da queda da economia gaúcha em termos agregados.

(Por Bernardo Caram)

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