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Ao UOL Lula elogia Galípolo e diz que não indica BC para o mercado

do UOL

Do UOL, em Brasília

26/06/2024 10h02

O presidente Lula disse que o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, cotado como futuro presidente da instituição, é altamente preparado, mas que ele ainda não está pensando na sucessão do BC.

O presidente deu entrevista para o UOL News nesta manhã. Lula falou com os colunistas Carla Araújo e Leonardo Sakamoto no Palácio do Planalto.

O que Lula disse

Vai chegar o momento em que vou apresentar um nome, disse Lula. "O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas ainda não estou pensando no BC. Vai chegar o momento em que vou apresentar o nome", disse. A gestão do atual presidente, Roberto Campos Neto, termina este ano.

"Tem que manter a taxa de juros em 10,5%?" Lula diz que respeita a função do BC, mas criticou mais uma vez a taxa básica de juros do país. Na última reunião, o Copom manteve a taxa em 10,5%, interrompendo a trajetória de queda da Selic.

Não venham com chorumelas, porque eu fui presidente por oito anos. O Meirelles tinha total autonomia. Eu preciso respeitar a função do Banco Central. A pergunta que faço é: o BC tem de manter a taxa a 10,5% com inflação a 4%?

Ele disse que não é possível cuidar só da inflação. "O BC leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento? Não é culpa do BC, é da estrutura que foi criada. O cara não pode cuidar só da inflação. O BC tem plano de meta de crescimento? A gente vai avançar para isso?", disse.

Eu não indico presidente do BC para o mercado, indico para o Brasil. E o mercado, seja financeiro, empresarial, produtivo, tem que se adaptar a isso. É preciso ter em mente que o Brasil vá bem, que a inflação esteja bem, que o crescimento vá bem, que o salário vá bem. É esse país de bem, esse país de ganha-ganha, é isso que a gente precisa criar.

O presidente Lula também afirmou que a falta de crédito se deve à alta dos juros.

Eu preciso que os empresários do setor produtivo, da Fiesp, em vez de reclamarem do governo, façam passeata contra a taxa de juros. Porque são eles que estão com dificuldade, não o governo.

O que aconteceu

Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano. De olho no estímulo econômico, o presidente é um dos principais críticos a Roberto Campos Neto, à política de juros altos e à autonomia da instituição.

Campos Neto tem mandato até dezembro deste ano, mas Lula não disfarça a pressa para anunciar o substituto. O economista foi colocado no cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e nunca teve boas relação com Lula.

O anúncio pode ser feito já em agosto. Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e ex-número dois do ministro Fernando Haddad na Fazenda, é um dos principais cotados.

Lula não tem escondido a insatisfação com o BC. Em série de entrevistas na semana passada, disse que as coisas "vão voltar à normalidade" quando Campos Neto deixar o cargo e que ele "tem lado político" pela sua relação com nomes relevantes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Divergência pelos juros

Lula questiona política de juros altos do Banco Central desde que assumiu. A decisão do Copom interrompeu um ciclo de quedas da Selic desde agosto de 2023, quando estava em 13,75%: foram sete reuniões seguidas, com redução de 13,75% para 10,5%.

A ata mostra que decisão do Copom foi unânime. Todos, incluindo os conselheiros indicados por Lula, votaram pela manutenção da taxa.

Lula disse que "foi uma pena". "Quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro", reclamou, em entrevista no dia seguinte ao anúncio. Ele disse ainda que a taxa atual "não tem critério e só atende ao mercado".

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