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"Livre" após acordo com a Justiça americana, Julian Assange segue para Austrália

26/06/2024 06h30

Uma juíza norte-americana declarou nesta quarta-feira (26) que Julian Assange era um "homem livre" após o acordo que pôs fim a uma longa saga jurídica e midiática do fundador do WikiLeaks. Ele foi processado por publicar centenas de milhares de documentos confidenciais dos Estados Unidos. Julian Assange voou imediatamente para Camberra, na Austrália, seu país natal.

"Com esta decisão, parece que você poderá sair deste tribunal como um homem livre", disse a juíza Ramona V. Manglona depois que Assange se declarou culpado no tribunal federal de Saipan, nas ilhas Marianas do Norte. No entanto, ele está proibido de regressar aos Estados Unidos sem autorização.

A audiência começou pouco depois, às 9h no horário local (terça-feira, 18h de Brasília) e Julian Assange, conforme acordado, se declarou culpado de uma acusação relativa à obtenção e divulgação de informações sobre defesa nacional.

Vestido com terno preto e gravata ocre, com o cabelo penteado para trás, o ex-cientista da computação, de 52 anos, está sendo processado por ter publicado centenas de milhares de documentos confidenciais americanos na década de 2010 no WikiLeaks. Em sua aparição, ele foi saudado pelas câmeras e estava acompanhado por Kevin Rudd, ex-primeiro-ministro australiano e atual embaixador em Washington.

Leia tambémAssange enfrentou saga jurídica de quase 14 anos por vazar documentos confidenciais dos EUA

"Eu encorajei minha fonte"

"Encorajei a minha fonte", a ex-analista militar americana Chelsea Manning, na origem deste grande vazamento, "a fornecer material que fosse confidencial", admitiu Julian Assange, cansado, mas visivelmente relaxado, no depoimento.

Assange deixou o Reino Unido na segunda-feira, 24 de junho, onde esteve preso durante cinco anos, para ser julgado perante o tribunal federal americano em Saipan, nas Ilhas Marianas, um pequeno território dos EUA no Pacífico, após ter aceitado o princípio da "uma confissão de culpa". O tribunal das Ilhas Marianas do Norte foi escolhido devido à recusa de Julian Assange em viajar para o continente americano e à proximidade do território com a Austrália, de acordo com um documento judicial.

Após o acordo, Julian Assange foi processado apenas por uma acusação ("conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional"), de acordo com documentos judiciais.

"Prioridade agora é recuperar a saúde"

Julian Assange voou para Camberra, assim que a audiência terminou, em um avião privado. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, elogiou o resultado do caso. "A prioridade agora é que Julian recupere a saúde", "ele está num estado terrível há cinco anos" e deseja "estar em contato com a natureza", sublinhou a sua mulher, Stella Assange.

As Nações Unidas saudaram a libertação, dizendo que o caso gerou "uma série de preocupações em matéria de direitos humanos". "Estou grata pela provação do meu filho finalmente chegar ao fim", disse a sua mãe, Christine Assange, num comunicado divulgado pelos meios de comunicação australianos.

O acordo põe fim a uma saga de quase 14 anos e aconteceu no momento em que a Justiça britânica deveria examinar, nos dias 9 e 10 de julho, um recurso de Assange contra a sua extradição para os Estados Unidos, aprovado pelo governo britânico em junho de 2022.

(Com RFI e AFP)

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