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Assange enfrentou saga jurídica de quase 14 anos por vazar documentos confidenciais dos EUA

25/06/2024 11h29

Liberado nesta segunda-feira (24) após passar cinco anos preso no Reino Unido, o australiano Julian Assange ganhou notoriedade internacional em 2010 após ter vazado mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas americanas, principalmente no Iraque e no Afeganistão. Os documentos foram publicados no site WikiLeaks, fundado por ele.

 

Desde então, Assange passou a ser alvo do governo dos Estados Unidos, enfrentando uma saga jurídica que durou quase 14 anos. O caso poderá ter um fim após um acordo que deve ser selado nesta quarta-feira (26), no qual ele deve se declarar culpado diante do tribunal federal nas Ilhas Marianas, um território dos Estados Unidos no Pacífico.

Entre os documentos vazados em 2010 pelo WikiLeaks está um vídeo que mostra civis, incluindo dois jornalistas da Reuters, mortos por disparos de um helicóptero de combate americano no Iraque, em julho de 2007.

Diante das acusações, o australiano de 52 anos buscou asilo político, em junho de 2012, passando sete anos refugiado na embaixada equatoriana, em Londres. Na época, o Equador decidiu acolhê-lo depois de Assange denunciar um plano dos Estados Unidos para julgá-lo e condená-lo à morte pela publicação dos milhares de documentos secretos.

Em 2019, Assange foi preso pela polícia britânica após o presidente equatoriano, Lenín Moreno, suspender o asilo concedido a ele. O objetivo era evitar sua extradição para a Suécia, onde era acusado de estupro. O caso foi arquivado no mesmo ano.

Desde então, o australiano vinha sendo alvo de tentativas de extradição por parte dos Estados Unidos, ao passo que também aumentaram os apelos para que o presidente norte-americano, Joe Biden, retirasse as acusações contra ele. 

Em janeiro de 2021, a justiça britânica chegou a emitir uma decisão favorável ao fundador do WikiLeaks, citando o risco de suicídio caso fosse extraditado. Mas, em junho de 2022, o governo britânico voltou atrás e aprovou a sua extradição.

Já no início deste ano, a Austrália fez um pedido oficial para a retirada das acusações contra ele e recebeu como resposta um sinal positivo de Biden, aumentando a esperança entre os apoiadores de Assange.

Outra decisão a favor do australiano veio em maio, quando dois juízes britânicos concederam a Julian Assange o direito de recorrer contra a sua extradição.

Agora, em mais um desdobramento que pode pôr um ponto final ao caso, o acordo deve evitar que ele pegue uma pena maior do que a prevista. Com 18 acusações, entre elas a de "conspiração para obter e divulgar informações relacionadas à defesa nacional", teoricamente, ele poderia pegar até 175 anos de prisão de acordo com a Lei de Espionagem.

Entretanto, diante do acordo, a condenação pode cair para 62 meses, tempo já cumprido em prisão preventiva em Londres, o que lhe permitiria retornar à Austrália, seu país natal, em liberdade.

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