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Josias: Com ar lobista, 'Gilmarpalooza' não deveria ser tido como natural

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/06/2024 12h18

A ida de autoridades dos Três Poderes a Lisboa para participarem do Fórum Jurídico não deveria ser vista como algo corriqueiro, dada a natureza lobista do evento, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (24).

O encontro também reúne empresários e é promovido pelo IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), que tem como sócio o ministro do STF (Supremo Tribuna Federal) Gilmar Mendes. O apelido "Gilmarpalloza" é uma alusão ao festival musical Lolapalooza.

O Brasil se espanta cada vez menos. Nessa semana, vai se repetir essa revoada para Lisboa para a discussão, no estrangeiro, de problemas nacionais. O mais espantoso nesse seminário é a ausência de espanto. Ele se realiza como se o espantoso ganhasse no Brasil uma doce e persuasiva naturalidade.

O que mais interessa nesse seminário são as agendas paralelas, muito intensas. Há aí vários problemas, mas as pessoas que participam parecem não os enxergar. O primeiro é a curiosidade de um magistrado que é, ao mesmo tempo, empresário. Esse seminário tem uma aparência acadêmica, mas em torno dele realizam-se encontros de lobby e de empresários que têm outros interesses em Brasília, seja no Judiciário ou no Executivo.

A segunda coisa esquisita é que, em boa medida, as despesas desse encontro são financiadas pelo dinheiro público. Essa atmosfera lobista e negocial, que tem esse invólucro de atividade acadêmica, não deveria ser tratada como algo natural. É espantoso, e isso se repete todos os anos. Josias de Souza, colunista do UOL

Na visão de Josias, os ministros do STF deveriam se questionar sobre a participação em eventos como o de Lisboa, nos quais fica evidente a troca de interesses.

Depois, esses magistrados reclamam porque são hostilizados. Eles deveriam olhar e fazer uma introspecção para verificar se a participação nesses convescotes internacionais serve à causa da Suprema Corte. Acho que não. É farofa demais para um país que acaba de sair de uma ameaça de golpe.

O Supremo teve papel importantíssimo na contenção da tentativa de golpe no Brasil, mas isso não é argumento e nem justificativa para que os ministros se deem a esse tipo de desfrute.

Hoje, não há força capaz de deter a maledicência segundo a qual esses encontros servem a interesses subalternos. Josias de Souza, colunista do UOL

Tales: Protestos indicam desconfiança de que Lira dê golpe em PL do aborto

Os novos protestos contra o PL do aborto registrados neste fim de semana revelam a desconfiança da sociedade brasileira com Arthur Lira e o temor de que o presidente da Câmara tentará aplicar um golpe ao adiar o projeto para o segundo semestre, afirmou o colunista Tales Faria.

Na semana passada, eu disse que Lira havia prestado um grande serviço ao país por ter feito os progressistas voltarem às ruas e protestarem, especialmente as mulheres. Outro grande serviço que está sendo notado agora é que as pessoas desconfiam muito do Lira.

Lira recuou, mas as pessoas não acreditam mais nele, pois sabem que ele pode tentar um golpe, protelando para depois voltar com o projeto quando todos estiverem distraídos. Rapidamente, coloca para votar, como fez com a urgência. Pode fazer isso no final do ano; ele escolherá um momento no qual surpreenderá as pessoas e apresentará o projeto. Tales Faria, colunista do UOL

Análise: Jogo do Tigrinho é parte da migração do crime para o mundo virtual

Os casos de fraude envolvendo o Jogo do Tigrinho são mais uma dimensão da migração do crime para o mundo virtual, afirmou o professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani.

O UOL revelou hoje que uma mulher —beneficiária do Bolsa Família—, que supostamente havia ganhado R$ 94,9 mil apostando no jogo em uma plataforma internacional, teve a conta bloqueada ao tentar sacar o prêmio.

A gente vê uma migração do crime para o meio virtual. O estelionato sempre aconteceu. (...) O que a gente está falando aí é quase como se fosse um golpe do bilhete premiado. (...) Até hoje tem gente que cai no golpe do bilhete premiado. Por quê? Porque no estelionato, na verdade, há duas pessoas tentando ter vantagem. Oferecem uma vantagem pra vítima, que parece ser uma vantagem incrível e ela acha que vai conseguir, e tem um criminoso que se aproveita dela.

No caso específico que estamos falando, é muito mais dramático. Nós estamos falando de uma pessoa que vive com Bolsa Família. E que é claro que quando você vem com uma possibilidade de ter ganhos, uma pessoa que tá numa situação muito delicada economicamente, os olhos vão brilhar, mas você tem que tomar muito cuidado porque esse Jogo do Tigrinho é só mais uma dimensão, digamos assim, dessa migração dos crimes para o mundo virtual.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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