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As cinco grandes questões das eleições legislativas britânicas

24/06/2024 09h02

A campanha para as eleições britânicas, marcadas para 4 de julho, centrou-se em cinco questões que dividem os conservadores, no poder desde 2010, e os trabalhistas, favoritos para vencer as eleições, segundo as pesquisas.

- Imigração -

O primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, fez do controle da imigração uma prioridade do seu governo e uma pedra angular da sua campanha. 

A questão foi crucial para o Partido Conservador, levando em consideração que a ala mais à direita do partido defende medidas mais rígidas neste sentido, em um momento em que o partido de extrema direita Reform UK tenta atrair o eleitorado dos 'tories'.

Descendente de uma família de imigrantes indianos que chegaram ao Reino Unido na década de 1960, Rishi Sunak adotou diversas medidas que visavam reduzir a chegada de pessoas de outros países e prometeu acabar com a chegada de imigrantes irregulares, dos quais a maioria atravessa o Canal da Mancha, que separa França e Inglaterra, em pequenas embarcações. 

A medida de maior impacto que propôs foi a deportação para Ruanda dos solicitantes de asilo que chegaram irregularmente ao Reino Unido. Um projeto que não se concretizou até o momento e que seria relançado no hipotético caso de vitória nas eleições.

O Partido Trabalhista também acredita que a imigração é muito alta e prometeu combater os grupos de contrabando de pessoas.

- Economia -

Os britânicos continuam sofrendo com o aumento do custo de vida que atinge o país desde 2022 e que fez disparar as contas de energia, os preços dos alimentos, as hipotecas e os aluguéis. 

Rishi Sunak orgulha-se de ter reduzido a inflação de 11% para 2%, mas não conseguiu a retomada do crescimento econômico como prometido e o país entrou em recessão no ano passado, embora tenha saído dela no primeiro trimestre de 2024. 

Durante a apresentação do orçamento de março, o governo conservador anunciou novos cortes de impostos, em uma jogada eleitoral.

O Partido Trabalhista, historicamente criticado por sua falta de soluções econômicas, tenta agradar o mundo empresarial, colocando a prudência orçamentária no centro de sua campanha e reduzindo os seus planos de gastos. 

Os trabalhistas acusam o Partido Conservador de ter "destruído" a economia com o orçamento da ex-primeira-ministra Liz Truss para o último trimestre de 2022, o que fez com que as taxas de juros disparassem, afetando a libra.

- Meio ambiente -

Sob o governo conservador, o Reino Unido comprometeu-se a alcançar a neutralidade do carbono até 2050, mas Rishi Sunak provocou a ira dos ambientalistas ao recuar várias vezes ou alterar a estratégia sobre como chegar lá. 

Por exemplo, adiou a proibição da venda de automóveis a gasolina e a diesel de 2030 para 2035 e concedeu inúmeras licenças para a exploração de hidrocarbonetos no Mar do Norte.

O Partido Trabalhista, que promete um "Reino Unido mais verde", também teve que reduzir o seu ambicioso programa de gastos de 28 bilhões de libras (35,8 bilhões de dólares ou 194,7 bilhões de reais na cotação atual) por ano em infraestruturas verdes, depois de ter sido acusado de não poder financiá-lo. 

O Partido Trabalhista afirma que continua empenhado em alcançar a "energia 100% limpa" até 2030. Para isso, quer criar uma nova empresa pública nesse domínio.

- Saúde -

O sistema público de saúde, o NHS, parece agonizar com consultórios médicos e hospitais sobrecarregados e repetidas greves de funcionários que exigem aumentos salariais, após anos de investimento insuficiente.

Acabar com as listas de espera para consultas era a prioridade de Rishi Sunak. Apesar do financiamento significativo, cerca de 7 milhões de pessoas ainda aguardavam no final de dezembro para ter acesso a tratamentos, um número muito acima dos níveis anteriores à pandemia de covid. 

O Partido Trabalhista prometeu desbloquear estas listas de espera se chegar ao poder. Também quer reformar o sistema por acreditar que o financiamento não é o único problema.

- Segurança -

Segundo estatísticas oficiais, a insegurança diminui na Inglaterra e no País de Gales, mas a questão aparece periodicamente como uma das principais preocupações dos eleitores. 

O primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, tenta demonstrar que o problema está controlado com os dados dos governos conservadores sobre o assunto, enquanto o líder trabalhista, Keir Starmer, propõe colocar mais policiais nas ruas, mostrando sua preocupação com um aumento 70% dos ataques com faca desde 2015, números amplamente divulgados na imprensa do país.

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© Agence France-Presse

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