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'Nada justifica', diz delegado sobre caso de motorista que atirou em carro

O empresário Adriano Domingues da Costa foi flagrado atirando contra carro durante briga de trânsito em Boituva (SP) - Reprodução/Brasil Urgente
O empresário Adriano Domingues da Costa foi flagrado atirando contra carro durante briga de trânsito em Boituva (SP) Imagem: Reprodução/Brasil Urgente
do UOL

Do UOL, em São Paulo

19/06/2024 20h32Atualizada em 20/06/2024 10h03

O delegado responsável pelo caso do motorista que foi gravado atirando contra o carro de um casal em Boituva (SP) afirmou que "nada justifica a conduta" do empresário Adriano Domingues da Costa. O homem foi preso nesta quarta-feira (19).

O que aconteceu

Adriano estava cometendo crime apenas por estar com uma arma, disse o delegado ao Brasil Urgente (TV Bandeirantes). Segundo Franco Augusto Ferreira, o empresário cometeu outro crime por usar o armamento para atentar contra a vida do casal, identificado como Gabrielle Gimenez e William Isidoro. O armamento apreendido tem a numeração raspada, com procedência ignorada até o momento e foi submetido à perícia. O empresário não possuía nem porte, tampouco registro da arma, conforme a polícia.

Empresário alegou que casal estaria com arma no carro, mas delegado apontou que isso não aparece nas imagens gravadas pela dupla. Na avaliação de Ferreira, seria "leviano" que a polícia tratasse as vítimas como o autoras do crime. Ele também rebateu a justificativa do preso, de que Gabrielle e William teriam o perseguido na estrada. "Mas não existe, para a polícia, nada que justifique a conduta dele de desembarcar e atentar contra a vida de terceiros."

Delegado diz que a prisão temporária (de 30 dias) de Adriano foi pedida para auxiliar na investigação. A necessidade da mudança para a detenção preventiva (por tempo indeterminado) deve ser analisada na conclusão do inquérito policial, ressaltou.

Ferreira reforça que blindagem no carro de casal é um fator "limitante, mas não é um meio absoluto". O delegado destaca que a blindagem poderia estar vencida e ser rompida com os disparos. Por isso, laudos periciais serão realizados, já que essa tese de que a tentativa de homicídio seria um "crime impossível" em razão da blindagem é defendida por Luiz Carlos Tucho de Souza e Castro, defensor de Adriano. O responsável pelo caso também rebateu o advogado do empresário por dizer "de maneira leviana" que o cliente poderia portar uma arma de fogo em deslocamento por uma área rural ou estrada: "isso para a polícia é crime".

A intenção é clara no vídeo. O dolo de atentar contra a vida das vítimas é nítida. A gente está bem seguro da autoria e materialidade delitiva, inclusive da prática do crime que ele [Adriano] incorreu na conduta.
Delegado Franco Augusto Ferreira

A prisão

Adriano tinha mandado de prisão temporária aberto contra ele. O empresário havia deixado o estado de São Paulo há alguns dias, mas retornou e foi localizado na tarde de hoje.

Carro no qual ele estava foi interceptado pela PM. Policiais pararam o veículo no município de Alumínio, a 90 km de Itapetininga, quando estava a caminho da delegacia, informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Defesa nega detenção. Mesmo com a confirmação oficial da polícia, a defesa de Adriano negou que ele tenha sido detido e afirmou que ele apenas foi "abordado" pela PM. "O que teve é que nós vinhamos e uma viatura também nos parou. Viemos espontaneamente, conforme combinado", disse Luiz Carlos Tucho de Souza e Castro.

Pedido de habeas corpus foi negado. A defesa de Adriano pediu que o decreto de prisão temporária contra ele fosse anulado, mas a Justiça manteve a determinação para prisão.

Advogado de Costa nega que o cliente tenha cometido uma tentativa de homicídio, como registrado pela polícia. "O vidro era blindado e quem é da área sabe que estamos diante de um crime impossível para a finalidade homicida", afirmou Souza e Castro ao UOL no domingo (16).

"Ali não tem santinho, não. Eles quase mataram a minha família. Dois lunáticos", disse o empresário, sem provas. A resposta foi dita a jornalistas que perguntaram se tinha alguma declaração sobre o caso ao chegar na delegacia. Apesar da declaração, Adriano não apresentou provas de que o casal teria tentado matar a família dele antes dos disparos. A fala de Adriano foi veiculada pela Jovem Pan News. A prisão dele foi registrada como captura de procurado na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Itapetininga.

Polícia ouvirá a esposa do suspeito. Também é aguardada a conclusão dos laudos periciais, que estão em elaboração, para análise e conclusão da investigação, informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública).

Briga começou após colisão

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, um casal estava em um veículo quando sofreu uma ultrapassagem de outro carro, momento em que houve uma colisão. O caso ocorreu na altura do quilômetro 110 da Rodovia Castello Branco.

Nas imagens, é possível ver o casal, identificado como Gabrielle Gimenez e William Isidoro, discutindo com o autor dos disparos. No vídeo, o empresário Adriano Domingues da Costa, que dirigia uma caminhonete, grita com o casal sobre o acidente, segurando uma arma, e retorna ao carro. Uma mulher que acompanhava Adriano é questionada se ela era policial e se o empresário estava com a arma dela, e confirma — no entanto, não há nenhuma comprovação de que ela realmente seja uma agente.

Após a discussão inicial, o homem se reaproxima do carro do casal. Ele pede para os ocupantes do veículo abaixarem o vidro da janela e, após negativa do casal, começa a disparar. Ainda segundo a SSP, o para-brisa do carro — que é blindado — e o farol dianteiro foram atingidos pelos tiros.

No momento dos disparos, a vítima estava em contato com a Polícia Militar. É possível ouvir, pela chamada telefônica, que o agente da PM pede que o casal não abaixe o vidro.

Nesta semana, o casal negou que perseguiu Adriano e que estivesse com uma arma no automóvel deles. Gabrielle Gimenez e William Isidoro disseram que a confusão ocorreu após o empresário bater, em alta velocidade, na lateral do carro deles. Gabrielle explicou que ela e o companheiro pediram para o empresário parar no acostamento e ele já "desceu armado e dando coronhadas no carro" deles.

O caso foi registrado como tentativa de homicídio. O boletim de ocorrência foi feito na delegacia de Boituva e as investigações estão a cargo da Polícia Civil na Delegacia de Investigações Gerais de Itapetininga.

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