Quaest: 43% dos deputados desaprovam relação do governo Lula com Congresso
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (22) mostra que quatro em cada dez deputados avaliam negativamente a relação com o governo Lula (PT).
Avaliação da relação do governo Lula com o Congresso
- Negativa: 43%
- Regular: 33%
- Positiva: 22%
- Não sabe ou não respondeu: 2%
Todos os percentuais variaram dentro da margem de erro, na comparação com a primeira rodada da pesquisa, divulgada em agosto de 2023.
O levantamento foi feito com 183 deputados, entrevistados presencialmente e online entre 29 de abril e 20 de maio. A amostra foi definida seguindo a divisão da Câmara por região e o grupo ideológico dos partidos, segundo o instituto.
A margem de erro é 4,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
Deputados acham que governo dá menos atenção a eles do que deveria
Para 64% dos entrevistados, o governo dá menos atenção do que deveria aos parlamentares, ante 27% que consideram que dá a devida atenção.
Apesar de 77% dizerem que já foram recebidos por ministros, só 44% afirmaram que tiveram seus pedidos atendidos. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, foi apontado como o interlocutor mais efetivo no governo (12%), mas 43% dos deputados disseram não ter um ponto de contato específico com o Executivo federal.
Partidos fazem parte do governo, mas deputados não se consideram governistas —49% responderam que seu partido faz parte do governo, mas um percentual menor, de 39%, se considera alinhado com o governo.
Desencontro é observado em votações na Casa. Catorze partidos integram a base do governo, mas nem todos os deputados votam de acordo com a orientação do Executivo. Levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) no ano passado mostrou que o União Brasil, por exemplo, rejeita mais propostas do governo que outras siglas declaradamente oposicionistas.
Novas votações devem colocar capacidade de interlocução do governo à prova. Estão previstas para em breve as votações dos vetos presidenciais e dos projetos de lei que vão regulamentar a reforma tributária.
Lula cobrou publicamente mais articulação de seus ministros. Em evento no mês passado, ele pediu que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), seja mais ágil, e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, troque os livros por conversas com parlamentares.
Seu partido é de governo ou de oposição?
- Governo: 49%
- Oposição: 28%
- Independente: 21%
- Não sabe ou não respondeu: 2%
O sr. ou a sra. se considera de governo ou de oposição?
- Governo: 39%
- Oposição: 34%
- Independente: 26%
- Não sabe ou não respondeu: 1%
Maioria dos deputados desaprova política econômica
55% responderam que a política econômica do país está indo na direção errada, ante 40% que disseram que está na direção certa. 5% disseram não saber ou não responderam.
Caiu o número de parlamentares que acreditam que o governo vai conseguir aprovar sua agenda. Eram 56% que tinham essa opinião em agosto passado, contra 47% agora.
A reforma tributária é o projeto visto com mais chance de aprovação pelos parlamentares (58%), seguida pela regulação de trabalhadores de aplicativos (32%). As propostas vistas como mais improváveis são a do PEC do Quinquênio (17% de aprovação), que aumenta salários de juízes, e a reforma administrativa (13%). Ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), anunciou que a PEC do Quinquênio sairá da pauta para avaliação. Ainda não há previsão para nova análise.
Oito em cada dez deputados acreditam que o governo não vai cumprir a meta de déficit zero neste ano, uma promessas de Haddad. No primeiro trimestre, as contas do governo registraram déficit de R$ 1,5 bilhão.
Há empate técnico na percepção da preocupação do governo com a inflação. 54% dos entrevistados disseram que sim, o governo está preocupado, enquanto 44% disseram que não. Como a margem de erro é de 4,8 pontos percentuais para mais ou para menos, as duas visões estão tecnicamente empatadas.
A inflação acelerou em abril, mas foi menor que a registrada no mesmo mês no ano passado. O IPCA ficou em 0,38% em abril, acumulando 3,69% em 12 meses. Com isso, está dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais e para menos —entre 1,5% e 4,5%, portanto. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
Em sua última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC cortou a taxa básica de juros, a Selic, pela sétima vez seguida. A Selic passou de 10,75% para 10,5% ao ano. A decisão de cortar apenas 0,25 ponto percentual, porém não foi unânime. Diretores indicados pelo governo Lula votaram por um corte maior, de 0,5 ponto percentual. Críticos do governo Lula viram na divergência um sinal de ingerência política no BC.