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Agricultores enchem Bruxelas de tratores durante reunião de ministros da UE

26.fev.24 - Agricultores europeus protestam contra a concorrência de importações baratas e o que consideram ser regras ambientais excessivamente restritivas - JOHN THYS/AFP
26.fev.24 - Agricultores europeus protestam contra a concorrência de importações baratas e o que consideram ser regras ambientais excessivamente restritivas Imagem: JOHN THYS/AFP

Kate Abnett;Philip Blenkinsop;

26/02/2024 08h36Atualizada em 26/02/2024 09h26

Agricultores incendiaram pilhas de pneus em Bruxelas nesta segunda-feira, em um protesto para exigir uma ação da União Europeia em questões que vão desde preços baratos em supermercados até acordos de livre comércio, enquanto os ministros da Agricultura se reuniam para discutir a crise no setor.

A polícia de choque disparou canhões de água para apagar as chamas.

Mais de 100 tratores foram estacionados ao redor da sede das instituições da UE, bloqueando partes de Bruxelas, a uma curta distância da área isolada onde os ministros estavam se reunindo.

Agricultores de toda a Europa vêm protestando há semanas para exigir ação dos legisladores em relação a uma série de pressões que, segundo eles, o setor está sofrendo — de preços baratos nos supermercados a importações de baixo custo que prejudicam os produtores locais e regras ambientais rigorosas da UE.

As queixas locais variam. Mas Morgan Ody, coordenadora-geral da organização agrícola Via Campesina, disse que, para a maioria dos agricultores, "trata-se de renda": "É uma questão de renda".

"Trata-se do fato de sermos pobres e de querermos ter uma vida decente", disse Ody à Reuters.

Ody, uma agricultora da Bretanha, na França, pediu à UE que estabeleça preços mínimos de apoio e saia dos acordos de livre comércio que permitem a importação de produtos estrangeiros mais baratos.

"Não somos contra as políticas climáticas. Mas sabemos que, para fazer a transição, precisamos de preços mais altos para os produtos, porque é mais caro produzir de forma ecológica", disse ela.

Acordos comerciais, acordo verde

Os ministros da Agricultura estavam prontos para debater um novo conjunto de propostas da UE para aliviar a pressão sobre os agricultores, incluindo uma redução nas inspeções agrícolas e a possibilidade de isentar as pequenas fazendas de alguns padrões ambientais.

"Os agricultores precisam ser pagos pelo que fazem... Há aspectos do Acordo Verde exigidos dos agricultores que não são remunerados. Esse é o cerne do problema", disse o ministro da Agricultura da Bélgica, David Clarinval, ao chegar à reunião, referindo-se às exigências ambientais da UE.

Em resposta a semanas de protestos de agricultores indignados, a UE já enfraqueceu algumas partes de suas principais políticas ambientais do Acordo Verde, eliminando uma meta de redução das emissões agrícolas de seu roteiro climático para 2040.

A UE também retirou uma lei para restringir o uso de pesticidas e adiou uma meta para que os agricultores deixem algumas terras em pousio para melhorar a biodiversidade.

"Precisamos mudar muita coisa na PAC, porque esse Acordo Verde e as metas verdes que temos são quase impossíveis de alcançar", disse o ministro da Agricultura da Letônia, Armands Krauze, referindo-se à política agrícola comum (PAC) da UE.

O ministro da Agricultura da França, Marc Fesneau, acrescentou: "Não estou dizendo que não podemos fazer a transição (verde), mas é preciso levar em conta a realidade local".

As exigências dos agricultores também incluem o fim dos acordos de livre comércio, que, segundo eles, levaram a importações mais baratas de países onde os produtores enfrentam padrões ambientais menos rigorosos do que os da UE.

Um palco montado no local do protesto nesta segunda-feira foi coberto com um cartaz que dizia "pare o UE Mercosul" — uma referência às negociações para concluir um acordo comercial com o bloco sul-americano formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

*Reportagem adicional de Yves Herman e Christian Levaux

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