Pancada na cabeça: o que fazer, quando se preocupar e quais sinais observar
Uma pancada na cabeça é sempre sinal de preocupação. Tanto no caso uma batida leve, quanto de um acidente mais pesado como, as consequências podem ir de uma simples dor de cabeça a questões mais graves.
O que uma pancada na cabeça pode causar?
Concussão cerebral: um tipo de trauma cranioencefálico que engloba sintomas como dor de cabeça, dificuldade de concentração, sensibilidade a barulhos, tonturas, insônia, dificuldades visuais, que se resolvem em dias a semanas;
Hematomas intra ou extracerebrais: sangramentos que podem ocorrer entre as membranas cerebrais ou externamente na cabeça;
Fratura do crânio: quebra nos ossos que formam a estrutura protetora da cabeça, que podem variar em gravidade, desde pequenas rachaduras até fraturas mais graves, que podem causar danos ao cérebro e outras estruturas;
Traumatismo cranioencefálico grave: pode gerar perda de consciência, confusão mental, problemas graves de memória, alterações de humor e de personalidade, crise convulsiva, paralisia de braços e pernas, dificuldade de fala.
Quais sinais observar após uma batida na cabeça?
Desmaiar já é um sinal de que uma busca imediata por socorro é necessária. O primeiro ponto importante a perceber quando uma pessoa leva uma pancada na cabeça é se ela está ou não consciente.
Caso a pessoa esteja acordada, é importante estar atento a sinais como:
- Desorientação ou confusão mental;
- Náuseas e vômitos;
- Persistência da tontura;
- Dor de cabeça que persista de forma intensa ou que aumente de forma progressiva;
- Qualquer sintoma neurológico súbito como perda de força, formigamento;
- Alterações da visão como visão turva, dupla, alteração do campo visual, cegueira;
- Dificuldades na fala, fala estranha ou dificuldade de compreensão;
- Crise convulsiva;
- Incoordenação motora, desequilíbrio ou "andar diferente";
- Saída persistente de líquido claro ou sanguinolento pelo nariz ou pela orelha.
O que fazer após uma pancada na cabeça?
Quando a pessoa está desacordada, o mais importante é buscar ajuda imediata e evitar movimentá-la. Como há risco de lesão não só cerebral, mas também da coluna cervical, o ideal é evitar, principalmente, mexer em seu pescoço. Tente deixar a pessoa em uma superfície plana, com as costas bem apoiadas.
Se a pessoa estiver acordada, é ainda assim importante testar seu nível de consciência: converse com ela, fazendo aquelas perguntas básicas como o nome, idade, em que mês e ano estamos e que local é aquele. Vale também observar se a pessoa consegue abrir e fechar os olhos e movimentar seus braços e pernas a comandos simples.
É possível ir para casa se ela responder a tudo certo, conseguir movimentar-se de acordo com os comandos e não apresentar os sinais que elencamos no tópico acima, mas sempre observando se os sintomas não aparecerão mais tarde. Se surgirem, é importante buscar ajuda médica imediata.
Não posso deixar a pessoa dormir após uma pancada na cabeça?
Esta crença está relacionada a conseguir ou não monitorar essa pessoa: ao dormir, não é possível saber se algum sintoma novo se manifestou.
Mais fácil do que ficar acordando a pessoa frequentemente, é pedir para que ela não durma nas próximas horas.
Como tratar e o que esperar da consulta médica
Caso você sinta que deve buscar ajuda, será atendido por um médico neurologista, que começará questionando sobre a forma como a pancada ocorreu (onde a cabeça foi atingida, com qual objetivo e que força) e os sintomas ocorridos imediatamente após e nos minutos e horas subsequentes.
Se necessário, ele pode pedir exames para entender o estado dos ossos do crânio e do cérebro, como raio-X, ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Se a lesão for simples, podem ser indicados apenas remédios para os sintomas, como analgésicos, anti-inflamatórios e antieméticos (remédios para enjôo). Em caso de lesões, podem ser indicados outros tratamentos, que vão depender do quadro apresentado.
Quais as possíveis sequelas de não tratar uma pancada na cabeça?
A maioria das pancadas não causa problemas mais sérios. No entanto, se ela ocasionar consequências mais graves e o paciente decidir ignorá-la, pode gerar sequelas neurológicas definitivas e até mesmo a morte cerebral.
Quem está mais vulnerável às pancadas na cabeça?
- Idosos: especialmente aqueles que têm algum problema na coagulação sanguínea ou que usam medicações devem ter cuidados maiores em sua observação;
- Crianças: além de não conseguirem relatar bem seus sintomas, possuem estruturas ósseas mais frágeis, já que ainda estão em desenvolvimento;
- Pessoas que tomam medicamentos que afinam o sangue: já que estão mais propensas a formação de hemorragias e hematomas.
Nesses casos, é importante buscar atendimento médico urgente e estar bastante atento aos sinais já citados.
Fontes: Feres Chaddad, professor e chefe da Disciplina de Neurologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e chefe da neurocirurgia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Marcos Lange, neurologista do CHC-UFPR/Ebserh (Complexo Hospitalar das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) e coordenador da pós-graduação em neurossonologia do Cetrus (SP); e Samir Magalhães, neurologista e chefe da Divisão Médica do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (Universidade Federal do Ceará).