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Ano é 1445, com 10 dias a menos: por que calendário islâmico é diferente?

Menina muçulmana síria reza antes de comer sua refeição no mês do Ramadã; calendário islâmico é diferente do gregoriano - REUTERS/Khaled al-Hariri
Menina muçulmana síria reza antes de comer sua refeição no mês do Ramadã; calendário islâmico é diferente do gregoriano Imagem: REUTERS/Khaled al-Hariri
do UOL

Do UOL, em São Paulo

17/01/2024 04h00Atualizada em 17/01/2024 11h38

Já estamos na metade do primeiro mês de 2024, mas no calendário islâmico a contagem do tempo é bem diferente.

Como é o calendário islâmico?

O ano atual no calendário islâmico é 1445 e o "1º de janeiro" é apenas na noite de 7 de julho, com um ciclo de dez dias a menos que os 365 do calendário gregoriano.

O calendário muçulmano não tem como "marco zero" o nascimento de Jesus e sim 16 de julho de 622. Este é o dia em que o profeta Muhammad —ou Maomé— migrou de Meca para onde hoje fica Medina, na Arábia Saudita. Essa fuga, conhecida como Hégira, representou um marco histórico para o que era, até então, um "pequeno grupo de religiosos" que seguia o profeta, segundo Sheikh Ali Momade, membro da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil).

Ela [a fuga] representou o avanço e expansão da religião na península arábica, e os muçulmanos registraram esse episódio de migração como uma data que deveria ser lembrada na história do Islã.
Sheik Ali Momade

Califa Omar, o segundo sucessor do profeta após sua morte, foi quem decidiu que o calendário da migração era o que deveria ser seguido pelo Estado que se criava naquela época, 17 anos depois da viagem de Muhammad.

Contagem de dias tem 'referência' diferente: a lua

O ano segundo o calendário islâmico também tem 12 meses, mas eles têm apenas 29 ou 30 dias, o que faz com que o ano, no total, tenha sempre 10 ou 11 dias a menos que o do calendário gregoriano.

Isso acontece porque os muçulmanos contam os meses e dias a partir da lua, e não do sol, como os católicos.

O dia começa com o pôr do sol e termina antes do pôr do sol. O mês é contado pela progressão da lua. A lua cheia marca a metade de um mês, que no total tem sempre 29 ou 30 dias
Sheikh Ali Momade

Essa diferença na contagem dos meses também causa uma variação nos dias sagrados para os muçulmanos, como o Ramadã —sempre no nono mês do calendário islâmico, em que os religiosos jejuam e buscam se conectar com Deus. Em 2023, ele aconteceu entre 22 de março e 21 de abril. Já em 2024, vai acontecer entre 10 de março e 8 de abril —sujeito ainda a pequenas variações, a depender da lua.

Essa forma de ver o tempo precede a existência do Islã. Os árabes e judeus já a usavam para estabelecer os dias do mês, eles sempre seguiram esse calendário. E o gregoriano veio muito depois com a ascensão da Igreja Católica.
Sheikh Ali Momade

Oficialmente, países com governos muçulmanos também seguem o calendário cristão, mas muitos não se desconectam totalmente do lunar, segundo o religioso. "Em documentos oficiais você vai perceber a indicação de duas datas. Diferentes, mas que falam sobre o mesmo período, uma para o gregoriano outro para o árabe-islâmico."

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