Casamento sem beijo: como mulher de Marcola virou a primeira-dama do PCC
Cynthia Gigliolli Herbas Camacho, 55, é mulher de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o principal líder do PCC (Primeiro Comando da Capital). Considerada discreta, ela voltou ao noticiário nos últimos dias após dizer que o marido passa fome na Penitenciária Federal de Brasília, onde cumpre pena.
Cynthia é a segunda mulher com quem Marcola se casou. Eles oficializaram a união em 2007, após sete anos de namoro. A cerimônia ocorreu no Presídio de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, em São Paulo. Depois do "sim" entre os noivos, ela se tornou a "primeira-dama do PCC". O casal tem três filhos.
Casamento sem beijo
Como a celebração do casamento entre Cynthia e Marcola ocorreu em um presídio de segurança máxima, eles tiveram que se submeter ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), no qual são proibidas visitas íntimas e toques entre visitantes e presos.
Na ocasião, eles não puderam dar as mãos, informou uma reportagem publicada em 4 de janeiro de 2007 pelo Estadão. Teriam apenas trocado olhares entre vidros. O "sim" se deu por meio do interfone instalado no parlatório.
A celebração foi simples e ocorreu às 10h30 daquele dia. Cynthia chegou meia hora antes e saiu meia hora depois, acompanhada de duas pessoas. A cerimônia foi oficial, pois contou com juiz de paz e teve proclama de casamento publicada 15 dias antes.
Alvo de operação
Ao se casar com Marcola, Cynthia virou alvo de investigação do MPSP (Ministério Público de São Paulo).
Uma operação contra ela aconteceu em 2020. Cynthia e os pais dela, Marivaldo da Silva Sobrinho e Maria do Carmo Giglioli da Silva, foram investigados pela Polícia Civil por suposta lavagem de dinheiro na compra subfaturada de uma mansão de R$ 1,1 milhão em Alphaville, na Grande São Paulo. Segundo os investigadores, o imóvel vale R$ 3 milhões.
Cynthia teve o bloqueio de R$ 479.756,37 das contas de um salão de beleza em seu nome após suspeita de lavagem de dinheiro. Verificou-se que a movimentação era incompatível com o faturamento da empresa, apontou denúncia do MPSP aceita pela Justiça de São Paulo.
Em nota ao UOL, a defesa de Cynthia afirmou que ela "não praticou crime algum, mas é insistentemente envolvida em investigações exclusivamente em razão de seu casamento". "Trata-se de mulher trabalhadora que sustenta sua família com seu próprio trabalho."
Os advogados informaram que Cynthia ainda não foi julgada no processo relacionado ao imóvel adquirido pelos pais dela e ratificam que ela "não tem relação com a compra".
Falsas notícias
A relação que mantém com Marcola já colocou Cynthia como o centro de notícias falsas. Após as eleições de 2022, circulou informação mentirosa de que ela ocuparia um cargo no governo do Presidente Lula (PT). Na verdade, o advogado dela é quem gostaria de ocupar algum cargo. A mulher de Marcola nunca chegou a ser cogitada para qualquer função.
Já neste ano, um vídeo de uma mulher assassinada em um estabelecimento em Honduras circulou nas redes sociais como se a vítima tivesse sido Cynthia Camacho. A pessoa que aparece morta nas imagens era, na verdade, Erika Yulissa Bandy García, esposa do traficante hondurenho Magdaleno Meza.
Assalto frustrado e fotos na prisão
Conversas entre Cynthia e Marcola no parlatório se tornaram públicas em 2022. No diálogo revelado pela TV Globo, ela conta que foi assaltada, mas teve os pertences devolvidos depois de ser reconhecida como mulher do chefão do PCC.
Cynthia: Roubaram o celular e transferiram dinheiro.
Marcola: Foi aonde isso aí?
Cynthia: Na Marginal. Via expressa. Era trânsito, parou. Tomei um susto tão grande, demorei uns segundos pra voltar ao normal. Aí devolveram porque viram meu nome. Que era seu nome. Cynthia Willians Herbas Camacho. Mandaram entregar lá no salão. Devolveram o celular e o dinheiro do Pix.
Marcola: P***. Eu não acredito. Mas você sabe que ali, exatamente na Marginal, tem... Eu sou muito conhecido.
Em outro diálogo, dessa vez relevado pela Jovem Pan, Marcola cobra que Cynthia deixou de mandar cartas e mandar fotos "bonitas" para ele. A esposa respondeu que havia enviado, mas suspeitava que os escritos estavam na censura do presídio.
Marcola: Você mandou?
Cynthia: Mandei, lógico. Então está parado na censura. Eu não escrevo mais nem putaria porque não entra. Pode ser que tenha sido bloqueada [a carta e as fotos].