Biden acena para história de Camp David ao receber premiê japonês e presidente sul-coreano
Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, colocará Camp David no centro das atenções internacionais na sexta-feira, quando receberá os líderes do Japão e da Coreia do Sul, um retorno à glória para um retiro nas montanhas que se tornou indelével na história diplomática.
Biden escolheu o reduto nas colinas do Estado de Maryland para a primeira cúpula EUA-Japão-Coreia do Sul devido ao costume de Camp David ser usado para simbolizar uma amizade recém-descoberta ou conquistada com dificuldade, disse uma autoridade do governo.
"Certamente, no caso desta cúpula, imaginamos Camp David marcando um novo começo para todos nós como parceiros trilaterais entre os EUA, Coreia do Sul e Japão. Portanto, achamos que o simbolismo é pesado aqui e realmente não pode ser exagerado", disse a autoridade.
Espera-se que Biden, o premiê japonês, Fumio Kishida, e o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, se encontrem no histórico Laurel Lodge e que o almoço de trabalho aconteça na Cabine do presidente, Aspen Lodge. Se o tempo estiver bom, uma coletiva de imprensa acontecerá pela tarde ao ar livre no ambiente arborizado.
Construído pela Works Progress Administration, o programa de infraestrutura criado pelo presidente Franklin Roosevelt durante a Grande Depressão, o retiro já recebeu uma série de encontros internacionais.
O mais famoso foi a reunião em que o presidente Jimmy Carter intermediou os acordos de Camp David em 1978 entre o presidente egípcio Anwar al-Sadat e o primeiro-ministro israelense Menachem Begin.
O primeiro líder estrangeiro a visitar Camp David, então conhecido como "Shangri-La", foi o premiê britânico Winston Churchill, que estava no local para discussões sobre a Segunda Guerra Mundial com Roosevelt. Fotos de arquivo dos EUA os mostram perto de um riacho, com Roosevelt segurando uma vara de pescar e Churchill um charuto.
Desde então, um desfile de líderes estrangeiros foi convidado para o complexo de 180 hectares nas montanhas Catoctin, no oeste de Maryland. O primeiro-ministro soviético Nikita Krushchev visitou o presidente Dwight Eisenhower lá em 1959, alguns anos antes da crise dos mísseis cubanos de 1962 levar as tensões da Guerra Fria ao máximo.
Em 2000, o presidente Bill Clinton usou Camp David para tentar encurralar o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o presidente palestino Yasser Arafat em um acordo de paz, mas terminou falhando em seus esforços.
Camp David também é um lugar onde os presidentes descansam dos rigores do cargo e escapam dos limites da Casa Branca, a mansão executiva repleta de antiguidades que Harry Truman costumava chamar de "a Grande Prisão Branca".
O presidente Ronald Reagan visitou Camp David 189 vezes ao longo de oito anos no cargo. O presidente Donald Trump, por outro lado, preferia seus próprios resorts de golfe e só foi ao retiro 15 vezes em seus quatro anos de mandato.
Eisenhower, que batizou Camp David em homenagem a seu pai e neto, grelhava bifes para familiares e amigos. Certa vez, George W. Bush recebeu o líder russo Vladimir Putin no retiro.